domingo, 1 de janeiro de 2012

ONDE ESTAVAS TU, SENHOR?

(RÔ CAMPOS)

Nenhuma folha cai
Nenhuma
Qualquer folha que caia
Qualquer
Nenhuma folha cai
Nenhuma
Qualquer folha que caia
Cai
(Dizem, dizem
Repetem como um mantra)
Sem que Ele permita.

Mas o papa perguntou
Ao chegar em Auschwitz
Sobibor, algo assim...
- Onde tu estavas, Senhor?
Madre Tereza de Calcutá
Também duvidou
E fico eu a indagar:
Onde estavas Tu, Senhor
Quando aquele monstro
Estuprador
Tomou aquela criança
(Cinco aninhos!)
Abusou
Matou?

Onde estavas Tu, Senhor
Que os gritos dela ninguém ouviu
Que os gemidos dela não se escutou
Que ninguém passou por perto
Que ninguém a salvou
Das mãos daquele monstro
Perverso
Doente
Estuprador?

Onde estavas Tu, Senhor?

(Hora de voltar à realidade. Há uma semana, 10 dias, algo assim, aconteceu esse episório chocante com uma criança (dizem os jornais, de 5 anos de idade; meu sobrinho, que mora no mesmo bairro, afirma que a criança tinha apenas 2 aninhos). Um monstro a levou, sem que ninguém visse. No dia seguinte, ou 2 dias depois, seu corpinho foi encontrado. Havia sinais de que ela tinha sido abusada e cruelmente assassinada. Queria escrever sobre isso, quando, de repente, Diego, 24 anos, um campeão, que eu vi nascer, cheio de sonhos, é brutalmente assassinado à frente de sua casa, um dia após o Natal. Tudo misturou-se em minha mente. Agora, que acordo e me ponho a refletir sobre a vida, e sobre a capacidade das pessoas infelizes semearem a discórdia (o quê aconteceu ontem na casa de minha mãe, por conta de um espírito rude de uma irmã nossa, e que, contrariando a Ciência, parece que involui), um quê de melancolia me atravessa a alma e me faz escrever, escrever, escrever, e perguntar, como o próprio papa atual o fez quando chegou a um campo de concentração nazista, sobre onde estava Deus, já que tudo aquilo aconteceu. Madre Tereza de Calcutá, ela, doce a não mais poder, que o amor espalhou pela terra, várias vezes chegou a duvidar. Uma prova de que a certeza não é deste mundo. Duvide sempre de quem tem certeza. Sábio é duvidar, perscrutar, indagar, buscar...e, ainda assim, amar, sobretudo).

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