terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ISSO NÃO É VIVER, NÃO


(RÔ Campos)

Às vezes parece estranho
Outras vezes, insano
Viver a vida sem paixão...
Isso não é viver, não.

O poetinha jurou sem crer
E o seu viver o confirmou
"Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não".

Às vezes parece estranho
Outras tantas, insano
Viver sem desenganos
Isso não é viver, não.

A CHUVA


(RÔ Campos)

Quando a chuva cai
Lava os olhos
Leva as lágrimas
E o sol não sai.

Quando a chuva cai
Lava a alma
Leva os olhos
Não choro mais.

Quando a chuva cai
Lava as nuvens
Leva queixumes
Deixa meus ais.

Quando cai a chuva
A chuva cava
Deixando crateras
Na veia cava
Do meu coração.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

COMENTÁRIOS A RESPEITO DO AMOR


(RÔ Campos)

Um amigo falou ao outro: Você está apaixonado. Ele respondeu: Mas eu vivo apaixonado. Eu, num aparte, lhe disse: Mas você só amou duas vezes. É, duas vezes...e calou.
Que pena! Pensei, mas nada disse. Eu, que tantas vezes amei. Que perdi a conta dos amores vividos, dos amores figurados, inventados. Porque valem todas as penas viver as delícias do amor, que às vezes morre feliz, outras vezes, cresce na dor.
Porque, eu sei, sempre vale a pena, se o amor, ainda que ferido, bandido, se o amor ...nunca a alma te apequena.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"

(RÔ Campos)

Hoje arrumei minhas gavetas, o quarto, meus discos, meus livros. Deparei-me com algumas coisas tuas. Apertei-a com as mãos, levei-as ao encontro do meu peito, ainda senti o teu cheiro, apesar do tempo, esse que às vezes é amigo, companheiro, outras vezes tantas zombeteiro.
Guardei as tuas coisas cuidadosamente, junto com aqueles grampos com os quais desenhaste corações e puseste o meu nome e também o nome teu. E o primeiro grampo trampado, no dia em que te conheci, era setembro, 30 - esse também eu guardei. Reuni tudo numa sacola e guardei-a no fundo de uma de minhas gavetas, no armário do meu quarto, para que o alcance de minha visão seja dificultado. É melhor assim. A mim já me basta o que os olhos da minha alma vislumbram, com a tua ausência, com o teu silêncio, e o meu coração sempre tão fértil, nessas horas torna-se um deserto.
Já faz algum tempo, confesso-te, rasguei as tuas fotos, rasguei as nossas fotos, joguei tudo fora. Mas não se joga fora o que criou raiz no território do coração, dia cheio de luz e tão ensolarado, agora frio.
E o tempo vai-se embora, às vezes lento, outras vezes, veloz. Há dias tão conturbados em minha vida, tão assoberbados, que, juro, não me lembro de ti. Mas outros dias há em que entras e te instalas, sentas na cadeira da sala, como se fosses um ilustre convidado,e eu fico a te olhar...Não consigo te arrancar dos meus pensamentos.
Quantas vezes pensei em te buscar...Perdi a conta. Não sei por onde andas, o que fazes, se és feliz ou triste, ou se existe alguém a afagar teus cabelos e a embalar teus sonhos de eterno menino, esses sonhos que te roubaram na infância, que também te foi roubada de forma violenta e torpe.
Como foram infames aqueles que te furaram os olhos da alma! Punham-te de cabeça para baixo e te machucavam, jogando tua cabeça de encontro a parede, como se fosses um fantoche, um brinquedo, algo inanimado, que não sabe o que é a dor.
Outras vezes - Oh, Deus, quanta maldade! -, foi tua irmã quem me disse: ela, impaciente e também má, te punha de castigo no quintal, despido, de frente para o sol causticante. Quando de lá saías, tua face estava em brasa, quase em carne viva. Não havia ninguém a olhar por ti. Amor, isso ninguém também sabia. Até o sol que nos dá vida foi teu carrasco. E assim foram os anos de tua infância e de tua adolescência, até que aos 17 resolveste ganhar o mundo com um skate debaixo dos braços e a roupa do corpo. Nada mais. O resto eu não preciso te contar...
Lembro-me que a tua nova casa não tinha teto, nem portas nem janelas, mas tinhas tanta coisa dentro de ti. Apesar de tudo, ainda amavas a vida, a arte e a música, e tinhas um sorriso lindo... E eras bom de coração. E invocavas a Deus, sempre e sempre.
E no dia em que tu partiste, desde então o sol nunca mais saiu.
Eu sempre via a nossa estrela, quando a procurava no céu, ali, distante, sozinha...Mas nunca mais também a vi. Ela se escondeu de mim.
E no dia em que tu partiste, desde então o sol nunca mais saiu. E desde então o frio nunca mais se foi. Desde o dia em que tu partiste...

CICLOS DA VIDA


(RÔ Campos)

Acabei de ligar meu NB, entro no Facebook e deparo-me com uma mensagem de minha amiga Augusta, mãe de meus primos segundo, netos de minha tia Helena Campos, avisando-me que tia Helena já não está entre nós. Minha vozinha Zulmira da Cunha Campos teve 7 filhos, sendo 3 mulheres e 4 homens. O primeiro a nos deixar, na plenitude da vida, foi o tio Chico, vitimado por um infarto fulminante, à noitinha, quando acabava de chegar do trabalho e brincava, sem nem mesmo haver se trocado, de bola com seu filho, no quintal de casa. Tio Chico teve uns seis filhos. Estão todos vivos.
Depois de tio Chico chegou a vez de meu pai, Frutuoso Campos, descansar, literalmente falando, porque meu querido velho foi acometido de tanta doença severa nesta vida, que, por conta de tanto remédio que tomou, faleceu de cirrose hepática medicamentosa, sem, é claro, jamais haver colocado um pingo de álcool na boca. Papai teve 10 filhos. Todos vivos.
Após papai foi-se meu tio Djalma Campos, o caçula dos homens, e o mais bonito, fisicamente falando, de todos eles. Tio Djalma teve uns 8 filhos, além dos adotados, num total aproximado de 12. Todos vivos.
Aí, então, partiu tia Zizi (Tereza Campos), aquela que me ensinou, na infância, a fazer crochê. Tia Zizi e tia Helena eram inseparáveis, unha e carne. Lindas, todas duas. Tia Zizi teve apenas dois filhos, que estão vivos.
Agora, partiu tia Helena, mãe de filhos incríveis, inclusive do meu primo querido, Enilson Campos, também advogado. Tia Helena teve 7 filhos, 4 homens e 3 mulheres. Minhas memórias estão, neste momento, na infância, a passear pelos corredores de sua antiga casa na Av. Ayrão, próxima à Silva Ramos, aonde íamos muitas vezes nos finais de semana. Ainda estão conosco, neste plano, tio José Campos, espírita de mão cheia (um dos fundadores da Fundação Allan Kardec, em Manaus), de uma bondade desconcertante, e que também teve muitos filhos (acredito que em torno de 14, dois falecidos), e tia Djanira Campos, com quem eu mais pareço, penso eu.
E, assim, tudo vai se cumprindo. São ciclos que vão se fechando. Vidas que vêm. Vidas que vão. Amores que chegam. Amores que partem. Luzes que se acendem. Luzes que se apagam. E a vida? Ah, a vida continua, tudo como se fosse um segundo.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

CONCERTEZA ISSO NÃO TEM NADA HAVER COM AGENTE


(RÔ Campos)

É deplorável quando professores de literatura e da língua portuguesa se danam a cometer erros tão crassos de português no Facebook. Dá uma ideia da situação precária que se instalou nessa capitania hereditária que se chama Brasil.
Tão deplorável quanto é a gente se deparar com uma postagem aqui no Face apontando e criticando determinados erros de português dos outros e a própria postagem conter esses mesmos erros. Dá vontade de escancarar, mas, enfim...Eu não sou formada em Letras, então, é claro, não sou expert no assunto, mas tento ao menos não cometer erros os mais comezinhos. Às vezes penso que estou desaprendendo, e fico batendo a cabeça na hora de usar o te ou o ti, o verbo dar, por exemplo, no presente do indicativo ou no infinitivo, e por aí vai, porém, provavelmente jamais cometerei erros tão absurdos (a não ser de digitação) quanto escrever concerteza, agente (quando me referir "a nós"), mas, ao invés de mais, e vice-versa, aja (do verbo agir), ao invés de haja (do verbo haver), excessão, tenhe, ezalar (já vi essa palavra até em poesia de uma pessoa formada em jornalismo), assistir a tv, o filme, no lugar de assistir à tv, ao filme, usar o artigo definido feminino "a", no lugar do "há" (do verbo haver), quando me referir ao tempo passado (há minutos, há horas, há dias, há anos) e vice-versa ("daqui há pouco" ao invés de "daqui a pouco") etc.etc.etc. Costumo ter cuidado com o que escrevo, zelo com a nossa língua, e só o faço com o pai dos burros ao meu alcance, mas, às vezes, alguma coisa passa sem que você se dê conta, principalmente em razão da correria diária, e, especificamente quanto à conjugação e tempos de verbos, isso não se acha no pai dos burros. Assim também provavelmente deve acontecer, por exemplo, com jornalistas. Sempre detecto muitos erros no jornal A Crítica (refiro-me especificamente a ele porque é o único que leio, do qual sou assinante). Às vezes, alguns são apenas de digitação, como já vi em artigos do Marcio Souza e do Tenório Teles, o que é absolutamente inadmissível, e que deve tê-los deixado de cabelos em pé. Outro dia, o jornal estampou ,abaixo do título da matéria, a palavra "má versação", quando o correto é malversação (mau emprego ou desvio de dinheiro, especialmente público). Nesses casos, observo como faz falta a figura do revisor. Penso até que o jornal pode tornar-se uma excelente ferramenta nas escolas, para estudos da nossa língua, com base em seus próprios erros. As matérias, notas e artigos publicados seriam lidos pelos alunos, aos quais caberia apontar os erros encontrados, o que seria analisado e estudado em seguida, num amplo debate entre a turma e o professor. Mas isso seria uma vergonha, não? Então, o melhor mesmo é a empresa jornalística tratar de ressuscitar a figura do revisor, e entregar aos seus clientes um jornal que demonstre zelo com o vernáculo. Nisso, a revista VEJA é um primor

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O CONCRETO E O ABSTRATO


(RÔ Campos)

Há dias e há noites. Às vezes tudo parece igual.
Há dias que parecem noites. Noites sem luz.
Há pessoas tão verdadeiramente lindas.
Há pessoas que parecem lindas, e são tão feias.
Há pessoas e artistas.
Há artistas que se julgam Deus.
(Coitados, não são nada,
A não ser o que a Vida lhes deu!).
Há pessoas que não O sabem.
Por isso os avaros, os mercadores da fé,
A fé que não raciocina, que não vê.
Há pessoas que bradam aos quatro cantos,
Um canto que nunca é louvor,
Sobre um Deus que, dizem, os redime.
Palavras, simplesmente palavras ao vento.
Lá dentro tudo é tão vazio...
Há pessoas que são tocadas.
Há muitas que não abrem suas portas.
Deus não entra...E o diabo não sai.
Há aquelas para quem Deus é abstrato,
Há outras que O sabem concreto.
Porque concretude não é ver, tocar. É sentir.
O coração bater. O Amor surgir. O Sol nascer.
Porque abstrato é tocar e olhar, e nada sentir.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

LINHA TÊNUE


(RÔ Campos)

Sonhei, ainda bem
Era apenas um sonho:
Estavas partindo...
Minhas mãos segurando tuas mãos
Que iam me deixando.

Depois, me viraste as costas.
Pus minhas mãos sobre os olhos
Tentando segurar as lágrimas.
Quando novamente abri meus olhos
Eles não mais te alcançavam.

Sonhei, ainda bem
Era apenas um sonho...e acordei.
Estavas tu ao meu lado
E depois não estavas mais.
Compreendi que é tênue a linha
Que separa o sonho da realidade
O amor do ódio, a vida da morte.