quarta-feira, 25 de março de 2015

MEU ERRO


(RÔ Campos)

Se era pra machucar,
Melhor teria sido deixar
Como estava antes.

Por um instante, me entreguei,
Cheguei a sonhar,
Fiz planos pra depois,
Fui até feliz, talvez.
Por um instante, apenas um instante,
Como se todo instante fosse eterno.

E eu ainda andava sonhando,
Vivendo nas nuvens,
Quando me feriste com um golpe baixo,
E meus olhos, tristes,
Viram que não eras a pessoa que eu sonhava...

sábado, 14 de março de 2015

LIBERDADE! LIBERDADE! ANTES QUE SEJA TARDE...

Vamos parar de uma vez por todas
Com esse papo aranha,
Mimimi, nhem,nhem, nhem,
De que compras em Miami,
Panelaço, baixelaço,
São coisas de quem chora de barriga cheia,
Coxinha, classe média, rico, capitalista, pequeno burguês.

Já não tem importância
Se a governanta cair,
Quem é que vem?
Quem é que vem?
Depois do Fora Collor, fora FHC e Lula,
Ela é a bola da vez.
Pior do que está,
Não há de ficar, eu sei.

Não temos razão alguma,
Pra ter medo do que for,
Temer o Temer, Cunha, Calheiros.
Pior do que eles,
É nada fazer, temer,
Por medo impingido,
De ameaças de um sapo barbudo,
De exércitos clandestinos,
Terroristas, assassinos,
Do terçado, do facão,
Da foice e do martelo.

Podem vir,
Não temos medo.
Só tememos o que há de vir,
Se cruzarmos os braços,
Nos entregarmos, coisas essas dos covardes.
Esses caras são malucos, doidos varridos,
Moluscos.
Mas nós somos a mistura de tudo:
De todas as cores,
De todas as raças,
Branco, preto, índio,
Gentes do mundo inteiro.
Irmãos, brasileiros.

Liberdade, antes que seja tarde.
Liberdade! Liberdade!
Nos campos e nas cidades.
Antes que nos cortem as asas,
Que matem nossos sonhos
E enterrem nosso futuro
Na lama em que chafurdam,
Nos poços de petróleo.

Liberdade! Liberdade!
Antes que Acauã cante o seu canto.
Antes que a esperança morra,
Antes que o medo vença,
Antes que seja tarde.
Liberdade! Liberdade!

VIDA QUE SEGUE

(RÔ Campos)

Foi muito bom
O nosso amor,
Bom, enquanto durou.
Foi verdade, eu sei,
O amor, você e eu.

Porém... tudo na vida tem um fim.
E agora, vida que segue,
Eu sem você,
Você sem mim.

O fim dessa estrada,
Não há de ser tão ruim, assim,
Pois a vida nos mostrou
Que tudo vale a pena,
Até a dor do amor que se acabou.

Valeu, o amor, valeu.
Porém... tudo na vida tem um fim.
E agora, vida que segue,
Eu sem você,
Você sem mim.

segunda-feira, 9 de março de 2015

TEU CORPO


(RÔ Campos)

Dedilhando as cordas do meu violão,
Preso em meus braços largos,
Colado ao meu peito,
Mergulho no universo do teu corpo,
Procurando esse ser,
Mulher.

E me afogo e morro e volto a viver,
A cada novo acorde,
Com minhas mãos te tocando
E tuas cordas vibrando
Em gozo profundo,
A cada suspiro que me arrebata
E leve me leva e me traz de volta.

segunda-feira, 2 de março de 2015

O CHEIRO DA MINHA CIDADE

O CHEIRO DA MINHA CIDADE
(RÔ Campos)

Eita que cheiro danado
Que invade os nossos quintais
É cheiro de chuva molhando
É cheiro de sol ardendo.

Tem cheiro por toda a casa
Os cheiros de nossa infância
O milho verde cozendo
Banana e canela no forno assando.

As ruas têm cheiro de tudo
De tucupi fervendo, de tacacá
Do tambaqui assando
E também de pimenta murupi.

E num misto de presente e passado
Tem cheiro de carne assando
Tem até cheiro da Bahia
De dendê e de acarajé.

É cheiro de asfalto quente molhado
De gás vazando e mato queimado
De carros envenenados
E até cheiro de saudade...

domingo, 1 de março de 2015

HUMANÓIDES


(RÔ Campos)

Eu vou contar para vocês uma pequena faceta da vida,
Que caminha pela Via Láctea, nossa galáxia,
Achada, perdida, voltando a se buscar.
A vida que vem e que vai,
Que entra e que sai.

Muita coisa o homem já sabe,
Mas ainda hoje não se descobriu,
Nem nunca se há de saber,
De onde viemos nem para onde vamos,
Muito menos o que fazemos aqui,
Neste paraíso perdido ou vale de lágrimas.

Há muitos monstros espalhados em vários cantos,
E também no riso e no pranto.
Monstros com a face de anjo,
Monstros vestidos de Deus.

Ah, estes homens tão tristes,
Tão ricos, tão pobres!
Homens de toda a sorte, plebeus e nobres,
Brincando de Deus e o diabo.

Terá Deus criado o diabo e o homem,
Ou foi o homem que inventou Deus e o pecado?

E nesse combate sem trégua,
Na luta entre o Bem e o mal,
Vejo-nos pelo reflexo do espelho,
Deixando-nos levar pelos monstros
De mil e uma faces,
Que habitam os abismos profundos,
Que às vezes se abrem dentro de nós