quarta-feira, 28 de julho de 2010

INEVITÁVEL

Inevitável!
Nasci, inevitavelmente é viver.
Já que estou aqui
Seguir! Seguir!
Correr atrás de uma estrela, procurar a lua
E o Sol se retirando atrás de mim.

Há flores! Há flores!
Bem atrás dos montes, no cume
Nem tudo se perdeu.
Então, não se assuste
Há um caminho, um ninho pra se agasalhar
Até que o frio passe, mude a estação.

Inevitável!
Há sempre uma lua na estrada nua,
Na embriaguez do amor.
Pra quê pisar essa nudez, olhar pra trás?
Inevitável é Viver e amar. O resto! – tanto faz.

RÔ Campos, 28/07/2010

PAX ET LUX WALLACE SOUZA

“A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

John Donne

Não o conheci pessoalmente. Acompanhei esse caso apenas pelos jornais e televisão. Tenho na memória duas imagens absolutamente marcantes de tudo isso: 1) Ao término da sessão na Assembléia Legislativa, quanto Wallace Souza teve o mandato de deputado estadual cassado. As mãos cruzadas encobrindo o rosto, com a cabeça abaixada; 2) A segunda, mais recente, a foto em jornal desta cidade, esquelético e o abdômem enorme, o que lembrou-me, inclusive, o povo da Etiópia e Somália. Pensei: Meu Deus, se esse homem for inocente, que motivos houve para ter-se arruinado dessa maneira, a si e à sua família? E, ainda que não fosse inocente, piedade era o que merecia, porque a tentação fora muito superior às suas forças. Humanos, somos demasiadamente humanos. O poder seduz e o mal se destroi por si só. Em face de tudo o que soube, concluí: ele já havia sido julgado e condenado pelo tribunal de sua própria consciência, tanto que não suportou a pena e desistiu da vida,fechando-se numa cláusura absoluta, num silêncio ensurdecedor, vindo, então, a sucumbir. Ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime (se é que houve). Esqueçamos esse ímpeto maldito de julgarmos e condenarmos o outro. Tratemos primeiro de ser o nosso próprio julgador. Cuidemos mesmo é da tarefa de casa, dos nossos filhos, maridos e esposas. Deletemos o egoísmo de nosso HD. Que o amor faça-se sempre presente, porque o amor tudo pode. Só o amor. Eis a maior de todas as forças da natureza. Em qualquer hipótese, Pax et lux a Wallace Souza e sua família. Pax et lux a todos nós, pobres errantes deste desconhecido mundo, do qual nada sabemos. A única certeza é a morte, que, também, nem sabemos o que seja.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

NOITE DE DOMINGO, DIA DOS PAIS, É NO TOC TOC DELÍCIAS & CHOPP

Comece a se programar para a noite de domingo do dia 08 de agosto próximo, DIA DOS PAIS. Dê de presente para o seu papai, ou para o seu marido, namorado, amigo, uma noite inesquecível. E só a PACTOLO - Produções e Eventos e o TOC TOC DELÍCIAS & CHOPE podem lhe oferecer: ROBERTINHO CHAVEZ ACÚSTICO, a partir das 20:00 horas até a meia-noite. Mas se papai e mamãe quiserem continuar o clima de alegria e de felecidade, música é o que não vai faltar para festejar um dia tão belo, celebrando os pais e a vida. Um repertório absolutamente diversificado, pra lá de especial, para uma noite muito mais especial ainda. Você vai amar ouvir e dançar ao som de ROBERTINHO CHAVEZ que fará um passeio sobre os mais variados gêneros musicais, desde a MPB até o carimbó, passando pelo samba de Chico Buarque, Paulinho da Viola, João Bosco, Jorge Aragão, para citar alguns, bem como o rock dos anos 80 (onde também não vai faltar Raul Seixas, Paralamas, Titãs, Lulu Santos, Capital Inicial etc), xote, baião e reagge de primeiríssima. Ah, também não vão ficar de fora composições do próprio Robertinho, algumas já bastante conhecidas do público manauara, como Fica Comigo e Será Sagrado (gravadas pelo Grupo Carrapinho, do qual também fez parte como guitarrista nos anos 1990, e que muito embalaram os fãs dessa internacionalmente consagrada banda tupiniquim). Vale a pena você presentear seu pai com essa noite que certamente será INESQUECÍVEL!!!!!!
Reservas de mesa pelos fones (92) 9188-0932/8145-2507

sexta-feira, 23 de julho de 2010

DOMINGO ESPECIAL por ROBERTINHO CHAVEZ

No próximo domingo estaremos na 4ª edição do DOMINGO ESPECIAL por ROBERTINHO CHAVEZ & BANDA, a partir das 19:30h, no TOC TOC DELÍCIAS & CHOPP, à Av. do Turismo, a 2km da Estrada da Ponta Negra. As noites de domingo ficaram mais alegres na Av. do Turismo, com Robertinho passeando pela música popular brasileira, num repertório variadíssimo, agradando a gregos e troianos. Uma juventude comportadíssima tem comparecido ao local, que já tornou-se um verdadeiro point, onde a moçada - e os menos moços também, encontram-se para um bom bate-papo de fechamento da semana, regado à música de absoluta qualidade, passeando pela MPB (sabe aquela música que você quer ouvir e ninguém toca mais na noite manauara? Pois é. Lá tem), samba, reggae, pop, rock, a música das Minas Gerais e da Amazônia e pelas próprias composições, algumas que, por sinal, ficaram célebres com o Grupo Carrapicho: Será Sagrado e Fica Comigo, e Raízes Caboclas: Singelas Histórias.
Vale a pena conferir. Couver artístico de apenas R$ 4,00 (quatro reais), por pessoa.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ALÉM DAS ESTRELAS

Além das estrelas existem segredos
Segredos são coisas tão lindas!
Poucos ousam sequer sonhar
São pequenos, não conseguem crer
E tudo lhes parece tão claro, nada mais procuram
Só a cegueira enxerga onde ninguém mais vê
É a força que vem de dentro
É a luz que o coração emite e se expande...

Além das estrelas existem segredos
Segredos são coisas tão lindas!
Muitos são os escolhidos, todos são filhos
Raros os que decifram os sinais.
O brilho das estrelas, que são faróis
Invade a alma, toca o âmago
Então, assim, recebi os sinais.

Na noite passada caminhei além das estrelas
Passeei pelos bosques das infinitas possibilidades que a vida oferece
Ousei ir além, mais além, muito mais além
E as estrelas eram fogos de artifício estourando no céu
Antes tão pequeno, agora vasto
Tudo é possível, inda que a mais fingida esperança feneça
Tudo é possível, mesmo diante do pântano da incredulidade.
Somos tão pequeninos. Nada sabemos. Nada sabemos.
É preciso buscar. É preciso buscar, inda que fiquemos.
Só a paciência nos concede essa dádiva.

Além das estrelas existem segredos
Segredos são coisas tão lindas!
Descobri que há corpo e alma. Bailavam além das estrelas...
Foi um transcender incontido, um gozo indizível
Um amor de almas num roçar de pele, num toque de dedos, nas carícias, nos beijos
Um amor de almas que dialogam, falam o mesmo Verbo num só Tempo: Eu sou. Tu és. Nós somos.
Chegamos, assim, pacientemente, muito além das estrelas. Chegamos sem partir.
Tínhamos alguns medos; não temos mais. Descobrimos alguns segredos.
Além das estrelas existem segredos
Segredos são coisas tão lindas!

RÔ Campos, 21/07/2010

domingo, 18 de julho de 2010

AMOR REAL

Depois de ti, compreendi
Não há nenhum outro caminho a seguir.
No passado, te perdi ao desviar a rota, numa intercessão na estrada
Nem eu sabia para onde ia...
Mas o tempo, senhor de tudo, Cuidou de amadurecer esse amor
Um amor real, de almas, verdadeiro, puro
Traçando nas vicinais nosso destino.
E no final será só você, só você e eu
Vais me embalar nas canções tuas
E eu te cantarei nos versos meus
Te aquecerei nos dias em que o frio te afligir
E tu me abraçarás forte para espantar os meus medos
Jamais teremos segredos
Nem nosso amor será guardado, esse amor de almas
Declarado ao mundo, nunca mais escondido
Um amor traçado pelo tempo.
Tudo o que de cruel vivemos antes ficará para trás, no passado.
Sofreste tanto. Muito mais eu padeci. Matéria, coisas da carne!
Mas esse nosso amor, de almas, que transcende
Um amor real, que alenta, que acalma.
Nos trará orgasmos múltiplos
Serei pra ti tua deusa
E para mim tu serás somente encanto.

RÔ CAMPOS, 18/07/2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

NÃO DEIXE O AMOR MORRER

Não deixe seu mundo entristecer
Não deixe o amor morrer
Vamos colorir o amor, vez em quando
Vamos cantar o amor, vez em quando
Vamos florir o amor, vez em quando
O amor não sobrevive na escuridão
O amor não sobrevive sem a sua canção
O amor não sobrevive sem as flores
É a luz que você deixa entrar que alumia o amor
É a música que toca o coração que embala o amor
São as flores sobre a mesa que embelezam o amor
Vamos regar essas flores
Enquanto é dia
Antes que seja tarde
Antes que a noite venha

Não deixe seu mundo entristecer
Não deixe o amor morrer
O amor - ah, o amor!
Ele nasce. E também pode morrer
Tudo tem um começo, tem um fim.
O amor é o alimento, o que precisamos pra viver
Mas o amor também tem que viver
Vamos alimentar o amor, amando
Não deixe o amor definhar. Ele será magro
Um amor magro pode enfraquecer
Às vezes não dá para salvar.
Vamos cuidar do amor, todo dia, o dia todo
Enquanto é dia
Antes que seja tarde
Antes que a noite venha.

RÔ Campos, 15/07/2010

A ARTE DE AMAR

Ah, meu amor
As horas e a natureza eram mortas quando tu bateste à porta
Ela então se abriu deixando entrar uma doce fragrância de vida
Envolta em uma fina luz que alumia, que é sempre bem-vinda.

Ressuscitadas, ao deitar-se a noite, as horas seguiram
Desesperadas, atrás da luz, da luz do dia.
E o tempo tornou-se pouco para nós, enamorados
Que nem percebíamos que a manhã surgia, ousada
Refletindo nossos rostos, marcados
Pelos beijos que nos dávamos, enternecidos
Pela agonia da saudade que a manhã traria,
Vestida em trajes de branco, em fino tecido de voal.

Essa saudade... hóspede querida!
Que deitaria conosco, o dia todo, sobre nossos leitos, separados
Acalentando nossos sonhos sempre mais viventes
E (quase) matando a dor de uma ausência tão presente:
No teu cheiro que me invade as narinas, inundando os meus sentidos
Nas lembranças da tua voz confessando, a sussurrar "eu te amo"
No beijo que quero te dar. Mas me contento em beijar o vento.

Viva a vida! Viva a vida! São vivas as horas.
Essa é a maior glória
Dentre tantas as vitórias da arte de viver
A felicidade de uma vida plena, em raros momentos
Perpetuados na saudade de um bem-querer mais que querido
Amado nas procelas ou na serenidade do mar.

Vou te esperar a cada partida, quando alçares as velas
Vou te amar a cada ausência tua, a cada chegada.
Ancorado em meu cais, só nadarás no meu mar, porto seguro.
Pois tua visão não alcançará mares nenhures
E só terás olhos para o meu mar, esse mar que é teu
Seremos náufragos. Haverá uma ilha. Nos salvaremos.
(A força do amor é a mais forte de todas as forças.
Vence tempestades. Transpõe montanhas. Escuta a voz do vento).
E viveremos esse amor, tão cantado
Esse amor que a voz do vento anunciou
Entre terras distantes, divididas pela mata e pelo mar
Um amor que o vento trouxe
Soprando as cinzas de um outro amor, já findo
Vencido pelo cansaço do cansado desejo de amar.
(É como se fosse muito tarde...)
Coisas essas da vida. E do tempo. E também da memória.
Que esquece de lembrar que amar é uma arte.

(Qualquer obra nunca estará acabada, mesmo após finalizada. A procura do artista jamais se esgota. Ele sempre entende que falta alguma coisa. Essa é a essência da natureza, que também não está acabada.E o homem faz parte desse conjunto. Tudo é um eterno findar e recomeçar.Moral da história? Vamos pintar o amor, vez em quando. Vamos cantar o amor, vez em quando. Vamos iluminar o amor, vez em quando. Vamos florir o amor, vez em quando). Vamos alimentar o amor, sempre.

RÔ Campos, 15/07/2010

O CONCERTO DO ADEUS

As lágrimas foram inevitáveis. Emoção igual pouco senti na vida. Paulo Moura encantou-se. E até nas últimas horas de sua passagem por este mundo de meu Deus fez da sua e de nossas vidas o mais puro encantamento. Desfilou na avenida nas derradeiras horas de sua existência, com aquela que creio ser a apoteose de Deus na avenida da vida: a música. O próprio Paulo Moura tratou de embalar as horas finais de sua vida com o seu próprio sopro, como a celebrar uma vida marcada pela genialidade e beleza. Absolutamente indescritível. Assisti, ontem, quarta feira, ao vídeo na TV Cultura. Paulo Moura, o mago do saxofone e do clarinete, havia algum tempo estava doente. Faleceu no hospital, no último sábado. Poucas horas antes de sua partida, reuniu, no próprio hospital, a família e amigos músicos. Seus olhos já não tinham a luminosidade da vida e pareciam vagar pelo infinito, mas Paulo Moura tocou seu clarinete com a mesma maestria de sempre. Ao final, exibiu um sorriso como quem dizia: pobres de vocês, que vão ficar sem mim, enquanto eu, parto feliz para ocupar o meu lugar na eternidade. Depois, beijou o clarinete e o entregou à esposa (acho eu), que, de igual forma, também beijou o instrumento, demonstrando uma serenidade invejável. Quanta dignidade frente à morte que já o arrebatava. Que vida linda. Nem consigo encontrar as palavras que procuro para dizer sobre a cena mais pungente que já assisti em toda a minha vida. Paulo Moura despedindo-se da vida, que é um sopro, com seu próprio sopro no clarinete, executando Doce de Coco, de Jacó do Bandolim.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

AVENIDA DA LUZ

Eu ouvia falar naquela avenida, quando ainda era concebida
Não tinha idéia do futuro. Era tudo presente.
Não demorou, chegou o amanhã
A avenida se estendeu sobre o chão, abriu caminhos, encurtou distâncias
Algumas vidas se perderam em plena gestação
Depois da estação das chuvas, ei-la, em pleno verão
Cortando a verde-mata, atravessando o rio
Chamei-a de avenida da luz, essa avenida
Onde o nosso amor reluz.

É noite alta. Regresso com a pessoa amada.
Vou deixá-la ali, onde não é o meu lugar.
E o lugar dela é cá, dentro de mim.
A avenida parece não ter fim. Como infinita é a minha saudade.
Não tenho pressa, mas as horas se vão, desesperadas.
Não quero chegar. E tão logo é o ponto de chegada.

O tempo se vai num instante, como a zombar de dois amantes
Cujas estrelas, no céu cintilantes, espreitam o beijo roubado
Mãos que se afagam com saudades do afago que amanhã pode partir
Não sou mais ninguém sem ele. Que será dele sem mim?

Tomo o caminho de volta, sozinha.
Ele ficou para trás. Mas seus olhos, morando na lua, me seguiam
Nessa avenida tão longa, a avenida dele e minha.
Quando chego em casa, até parece dia
São os olhos dele que me alumiam .



RÔ Campos - 14.07.2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

POBRE BRUNO

Sei que algumas pessoas dirão: pobre Bruno, nada, pobre da moça que foi brutalmente assassinada. Que seja. Que seja. Mas não consigo ver essa questão sob outro ângulo. Não posso falar muita coisa, afinal de contas tudo o que achamos que sabemos é o que a mídia nos traz. Apenas uma quase certeza: a moça foi assassinada aos 25 anos por motivos torpes. Sempre comunguei do entendimento de que o homem carrega em seu DNA o Bem e o mal. Não discutamos nada sobre minha afirmação, se é DNA ou não, pois é apenas uma forma de expressar-me. Podemos dizer de outra forma, se for o caso: o homem traz em suas entranhas o Bem e o mal. Ou, ainda, a índole humana é essencialmente boa, ou essencialmente má, ou as duas coisas. Sempre acreditei que o mal predomina nas atitudes do homem, principalmente movido pelo egoísmo. Mas também sempre acreditei que a minoria, que é o Bem, é quem garante a continuação da humanidade. Sem o Bem seria impossível a existência de vida na Terra. Pobre Bruno, porque o mal o venceu. Porque, inobstante tanto dinheiro e fama, ele mostra-se agora tão pobre. Pobre Bruno, vez que seus sonhos eram tão pequenos. Pobre Bruno, que em pleno século XXI, vive na idade das trevas, carregando em sua morada (que é o corpo em que habita), um espírito embrutecido, desprovido de luz. Sim, pois disse Einstein que não existe escuridão; o que ocorre é a ausência de luz. Sem luz não se vislumbra o Bem, e o mal, então, se instala. Por isso que o mundo do mal é o mundo das trevas, da escuridão. Total ausência de luz. Pobre Bruno, que tão cedo se perdeu. Ainda comentam sobre uma provável arrogância pelo fato de Bruno caminhar de cabeça erguida, mesmo algemado e a caminho da prisão. Esquecem que, no mundo de total escuridão em que vivia (o dinheiro cega),a única coisa que conseguia enxergar é que estava sendo incomodado, ameaçado. E Bruno, todo poderoso, resolveu dar um basta na situação. Só isso. Apenas isso. Nada mais. Assim, como quem vai ao zoológico dar comida aos bichos.
Conheço muita gente que não tem medo algum de enfrentar os tribunais humanos. Conheço muito mais ainda gente que não dá a mínima para o maior de todos os tribunais: o tribunal da própria consciência. Tenho cá comigo que foi isso mesmo que se deu com Bruno, pois ele teve tempo para pensar - e muito, tempo esse em que passou, inclusive, arquitetando essa tragédia. Poderia muito bem ter se arrependido no meio do caminho. Mas ele não podia ouvir a voz de sua consciência, muda que se encontrava, pois a consciência nunca fala na ausência de luz. Faltou luz.

NÃO SONHO MAIS

Do que te queixas, agora?
Puseste trancas na porta
Reforçaste as travas da janela
O amor desfilou na avenida
Radiante, na passarela
Entre plumas, paetês, brilhantes.

No cativeiro, não o viste passar
Ao final, era tudo poeira, pó
Perdeu-se na dispersão, triste, maltrapilho,
Pedinte.
Recomposto, pos os pés na estrada
Não olhou para trás
Não queria ver-te de costas.
Tempo! Tempo!
Dez anos...

Agora, ressurjes das cinzas
Em meio aos meus desenganos.
Tuas portas abertas
As janelas escancaradas
Na avenida, o amor não passa mais.
São muitas as tuas feridas
Queres voltar atrás, no tempo
Um tempo que já não volta
Queres viver teu sonho, agora
Um sonho que - dizes, não viste
Hoje, porém, quem não sonha mais, sou eu.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PROCURA-SE UM MÉDICO

Procura-se um médico
Pode ser pobre
Pode ser rico
Conquanto que seja amigo.

Procura-se um médico
Que tenha ouvidos e nunca olvide que seja apenas homem.
Que tenha olhos e enxergue fundo. A alma, inclusive.
Que não faça uma anamnese analisando-nos como se fôssemos máquinas, simplesmente.
E nunca se deixe cegar pela ambição e vaidade.
Que tenha boca e suas palavras sejam sempre um bálsamo para as nossas feridas
E nunca carregue em seu peito a desesperança e o ranço da arrogância.
Que tenha nariz e sua respiração exale o cheiro das flores
E nunca o odor do preconceito.
Que tenha mãos e sempre procure levar a cura
E nunca o peso da dor e do orgulho.
Que tenha sentimentos e fomente a fé,
Mas que nunca prolongue o sofrimento de quem a vida já perdeu.
Que aprecie viver a vida integralmente,
Mas nunca se deixe envenenar pela ganância.
Que acredite na ciência,
Mas que não tenha na razão o único norte. Somos também emoção.
Que creia piamente em sua capacidade e eficiência,
Mas que compreenda ser apenas um instrumento, um meio.
Somos homens. Não somos deuses.

Procura-se um médico:
Se for rico, que o seja na plenitude da riqueza do ser;
Se for pobre, que nunca o seja de espírito e de bondade.
Que sempre cuide de ricos e desvalidos não na mesma proporção de suas posses.
Que nunca diga que não tem tempo. A vida não espera. A morte é uma megera.

Procura-se um médico
Que nunca prescreva para preservar a saúde financeira de laboratórios
Mas sim com a certeza única da busca da saúde do ser posto sob seus cuidados.
Que não mantenha hospitalizado paciente sabidamente recuperado, apenas para se locupletar com o pagamento de diárias.
Que nunca faça julgamentos e jamais discrimine. Médicos não são juízes. Médicos são médicos.

Procura-se um médico
Que trate as pessoas como gostaria de ser tratado.
Que cuide dos pacientes como cuida dos seus familiares.
Que nunca pense que tudo sabe. De verdade, nada sabemos. Nem mesmo sobre um grão de areia.
Que, acima de tudo, valorize a vida.
Que sonhe ser Deus, desde que esse sonho faça-o transbordar.
E esse Deus (dele) que existe dentro de cada um de nós se espalhe
E que promova a cura.
E se a cura não for possível, que alivie a dor
E se a morte for inevitável, que nos console.

Procura-se um médico.
Para tanto, basta que ame ao próximo e respeite à vida.

RÔ Campos

domingo, 11 de julho de 2010

ROBERTINHO CHAVES É SHOW

Carioca, nascido em Cantagalo. Passou alguns anos morando em Manaus e depois partiu, andou pelo mundo. Onze anos depois está entre nós, novamente. Há alguns meses tornamo-nos amigos virtuais, essas coisas boas que a internet nos proporciona. Tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente há menos de dois meses, logo após sua chegada. Muito me falavam sobre a genialidade desse músico, arranjador, compositor e cantor, e minha curiosidade só aumentava dia a dia. Ainda mais que as opiniões vinham de artistas consagrados como Antonio Pereira e Zeca Torres, o Torrinho. Hoje, não tenho qualquer dúvida daquilo que me diziam: Robertinho Chaves é um dos maiores artistas deste país. Em doses homeopáticas, vou conhecendo as músicas que ele vem compondo ao longo de sua carreira, algumas, aliás, que tornaram-se sucesso no Brasil e na França, gravadas pelo Grupo Carrapicho, do qual fez parte durante um certo período na década de 1990. Verdadeiras pérolas. Além de voltar a morar em Manaus, Robertinho Chaves tomou outra decisão acertada: após tantos anos na estrada, resolveu registrar suas belas canções, já tendo iniciado os trabalhos de gravação de seu primeiro CD, totalmente autoral. O disco vai dar o que falar. Quem viver, verá. Enquanto isso, Robertinho tem cantado e encantado o povo que baixa nas sextas-feiras e sábados no Happy Hour do Toc Toc Delícias & Chope, à Av. do Turismo, com início às 20:00h e término às 22:30h. Agora, Robertinho também vai tornar o domingo do Toc Toc mais especial, a partir de hoje, 11 de julho, com início às 20:00 horas, tocando acompanhado de contrabaixo e percussão, com muita MPB e canções de sua autoria, além de dar ênfase à música regional. Esse projeto do Toc Toc também está aberto ao artesanato e artes plásticas dos artistas da Amazônia que desejarem expor e comercializar seus trabalhos, inclusive venda de CDs, sem quaisquer ônus. Basta entrar em contato pelos celulares (92) 9188-0932/8145-2507 e falar comigo. Esse projeto,de iniciativa do Gilberto Oliveira, proprietário do Toc Toc, sem dúvida alguma é uma excelente oportunidade para os artistas da Amazônia, que, agora, terão à sua disposição, sem qualquer custo ou intermediação, um espaço concentrado para divulgação e comercialização de seus trabalhos, ressaltando-se, ainda, que o TOC TOC recebe uma clientela em sua grande maioria formada por turistas oriundos de outros Estados do Brasil e até mesmo do exterior.

CHEIRO DE AMOR

CHEIRO DE AMOR

Teu cheiro está impregnado
Esse cheiro de homem, de macho
Eu já senti, já conheço
É cheiro de amor.

Teu cheiro alçou voo
Pousou em meu corpo, entranhou-se
O olfato, sutil, percebeu
Manifestou-se no tato.

Agora, é fato
Teu cheiro, cheiro de amor
Mostraram-me o olfato, o tato, o contato
As horas que passo ao teu lado
Eu me delato. Tu te delatas.

E mesmo quando estás distante
Com esse teu cheiro entranhado
Vem meu cérebro e me diz
Sobre esse delator, o olfato
Está tudo gravado no éter. É fato.
É cheiro de amor, que não se esquece
É cheiro de amor, impregnado.

RÔ Campos, 10/07/2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

EU CANTEI A PEDRA

Pois, vejam só, qual foi o último texto que postei??? Eu avisei! Só não enxergava quem não queria, que essa seleção ia dar no que deu. Faltava açúcar, afeto, uma ausência de um não sei o quê, que me incomodava. O técnico, um verdadeiro Dunga-Zangado. Um anão no quesito humildade, relacionamento humano. Que segurança poderia passar aos jogadores, para que pudessem procurar tranquilidade no momento em que foram mais exigidos? A seleção, que não era lá essas coisas, ficou pior ainda, desmoronando-se, literalmente, ao tomar o primeiro gol. O sentimento de obrigação de vencer em tudo na vida retira do homem a sua capacidade de viver integralmente, de contemplar, de aprender com os erros. É vencer ou vencer. Isso desestabilizou a seleção brasileira, quando, na realidade, nem sempre se vence, nem sempre se perde. No final, de 32 seleções mundiais apenas uma vence. Por que teria que ser o Brasil, sempre? Lidar com as vitórias e as perdas é um exercício.Evitemos os excessos, em quaisquer das situações. Depois, a gente começa a perceber que vitória é poder viver a vida em sua totalidade e que perder foi apenas mais um sonho que se foi. Mas sonhos vão, sonhos vêm. E se eles não vierem, a gente inventa, pois nossa necessidade de sonhar é vital. A realidade é uma fera e se não escaparmos dela, nos devora. Bom, mas a seleção também teve seus méritos. Jogou feio quando o adversário era feio. Melhorou um pouquinho quando o adversário foi mais ousado. Com o seu descobridor, foi quase um Brasil-Colônia. Passeou pelo Chile e, finalmente, naufragou nas pontes de Amsterdam. Havia um gigante, não se pode negar: Lúcio, guerreiro, sempre combatendo bem o seu combate. Se esqueci de alguém, desculpem-me.
Agora sou Argentina e não abro, mas tenho cá a impressão de que a Holanda, no final, é quem fará a grande festa.