terça-feira, 18 de dezembro de 2018

DESBRAVAR-TE

Compus inspirada no poeta do samba, Paulo Onça, após uma conversa que tive com ele, há cerca de 3 anos, no ET Bar. Nunca entreguei a ele.

DESBRAVAR-TE
(RÔ Campos)

Eu quero entrar no teu texto,
Minha terna poetisa.
Conhecer o teu contexto,
Essa tua totalidade.

Eu quero entrar no teu texto,
Minha musa inspiradora.
Me encantas com teu lirismo,
E eu te celebro com o meu canto.

Eu quero entrar no teu texto,
Deusa misteriosa.
Descobrir um meio de chegar ao teu começo,
Desbravar tua obra por inteiro,
Ser, doravante, teu fim, teu universo.

Eu quero que sejas meu côncavo e meu convexo,
E que reescrevas a minha vida,
Com as tintas da tua lira,
Que eu, com notas simples,
Cantarei teus versos.

sábado, 15 de dezembro de 2018

O BAILE DA VIDA

(RÔ Campos)

Ainda que eu veja apenas os pirilampos bailando sob o manto negro da escuridão;

Ainda que na fria e cinza madrugada eu veja apenas os olhos assustadores da coruja;

Ainda que eu ouça no silêncio da noite nebulosa apenas os gemidos que os ventos trazem;

Ainda que nesta mesma noite eu me sinta perdida num vale de lágrimas;

Ainda que eu não encontre a porta a qual procuro, que me leve à uma saída;

Que eu nunca, no entanto, desista de acalantar a fera que consome a quem espera·

E que eu jamais esqueça que toda noite a lua se deita e o sol, na manhã, se levanta·

E todo dia, quando eu acordar e me saber viva,
Que eu possa seguir sonhando···

E quando a noite voltar para me molestar,
Que eu não tenha mais medo do frio nem dos olhos assustadores da coruja,
E que eu veja apenas a beleza dos pirilampos bailando na escuridão·

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

FRAGMENTOS DO TEXTO "CONFISSÕES"

(RÔ Campos)

Não me condene sem que eu tenha a chance de me defender. Não tire suas conclusões de forma precipitada. Quantos inocentes são condenados no mundo todo por erro judicial!!!! Ouça-me, e sei que você vai ter uma outra compreensão dos fatos. O seu silêncio é a mais dura pena que me pode ser aplicada...Mas eu não sou culpada.
Lamento se você não quiser me ouvir. Lamento pelo tempo que você deve estar achando que perdeu. Se, de tudo, falhei, não esqueça que não sou santa, mas sim humana, demasiadamente humana. Saiba, porém, que, ainda assim, dei tudo de mim. No entanto, há coisas que fogem do nosso controle.
Minhas energias se esvaíram, de tanto que eu quis me dar, me superar, te fazer feliz, por depositares em mim todas as tuas expectativas, pensando que eu fosse capaz. E eu o sou, realmente. Mas o cansaço tudo vence, até mesmo a força de vontade, o compromisso assumido. Eu fui vencida. Confesso que falhei. Falhei porque quis abarcar o mundo com o meu abraço, e o mundo é muito grande, como grande é a minha doação...mas pequenos são os meus braços.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

OLHOS DA ALMA


(RÔ Campos)

Quem foi que disse isso?
É injúria, calúnia ou difamação?
Eu não sei dizer o nome.
Eu só sei que é mentira
Pra machucar meu coração.

Quem mora dentro de mim,
Eu sei.
Eu só não sei a solidão
De viver sem mim, por aí.
Eu sou feliz comigo, assim,
Que no vazio de uma multidão.

Quem diz que me sabe
Comete falso testemunho.
Meus crimes são perfeitos.
Só eu sei os enredos
Em que se enreda meu coração.

Quem fala, fala sem razão.
Diz o que vê
Com os olhos da visão.
Mas há muito que eu sei
O que é o verdadeiro saber:
Olhar com os olhos da alma,
Só assim se vê o coração.

PARA APLACAR A MINHA DOR


(RÔ Campos)

Você passa por mim e acha graça,
Sei que andam dizendo por aí
que sou leviana, louca, desvairada.
Não é nada disso,
É intriga da rapaziada.
Eu não sou nada disso,
Eu não sou nada disso,
Eu não sou nada.

Vou levando a vida por aí,
Cantando o samba nas calçadas.
Vou tentando aplacar a minha dor
Até alta madrugada,
Ao som do surdo e do violão,
Do pandeiro, do cavaco
E também do meu ganzá
Oxalá! Oxalá!
Oxalá Nosso Senhor!
Oxalá! Oxalá!
Oxalá Nosso Senhor!

domingo, 25 de novembro de 2018

ACERCA DO JULGAMENTO HUMANO
(RÔ Campos)

O julgamento humano é implacável e perigoso. Ele não considera a flor, mas apenas o que fere; nem também a Poesia, mas somente a maldade. O julgamento humano é de um egoísmo desmedido, escancarado, pois põe sobre a balança, de um lado, todo o peso do seu olhar e fúria, e, do outro, as penas do desgraçado. Somos muito diferentes quando ora estamos na posição de julgadores e ora somos os julgados. Julgamos o outro de acordo com nossas "convicções", das quais ninguém nos afasta e nem nos convence de possíveis enganos, porque é mais fácil condenar do que perdoar, não obstante o ensinamento Cristão acerca do perdão. Agora, quando somos nós os julgados, consideramo-nos merecedores de todas as graças e jamais nos sentimos culpados. O outro sempre estará errado.
O julgamento humano vai além, muito além do universo da alma. Ele só vê o acre e ignora a doçura. É como uma espada que corta e perfura, que dói e que arde, vencido o adversário. Muito sangue se derrama. Muitos jardins morrem, quando tudo o que precisavam era de uma simples rega para viver. E, junto com os jardins, vão-se as flores. Adeus Primavera! O julgamento humano é como uma fera que machuca, que dilacera. É como se descesse uma cortina opaca diante do tribunal da consciência do julgador e cerrasse o seu olhar.
Quando julgamos e condenamos alguém, vomitamos o que de pior existe dentro da gente. Porém, quando absolvemos e perdoamos, deixamos emergir o que há de melhor em nós.

sábado, 10 de novembro de 2018

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"

Havia um quê de tristeza em ti.Teus olhos não brilhavam.Teu sorriso não saía.
Havia algo em ti que eu não soube assimilar. Mas pensei haver visto muita tristeza em teu olhar. Muita dúvida no teu coração. Talvez muitas perguntas, algumas delas só o tempo irá dizer.
Durante todos esses longos dias de tua ausência, foram todos eles ocupados por ti. E os fantasmas da noite me assombrando com o medo de te perder.
Eu saía por aí como que a te procurar. Te sentia em cada esquina, em cada música que ouvia, em cada trago de bebida que entorpecia os meus sentidos. E quando a madrugada fria se avizinhava, me dava conta de que estava sem teus olhos doces a me seguir, sem teus braços pra me acalmar, sem os teus cuidados.
Mas no peito a saudade me cortando, como um punhal encravado, ardendo e doendo e me consumindo...E o sangue pululando nas vielas do meu coração que agonizava.
Confesso-te, agora que te posso dizer: Como eu queria estar ao teu lado naquelas horas...
Compartilhar da tua dor e dos teus medos. Ser teu anjo e teu doutor. Mas todo esse meu desejo eu tive que guardar em segredo...
Agora, começas a trilhar alguns novos caminhos...Sem nem saberes por onde começar. Os dias seguintes te dirão.
O que importa é seguir, mesmo sem ainda nem saberes para onde. A marcha da vida não pode parar. Só a morte nos detém. Inclusive a morte dos nossos ideais, dos nossos sonhos, das nossas ilusões. Há muita gente morta que vive. Isso se chama eternidade. Mas há também muita gente viva que já morreu.
Vivamos a nossa vida como melhor nos aprouver. E deixemos o outro viver.
"Cada um de nós compõe a sua própria história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz".