segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O PRINCÍPIO E O FIM


(RÔ Campos)

Era dia, e eu vi,
Da janela do meu quarto
Numa certa manhã de dezembro
Num dia qualquer da semana
Os fios de luz se desenrolando ao longe.
Eu vi o Sol surgindo
E ao entardecer eu vi o Sol se pondo.

Era noite, e eu vi,
Olhando de uma dessas esquinas
Da vida
Eu vi a Estrela brilhando
Eu vi a Estrela caindo.
Eu vi a Lua crescendo
Eu vi a Lua minguando.

Corria a vida pelo mundo
A vida que não espera
A vida que não perdoa
A quem tripudia e vacila.
E eu vi a criança nascendo
Eu vi o homem matando
Eu vi o homem morrendo.


E a vida seguia em frente
A vida que não espera
A vida que é só uma
A vida que não é eterna.
Eu vi o amor nascendo
E tudo era tão lindo!
Eu vi também o amor morrendo.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

FRASES E CITAÇÕES CUNHADAS NOS ÚLTIMOS DIAS

(RÔ Campos)

1. Os humanos temos tendências suicidas. É impressionante a burrice e a estupidez com as quais, dia a dia, lentamente, nos matamos um pouco.

2. Às vezes, nem nós mesmos conhecemos o louco que há dentro de nós e atrás do outro. Portanto, nunca confie, nem sob juramento. É que às vezes a loucura abre a porta e vai dar uma volta.

3. A vida é como uma Pinacoteca.

4. Saudade é feito uma caixinha de chocolate que chegou ao fim...

5. A gente nunca sabe quando vai ser a última vez.

6. Hipócritas. Gente hipócrita. Os mesmos que são a favor da redução da maioridade penal e da pena de morte, são aqueles que são contra o aborto. Mulher rica fazendo aborto o faz com segurança. Mulher pobre decreta sua sentença de morte.

7. Não confia tuas dores nem ao teu amigo, nem ao teu vizinho. Guarda dentro do teu peito os teus segredos de alcova. Tranca com a chave e vai pra rua. Depois, vira o peito do avesso e derrama as tuas dores na sarjeta.

8. Saudade é uma forma doce e cortante, de se fazer presente, quem se ausentou.

EU JÁ DESISTI


(RÔ Campos)

Não vou mais insistir.
Eu já desisti
De mim, de você,
De tantos porquês.

Já não faz mais sentido
Continuar ao seu lado,
Com você tão perto e tão longe
E meu coração violado.

Já não faz mais sentido
Um copo tão seco,
O peito antes cheio,
Agora vazado, ferido.

Não vou mais insistir
Na raiva, na dor.
Essa fria distância
Matou meu amor.

O TEMPO E O LOBO


(RÔ Campos)

Não se avexe! - uma voz grita.
Eu pergunto: Por quê não ter pressa?
Quem sabe, já vivi dois terços
Do tempo de minha doce vida.
Só não tenho pressa
Para a hora da partida.

Cheguei aqui faz tempo,
Mas parece que foi ontem.
"O homem é o lobo do homem".
E o tempo é como um lobo:
Tem muita fome. Me devora.
Me consome.

O TEMPO NUMA CASCA DE NOZ


(RÔ Campos)

O tempo é um pássaro veloz
Cabe numa casca de noz
E já não cabemos nós.

O tempo é um rio comprido
Num minuto, já é ido
E leva até um amor querido.

O tempo é o senhor de tudo
Tem voz, mesmo sendo mudo
Só não o ouve quem é surdo.

O tempo é amigo e algoz
O que teria sido de nós
Se não coubesse numa casca de noz?

BILHETE


(RÔ Campos)

Continuo poetando.
Há dias em que sigo sorrindo,
Noutros, vou chorando.

É assim mesmo a vida...
Um dia a tristeza senta,
Noutro, a alegria se levanta.

Então, vou seguindo assim:
Há dias em que me lembro de ti,
Noutros, vou te esquecendo.

ILUSÃO


(RÔ Campos)

Ontem ouvi os gemidos do vento
Soprando, tentando me iludir.
Ouvi de novo os gritos da paixão
De mim querendo se acercar.

Vi nos teus olhos o fogo.
Senti nas tuas mãos o delírio.
Em tua boca o desejo ardendo
Querendo a minha boca beijar.

Mas eu te digo, posto que é cedo,
Ó, jovem mancebo, é muito tarde,
No corpo da carne que ainda arde
E no coração de quem já sabe:
O amor não passa de uma ilusão.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A POLÍTICA, O PODER E O DIABO SEDUTOR


(RÔ Campos)

Andei divagando a respeito do sujeito que se torna político. Jamais ingressarei na política. A pessoa, por melhor que seja, quando entra na política, primeiro aluga a alma aos inescrupulosos e bandidos, e depois acaba vendendo-a ao diabo, porque o danado do diabo - convenhamos - é um sedutor. Vejam o caso do Zé Dirceu e do Genoíno, por exemplo. Agora, Lula não, com Lula foi diferente. Ele, quando entrou na Câmara Federal, tratou de se proteger, e ficou ali bisbilhotando, como um verdadeiro olheiro, querendo saber quem era quem, e como faria mais adiante, quando chegasse lá onde Lulalá queria, para cooptar as almas necessárias ao seu projeto de poder, conforme rezava a sua cartilha. Diplomado nas maracutaias da Câmara Alta e da Câmara Baixa, caiu fora, chegando, depois, à Presidência da República. Ele já sabia o caminho das pedras...E até as pedras do caminho. Lula nunca alugou sua alma aos inescrupulosos e bandidos. Lula também nunca vendeu sua alma ao diabo. Lula, na verdade, tornou-se um grande latifundiário de almas. Quando o inferno começou a se desmantelar, Lula tratou logo de se desfazer de suas almas, que, hoje, andam "penando" nos estertores da Papuda. Enquanto isso, Lula fala pelos cotovelos, com o seu silêncio mórbido. E suas almas abandonadas ardem no fogo do outro inferno. Assim é o diabo. Com ele não tem conversa. Até Jesus - o maior socialista que desembarcou na terra - o diabo tentou seduzir, mas, conta a lenda que não conseguiu. E o povo não aprendeu, mais de dois mil anos depois, que o poder corrompe a alma do homem.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ACERCA DA TEMPESTADE E DA BONANÇA E TAMBÉM DA SORTE


(RÔ Campos)

Já percebi mesmo que a regra são as coisas acontecerem assim, tijolinho por tijolinho, durante muito tempo, pacientemente, passando por tempestades que têm de ser necessariamente enfrentadas, senão, somos vencidos. É impressionante o fato de que, quando a tempestade vem, vai levando tudo com ela. Temos que lutar e ao mesmo tempo nos resguardar, para suportarmos a travessia e aguardarmos a bonança, pois assim é a vida: Ora senta a bonança; ora a tempestade se levanta, e vice-versa. Não dá pra se deixar fragilizar, porque desistir será o caminho mais curto e sedutor. Exceção é alcançar a meta assim, tão de repente. Ou, muitas vezes, sem até mesmo planejarmos. Algo, quem sabe, como essa coisinha que chamamos de sorte. Mas, de uma coisa eu sei: não existe sorte assim, ao léu. A sorte só vem quando nós, de qualquer forma, propiciamos que ela desabe sobre nossas cabeças. Quem, por acaso, já ganhou na loteria sem jogar?

ACERCA DO JULGAMENTO HUMANO


(RÔ Campos)

O julgamento humano é implacável e perigoso. Ele não considera a flor, mas apenas o que fere, nem também a Poesia, mas somente a maldade. O julgamento humano é de um egoísmo desmedido, escancarado, pois põe sobre a balança, de um lado, todo o peso do seu olhar e fúria, e, do outro, as penas do desgraçado. Somos muito diferentes quando ora estamos na posição de julgadores e ora somos os julgados. Julgamos o outro de acordo com nossas "convicções", das quais ninguém nos afasta e nem nos convence de possíveis enganos, porque é mais fácil condenar do que perdoar, não obstante o ensinamento Cristão acerca do perdão. Agora, quando somos nós os julgados, consideramo-nos merecedores de todas as graças e jamais nos sentimos culpados. O outro sempre estará errado.
O julgamento humano vai além, muito além do universo da alma. Ele só vê o acre e ignora a doçura. É como uma espada que corta e perfura, que dói e que arde, vencido o adversário. Muito sangue se derrama. Muitos jardins morrem, quando tudo o que precisavam era de uma simples rega para viver. E, junto com os jardins, vão-se as flores. Adeus Primavera! O julgamento humano é como uma fera que machuca, que dilacera. É como se descesse uma cortina opaca diante do tribunal da consciência do julgador e cerrasse o seu olhar.
Quando julgamos e condenamos o outro, vomitamos o que de pior existe dentro da gente. Porém, quando absolvemos e perdoamos, deixamos emergir o que há de melhor em nós.






















































































































































domingo, 24 de novembro de 2013

UM NOVO AMOR


(RÔ Campos)

Quem me dera a sorte
De amar outra vez,
Se meu coração se fechou
Quando o último amor foi embora.

Quem me dera a sorte
De amar outra vez,
Sem temer um novo amor
Que bater à minha porta.

Quem me dera a sorte
De viver essa insensatez
De abrir meu coração mais um vez,
E amar outra vez...

E viver, e amar, e amar, e amar
Sem saber o amanhã
Sem nem saber por que
Minha vida é amar assim.

sábado, 23 de novembro de 2013

O RESGUARDO DA DOR


(RÔ Campos)

Guarda tuas dores no teu peito.
Guarda lá no fundo os teus segredos.
Esses tais amores imperfeitos,
Que às vezes deixa a gente assim,
Meio sem jeito, metades feitos.

Guarda tuas dores no teu peito;
A dor é tua, não deve ir à rua;
Nem ser lodo nem ser lama,
A dor de cada um que ama.
A dor de quem tanto já amou.

Guarda tuas dores na solidão
De um copo cheio, na mesa de bar.
De bar em bar, sozinho.
Que não saiba nem o teu vizinho
As duras penas de uma tal sofreguidão.

Guarda dentro do teu peito a traição.
Guarda também a dor, e tranca no teu peito.
Põe o chapéu e leva a chave na mão direita.
Vira o peito do avesso e vai pra rua.
Derrama na sarjeta a dor que é tua.
2Curt

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ONDE ESTÁ JESUS?

(RÔ Campos)

Aonde ir?
A quem reclamar?
O que fazer?
Juro que não sei.
E você?
Internet sem sinal.
Escuridão total.
Trânsito um verdadeiro caos.
Muita gente vivendo na moral.
E o que dizer do Congresso Nacional?

Aonde ir?
A quem reclamar?
O que fazer?
Juro que não sei.
E você?
O que nos resta, afinal?
Que luta é essa, tão desigual,
Entre o Bem e o Mal?

Aonde ir?
A quem reclamar?
O que fazer?
Juro que não sei.
E você?
Diga-me: aonde nos levará essa estrada?
O que fazer para alcançarmos o Papa?
Fazer valer a Igreja primitiva de Paulo e Estêvão?
E Jesus? Onde está Jesus, meu irmão?
O caminho?
A verdade?
A vida?

domingo, 17 de novembro de 2013

LOBÃO NA VEJA

Estou lendo só agora minha VEJA da semana passada. Olha que eu não aprecio o Lobão, mas como o cabra foi afiado na sua coluna, com o artigo "A era do rebelde chapa-branca". Um trecho diz o seguinte:
"O Gil acabou no comando do Ministério da Cultura, onde foi aninhando sua cria, o Fora do Eixo, que teve como ponta de lança o Pablo Capilé, um rapaz que afirma ser contra o direito autoral, contra o autor, contra o livro e é pupilo de Zé Dirceu. Tira dos artistas para entregar de mão beijada aos magnatas das redes sociais como o Google, o YouTube e o Facebook. Isso porque não estamos ainda perguntando para onde foi toda a grana que ele recebeu através das leis de incentivo à cultura. É um típico rebelde chapa-branca. Mas o Caetano acha "muderno" esse retrocesso estúpido e desonesto. Chico, lá da França, assina carta de apoio ao Genoíno. São os nossos coronéis chapa-branca solando de cavaquinho".

Mas não é que Lobão esqueceu de incluir um nome de uma empresa brasileira quanto à questão dos direitos autorais tirados dos artistas e entregues aos magnatas das redes sociais!!! Terá sido de propósito??? Alguém aí pode me dizer qual o nome da empresa, porque o alemão tá me atrapalhando todinha. É, esse alemão não tem jeito, não, é global mesmo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

FIOS DA VIDA



(RÔ Campos)

Foram tantos os planos...
E quantos mais planos fiz,
E mais depositei meus sonhos em cestas alheias,
Tantos mais foram os meus desenganos.

Quantos mais desenganos sofri,
E mais feridas se abriram,
Mais forte busquei ser,
Para não me entregar,não ruir.

E quanto mais força procurei,
Muito mais encontrei nos escombros
De outros sonhos do passado, desfeitos
Latentes em minha memória.

Agora, eis-me aqui.
Já não sonho os mesmos sonhos.
E aqueles tantos desenganos,
Os fios que tecem a vida me ensinaram a esquecer.

RETRATOS DA VIDA


(RÔ Campos)

São muitos os retratos
Diante dos meus olhos cansados,
Como se fosse uma avenida
Da vida, nas telas do cinema,
Me trazendo o passado.

Vejo o sorriso escancarado,
Um beijo, o último abraço,
A cama desfeita, o café na mesa.
Ouço os gritos das crianças,
O latido dos cachorros,
O disco tocando na vitrola.
Ouço as vozes de outrora.

A luz vai embora.
Abro a janela da sala, o vento me beija
E apaga a vela posta sobre a mesa.
Está tudo escuro, agora,
E, ainda assim, vejo rostos,
Muitos rostos na parede da memória,
Que nem a força do vento leva embora.

Fecho os olhos e tudo fica claro
A infância alva como os fios da manhã
Os primeiros dias de escola,
As brincadeiras na hora do recreio.
Eu, sempre querendo ser a melhor,
As melhores notas, o melhor trabalho
Na escola, com as amigas, na TV.

Quase que esqueci de viver.




domingo, 10 de novembro de 2013

REINO ENCANTADO DA PARCERIA

(RÔ Campos)

Era uma vez
Uma velha rainha e um jovem rei...
Ela habitava um castelo
No reino da fantasia
Onde portas e janelas
Paredes, telhado e cozinha
Eram todos feitos de poesia.

Ele, tão logo veio ao mundo
Habitou um mágico palácio
No reino da musicologia.
Menino prodígio, predestinado
Cedo iniciou os seus acordes
Espalhando em todo o reinado
O que as musas lhe inspiravam.

Um dia, a velha rainha e o jovem rei
Casualmente se encontraram numa festa
Num reino próximo aos seus
Onde o rei, já vivido, reinava, havia um tempo
Na Constelação dos Corações Valentes.
E o jovem rei, movido pelo encantamento
Pôs-se a musicar os versos da velha rainha.

Era uma vez
Uma velha rainha e um jovem rei
Que se conheceram no reino da fantasia
Poetando acerca de amores imaginários.
Melodia e poesia se encantaram e se casaram
E, desse casamento perfeito, deram à luz uma filha:
Música, é o nome dela.

A PROVA DOS NOVE

(RÔ Campos)

Que coisa mais linda
De se olhar.
Que coisa mais linda
De se viver.
Que coisa mais linda
É viver para o samba.
Porque só quem sabe o samba,
Sabe também o que é viver.
Porque só quem vive de verdade,
Prova do doce e do amargo,
Do que é amar e sofrer.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SÓ O TEMPO


(RÔ Campos)

Só o tempo vai dizer
O que tantas vezes já tentei
Mas eu posso dizer, eu sei
Você vai se arrepender.

Só o tempo vai dizer
O que você nunca quis ouvir
E você vai então lembrar de mim
E também vai se arrepender.

Só o tempo vai dizer
Sobre o verdadeiro amor
Esse que você não deu valor
E será tarde pra se arrepender.

domingo, 3 de novembro de 2013

O HOJE E O AMANHÃ


(RÔ Campos)

O hoje sempre acaba
Mas o amanhã sempre vem
Ainda que seja coberto de trevas
Ainda que seja repleto de luz.

O hoje sempre acaba
Mas o amanhã sempre vem
Ainda que seja na névoa da guerra
Ainda que seja na brancura da paz.

O hoje sempre acaba
Mas o amanhã sempre vem
Para quem acredita no amor e na vida
E não se esvai no fogo da desilusão.

sábado, 2 de novembro de 2013

QUANDO A RAZÃO PERDE O JUÍZO

(RÔ CAMPOS e VALDO CAVALCANTE)

Quem era pra estar certo
Acabou perdendo a razão.
Um pai à procura de sua menina
Perdida, no meio do parque
Fumando maconha
Entre amigos de araque.
Todos meninos perdidos
Sem rumo na base de um baseado
Fungando no embalo do funk.

Quem era pra estar certo
Acabou perdendo a razão
Revoltando a pequena multidão
De pequenos perdidos no parque
Sem base, sem laço, sem casa.
Meninos perdidos na rua
E nos labirintos da mente
Vitimizados, vítimas
Da família, do Estado
Desse estado de coisas.


Quem era pra estar certo
Acabou perdendo a razão.
Porque a razão tem razões
Que as paixões desconhecem.

Quem era pra estar certo
Acabou perdendo a razão.
Porque as paixões não têm razão.
Porque as paixões não têm coração.
E sempre agem à revelia.
E sempre perdem a cabeça.

Quando a razão perde o juízo
Não há mais chão. Só abismo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

20 DE JUNHO DE 2006



(RÔ Campos)

A Amazônia seca e arde
O "Velho Chico" agoniza
O mundo está na UTI
Não há outro planeta para onde ir
Luz e Sol, somente aqui.

Visão apocalíptica de VEJA:
O progresso, a tecnologia, o capital
A desserviço do homem e da natureza.
Duelo entre a vida e lucro.
Ambos serão vencidos.

O MAR E O SERTÃO QUE MORAM DENTRO DE MIM


(RÔ Campos)

Pedi a Santo Antonio
Que não me deixasses, não
Com medo de não ser ouvida
Plantei um pé de mar
No meio do meu sertão.

Um dia, veio a tempestade
E inundou o meu sertão
Levando então embora
Quem morava no meu coração.

Insisti com Santo Antonio
Pra que voltasses pra mim
Mas o santo casamenteiro
Achou melhor assim:
Casou o mar e o sertão
Que moram dentro de mim.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ÁGUA VIVA


(RÔ Campos)

Todo mar que não é morto é pura fonte
Água viva, é temporal e mansidão.
Todo amor que se perdeu é descaminho
E o querer que já não pulsa é fogo morto.

Todos os sonhos se deitaram em berço explêndido
E outras vezes arderam em alcova alheia.
Toda traição dói muito menos ao traído
Que ao traidor que anda à solta distraído.

Vejo o crepúsculo e o dia então invade a noite
Que sai em fuga, alucinada, a se guardar atrás dos montes.
O dia toma a madrugada nos seus braços, em um quase-estupro
Nasce a manhã, de um longo parto, entre gemidos que se ouvem ao longe.



domingo, 27 de outubro de 2013

CULTURA?!

(RÔ Campos)

Terminando de ler o jornal A Crítica de ontem, sábado, 26 de outubro, Caderno Bem Viver.
1) Última folha, matéria sobre Primeiro Manaus Rock Fest, algumas fotos de bandas locais. Negócio caricato a não mais poder. Os caras copiam até a expressão facial dos outros roqueiros dalhures.
2) Ainda na mesma folha, matéria sobre show de uma certa banda Korzus, diz que "considerada uma das bandas de metal mais respeitadas e de maior destaque do país". Sabem onde vai foi o show, ontem, sábado? Quadra da escola de samba Aparecida. É, Manaus tem dessas coisas.
3) Ainda no Bem Viver, com destaque para LITERATURA, matéria sobre Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, informando que o dito-cujo distribuirá autógrafos em seus títulos "literários", na 1ª Feira de Livros de Manaus, no Shopping Manaus Plaza. Num dos livros, cujo título é Tesão, ele traz poemas que criou com base em suas fantasias, sensações e relacionamentos. Como seriam seus desejos sexuais se virassem poesia? Cita a matéria, ainda, que "entre peitos, coxas e mãos, o autor fala para todos os públicos, homens e mulheres, casados ou solteiros, embora aborde relações que aidna são tabus para a sociedade, como o relacionamento aberto, sexo com desconhecidos ou ainda o famoso ménage à trois...". Encerra a matéria com o seguinte: "Segundo Tico, o grande segredo desse livro é deixar com que os leitores tentem descobrir quais dessas situações realmente aconteceram, quais foram as suas fantasias e quais ele tem o desejo de que se realizem. O músico traz um erotismo coloquial, casual, que pode facilmente confundir-se com os próprios pensamentos do leitor".
Então, tá! E tudo isso - repita-se - no espaço reservado à LITERATURA. E o livro em questão recebendo tarde (ou dia, ou noite, sei lá) de autógrafo, numa tar de 1ª Feira do Livro do Manaus Plaza. Daí já se tem o tom da coisa.

MÃE...SE TU NÃO FOSSES MINHA.


(RÔ Campos)

Mãe, me diga, por favor,
Onde colheste essa flor
Que tem cheiro de lavanda,
Lavando tua tristeza e dor?

Mãe, aonde vais quando não estás aqui?
Sei que me levas no teu coração,
Mas dói demais te saber perdida nos labirintos
De uma memória que se apagou.

Mãe...perdi a fala, não encontro palavras.
Queria te dizer tanta coisa, mãe querida,
Mas, quando me beijas, não sai mais nada.
É apenas o soluço que trago e me engasga.

Mãe, às vezes eu me pergunto:
Que seria feito de mim se tu não fosses
Aquela que ao mundo me trouxe, a vida me deu, num sopro,
Esse presente que - dizem - só pode ser de Deus?

sábado, 26 de outubro de 2013

CANTA, CANTADOR


(RÔ Campos)

Canta, canta, cantador
Faz sarar minhas feridas
Traz pra mim, a minha vida
E leva pra longe essa dor.

Canta, canta, cantador
Na porta dos meus ouvidos
Canta pra tristeza ir embora
Canta pra que entre o sorriso.

Canta, canta, cantador
Canta uma canção pra ela
Canta que a noite é linda
Canta que a vida é bela.

Canta, canta, cantador
Canta pra que entre o sorriso
Canta pra tristeza ir embora
Canta que a noite é linda
Canta que a vida é bela.

BRINCAR DE AMAR



BRINCAR DE AMAR
(RÔ Campos)

Por que deixamos passar tanto tempo?
Já não somos tão jovens
Já não temos o tempo
Já não temos nem tempo
De brincar de viver.

Por que desistimos da gente
Dos dias de vinho e de licor
Das noites altas, do carinho
Desistimos até mesmo de fazer amor?

Por que vieste me ver ontem, assim, de repente
Com tanto brilho nos olhos e cheio de alegria?


Por que entraste de novo na minha vida?
Por que saíste em seguida?
Por que não voltas, mesmo mentindo?
Pra gente brincar de amar,
Pra gente brincar de viver.

Por que não voltas,  mesmo fingindo
Dizendo que  ainda me queres
Pra gente brincar de amar 
Pra gente brincar  de viver.

O "EU" DE CADA UM


(RÔ Campos-Sônya Prazeres)

Nenhuma flor é frieza
Nenhuma dor é em vão
Nem todo silêncio se cala
Nem todo grito é multidão.

Nenhuma mentira é bem-vinda
Nenhuma paixão é amor
Nem toda saudade é dorida
Nem toda verdade é doutor.

Nenhum céu é o mesmo azul
Nenhum sol é tal e qual
Nenhuma lua é a da minha rua
Universo é o de cada um.

sábado, 12 de outubro de 2013

FINGIR


(RÔ Campos)

Tento fingir que te esqueci
Só assim é possível viver:
Mentindo para os outros
Te escondendo de mim.

Tento fingir que já não choro
E culpo a poeira pelo inchaço nos olhos.
Tento fingir que já não sofro
E pinto um sorriso amarelo no canto da boca.

Tento fingir que ainda sou alguém
Que acredito, um dia vou ser feliz.
No silêncio da noite derramo a minha dor
De dia espalho a alegria que invento.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O SOL E A LUA


(RÔ Campos)

A lua e eu. Eu e a lua
Eu namoro ela declaradamente
Ela namora o sol às escondida.
Os dois, ouvi dizer, nunca se viam
Mas, vou contar um segredo:
Outro dia, do outro lado da rua
Eu juro, olhei pro céu
E vi o sol cara a cara com a lua.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

VELAS AO VENTO


VELAS AO VENTO

(RÔ Campos)

E ninguém pode entender
O que há no coração de alguém
E quem vai tentar saber
Sem enxergar além?

Os olhos são um mar
O peito um imenso cais
Quem há de ancorar
Sem nem temer jamais?

As dores do amor
São quais punhais que ferem
Mas quem o crucificou
Deixando marcas na pele?

E vejo lágrimas, a peste
Uma cruz que se carrega
Só o amor - não há quem negue
Solta ao mar o barco, ao vento a vela.

A ESCALADA DA VIOLÊNCIA E A PERDA DA DELICADEZA


(RÔ Campos)

Ontem à noite eu senti medo. Estava em frente à minha casa, por volta das sete da noite, conversando com minha irmã Rosana, que estava de saída, quando vimos uma moto subindo a rua; tratamos de entrar imediatamente, e só voltamos quando tivemos certeza de que a moto havia desaparecido. Continuamos a conversa, quando percebemos dois rapazes magros, um deles sem camisa, descendo a rua. Corremos para dentro, eu, agoniada, sem conseguir fazer funcionar o controle remoto do portão. Meu coração ficou na boca, com medo de que, acaso fossem bandidos, entrassem na minha garagem antes que o portão baixasse totalmente.

Não são raros os dias em que temos vivido amedrontados, assustados com tanta violência em nossa cidade, tanto faz dentro de casa ou no meio do mundo. Volta e meia são os amigos ou desconhecidos brutalmente assassinados, como no último final de semana, a querida Michelle Freire, e, ontem, a família Xavier, em pleno recesso de seu lar.

Temos medo de abrir o portão para atender a um pedinte à procura de comida, de roupa ou de qualquer outra ajuda. Já não abrimos mais a nossa porta para qualquer um, temos receio até de socorrer alguém que, muitas vezes, precisa realmente de ajuda, porque ninguém traz identificação em sua face. O mais lamentável de tudo isso, além das perdas irreparáveis, dos sonhos cerceados, das vidas adulteradas e abreviadas, é que por força dessas circunstâncias, nós, sem querermos, estamos pouco a pouco perdendo a delicadeza.

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"


RÔ Campos

"Vivíamos aqueles idos tempos, e eu jurava que te sabia. Ninguém tirava de minha cabeça que eu conhecia a tua cor predileta, o prato preferido, o que te fazia feliz, e tudo o que poderia causar-te mágoa. Eu supunha saber até os sonhos que ainda não havias sonhado. E, assim, os anos se foram...Eu continuei jurando que te sabia. Sempre estavas aqui, quando mais te necessitava, mesmo quando não te chamava. Cheguei a pensar que também me amavas, com a mesma força, a mesma medida e a mesma intensidade. Confesso-te que me enganei. Não, nem tu mesma sabias que a nossa aliança não era de verdade, não naqueles dias. O elo foi quebrado, e eu fiquei durante muito tempo tentando colar os cacos dos meus cristais, consertar os meus navios, com uma tristeza profunda no meu coração, exatamente porque o elo havia se partido, escancarando a fraqueza de todos nós. É bem verdade que não eras aos meus olhos, por exemplo, uma rocha, mas uma jóia preciosa, isto, sim. Uma jóia que, então, perdera o seu valor. Depois que consertei os meus navios, nossos destinos tomaram rumos diversos. Naveguei por outros mares, descobri novos amigos, novos mundos, vivi coisas inusitadas, e vez em quando lembrava de ti, que sempre estivera ao meu lado me vigiando com os olhos de Moscou, e me lembrando de coisas com as quais não me importava. Nessas minhas andanças, compreendi tuas razões. Descobri que nós, as mulheres, somos mesmo assim quando estamos amando (aliás, faz algum tempo que o amor não mora mais em mim...). Brigamos com o mundo, tornamo-nos cegas, trocamos tudo num segundo, mesmo que seja bom, pelo gostinho amargo de um "amor" que maltrata. E insistimos. Acreditamos que vamos conseguir vencer, mudar o outro, quando, na realidade, tudo o que precisamos é mudar o rumo do navio que transporta o nosso destino, alçar velas, dobrar à direita ou à esquerda, buscar um atalho, vencer a tempestade, ou, então, deixar que o vento nos leve para longe, seguir em frente, sem voltar os olhos para trás, porque o passado é um baú cheio de ossos e restos de cabelo.
Acho que foi na Primavera que nos reencontramos. Tu já estavas refeita e vivias um novo amor, que também era velho.Ainda o vives até hoje...e parece eterno.
Eu...faz algum tempo vivo livre, sem amar. O mar é calmo e o céu azul e cheio de estrelas. É muito estranho para mim, que tanto já amei, - amores esses que aprisionam - viver num mundo livre, coração solto, sem amar ninguém. É uma espécie de cumprimento de dura pena em liberdade. E tenho rogado a Deus que me condene a voltar a crer que amores são possíveis".

domingo, 29 de setembro de 2013

DURA PENA


(RÔ Campos)

Minha alma vive livre sem amar
Num mar tão calmo e céu azul.

Minha alma já não crê no que virá
Porque meu coração não mais espera.

Por isso eu pergunto aos juízes:
O que é viver num mundo sem amar
Cumprindo dura pena em liberdade?

Então eu imploro a Deus que me condene
A crer de novo que amores são possíveis.

TUDO POR NADA

(RÔ Campos)

(Uma singela homenagem à querida Michelle Freire, que amava a vida, funcionária desde sempre do Porão do Alemão, muito querida por todos, e que foi brutalmente assassinada ontem, nas ruas violentas desta Manaus também violentada).

Um cão nojento abreviou
A vida que tanto amavas.
Tudo por nada.
Tudo por nada.

Oh, Michelle!!!
Oh, Michelle!!!
Hoje o rock vai ser no céu!!!
O rock aqui na terra emudeceu!!!

AONDE O VENTO ME LEVAR (Sobre aforismo de Nietzsche)


(RÔ Campos)

"Desde que me cansei de procurar,
aprendi a encontrar;
Desde que o vento me fez frente
velejo com todos os ventos."

Assim, vou vivendo cada momento,
Seguindo o mar do meu destino,
Sem os reveses da força do vento:
Vou aonde o vento me levar.

domingo, 22 de setembro de 2013

IMANÊNCIA


(RÔ Campos)

Que a essência da terra me inunde a alma.
E que eu nunca esqueça do sabor da água,
Do cheiro da terra molhada,
Nem do céu azul sobre minha cabeça.

Que a essência da terra seja em mim constante.
E que eu nunca esqueça do cheiro da mata,
Do cantar do galo abrindo a porta da alvorada,
E da luz do sol invadindo a minha casa.

Que a essência da terra seja em mim constante.
E que eu me lembre sempre da beleza da flor se abrindo,
Dos passarinhos vigiando seus bebês em seus ninhos,
No cajueiro velho do quintal de minha casa.

Que a essência da terra seja em mim constante.
E que eu nunca me cegue ao espetáculo da lua,
Nem ao brilho das estrelas nas noites escuras,
Nem à beleza do arco-íris riscando o firmamento.

Que a essência da terra me inunde a alma.
E que meu coração nunca endureça diante da vida.
Que eu plante, quando a época for de semeadura,
Para que possa tudo colher quando chegar o dia.

Que a essência da terra seja em mim constante.
E que dela nunca faça tábula rasa.
Porque a natureza não é uma folha em branco,
Porém, um código imutável, infalível.

DO QUE É FEITA A VIDA


(RÔ Campos)

Não se vive sem os sonhos
Da doce ilusão que é a vida.
Real mesmo é a morte
Dos sonhos de quem já morreu
Porque esqueceu que viver é sonhar.

Aquele que diz viver
Sem a doce ilusão dos sonhos,
Queda a cada dia em penumbra cinzenta,
Onde não existe lua, nem estrelas,
Nem sonhos, nem mãos benfazejas.

Quero poder sonhar meus sonhos
A cada noite crua, sem lua
A cada manhã com negras nuvens.
Quero, assim, sonhar que colho flores
Sem me importar com seus espinhos.

Porque as feridas dos espinhos de hoje
São as cicatrizes de amanhã.
E as cicatrizes de amanhã
São a prova cabal de que vivi.
Tanto que, hoje, eu ainda estou aqui.

Sonhando os meus sonhos doces.
Sentindo saudades de quem tanto amei.
Uma saudade amiga, que me conforta
Que vem silenciosamente e me diz:
A vida é feita de sonhos...e saudade.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CASTELOS DE AREIA


(RÔ Campos)

Era uma quente tarde de verão, num setembro não distante. Nessa época, o vento sopra muito forte em São Luís do Maranhão. Tão forte que voam mesas, cadeiras e até pessoas - dizem os repentistas -, na orla de toda a ilha bela de Gonçalves Dias, Josué Montello e Ferreira Gullar, e também de Carlinhos Veloz. Saí do hotel e me pus a passear pelas calçadas da avenida Litorânea, passos curtos, enquanto o sol e o vento disputavam um pedaço de meu rosto. Vez ou outra, envolta em meus pensamentos, eu voltava os olhos para o mar e avistava os surfistas bem próximos à praia, fazendo verdadeiros e perigosos malabarismos, e, ao longe, muitos navios parados, aguardando o momento para a descarga das mercadorias, no porto de Itaqui, na Baía de São Marcos. De repente, senti que a fome começava a gritar, e resolvi parar num dos inúmeros quiosques padronizados instalados na orla da praia do Caolho. Escolhi uma mesa plástica dentre as muitas postas na areia da praia, entre o quiosque e o mar, que me dava uma visão maravilhosa, tanto do mar quanto dos dois lados da praia. E ali fiquei novamente a olhar os navios. Meus pensamentos iam e vinham, no mesmo movimento das ondas que batiam nas areias da praia e voltavam para o mar.
Quantas situações interessantes se passaram diante dos meus olhos, durante aquelas horinhas mágicas ali na praia do Caolho, cujo nome nada interessante não consegui descobrir a que se deve, o qual também não faz jus à beleza natural do lugar, repleto de palmeiras que pareciam brigar com a força indomável do vento, e, a muito custo, mantêm-se imponentes, no entanto, sem a soberba dos que se julgam os donos do mundo, embora cônscias de sua magnitude.
Vi um casal que chegou, trazendo uma criança do sexo masculino, por volta, talvez, dos 12 anos. A mulher, uma balzaquiana, com o tamanho do quadril muito acima do normal e ancas imensas, cheias de grandes bolhas provocadas por celulites gigantes, coxas três vezes maiores que as minhas, alta, pesando, possivelmente, uns 130 quilos. Ela chamava a atenção de todos pela, digamos, anormalidade estética; o tamanho dos seios era diminuto, e do abdômen para cima a largura era totalmente desproporcional à parte inferior do corpo. O marido, um quarentão, moreno e bonito. Pois ela não se fez de rogada em nenhum momento: na praia, retirou a canga e foi, mostrando seu diminuto biquíni azul, até o banheiro do quiosque, enquanto a plateia inteirinha, boquiaberta, a olhava. Depois, seu companheiro a ajudou a fincar a canga na areia da praia, para ela deitar-se e se bronzear, indo, após, com o garoto, para mais perto do mar, onde ficaram a construir seus castelos de areia. Essa situação me fez lembrar de O Patinho Feio, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, e de quantas vezes senti vergonha do que não deveria, porque devemos aceitar as situações que não podemos mudar, e procurar mudar aquelas que podemos. E que, seja lá o que for, o importante mesmo é viver, sem se preocupar com os aplausos ou vaias da plateia, pois ela está ali para uma coisa ou outra, e nós, para fazermos o nosso papel no teatro da vida.
Depois, um casal com duas crianças do sexo feminino e mais o avô, puseram-se à mesa ao lado da minha. O pai, franzino, tinha uns grandes dentes, bem afastados um do outro. A mãe, um quadril pequeno e o abdômen protuberante, lábios inferiores enormes e desproporcionais aos lábios superiores. Esteticamente falando, eram feios. A criança menor tinha imensas orelhas. A maior, bem, a natureza resolveu premia-la. O casal parecia feliz, acariciava-se, o homem afagava os cabelos da mulher, beijava-a na boca e no rosto, e vez em quando levava as crianças para banhar-se no mar.
Depois, vi a poeta, sentada, escrevendo em seu laptop, olhos ao mar, enquanto o filho e o neto saíam a passear pela praia, juntando conchinhas, que encheram um saquinho plástico; queriam levar de recordação para a terra natal, onde não há mar, mas o rio que corta o Estado é um verdadeiro mar de água doce, tanto que Vicente Yáñes Pinzón o chamou de Santa María del Mar Dulce. Depois, o filho atirou-se ao mar, enquanto o neto, sob os olhares diligentes da vó, que parou de escrever para observá-lo, começou a cavar a areia da praia, dando a nítida impressão, pelas atitudes com as mãozinhas a apalpar a areia, que também começava a construir os seus castelos.
A vó, pensativa, voltou os olhos para os navios ao longe, encobertos pela névoa do final da tarde, e refletiu: seja nas areias da praia ou nas arenas da vida, em algum momento, ou em vários, nós sempre construiremos os nossos castelos de areia, até que o vento sopre forte e os desmanche.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

SABEDORIA



(RÔ Campos)

Envelhecemos antes; a sabedoria vem depois.
Às vezes é tarde: a casa cai, ou o amor se vai.
Oxalá nunca seja tarde demais!

Envelhecemos cedo; a sabedoria tarda.
O mundo gira feito uma roda gigante.
Giramos, giramos...e voltamos ao começo.

Envelhecemos jovens; a sabedoria é anciã.
Os anos se vão como as chuvas de verão.
Tornamo-nos sábios...

Mas o tempo, esse outrora aliado,
Ele dobrou a esquina do passado,
E tomou a estrada do futuro do pretérito.

Eu estaria lá. Quem sabe, eu estaria lá,
Se o tempo não me tivesse consumido,
Se ainda fosse cedo para a sabedoria.














AS BÊNÇÃOS DE OYÁ


(RÔ Campos)

Oyá, Oyá!
O vento bateu forte
Era rio, e era mar.

Oyá, Oyá!
Hoje clamei por ti
E recebi tua proteção.

Oyá, Oyá!
Outra filha também te chamou
Pra apaziguar a fúria de Xangô.

Oyá, Oyá!
Arremeteste o grande pássaro
Que voltou a riscar o céu.

Oyá, Oyá!
O dia ficou mais lindo
Quando o pássaro pousou.



sábado, 7 de setembro de 2013

ROSA


(RÔ Campos)

Por onde andas, não sei
Eu vou ficando por aqui
Fingindo que já te esqueci
Enquanto lembras de me esquecer.

Seja lá o que Deus quiser!

Todos dizem quem ama perdoa
E eu vou ficando por aqui
Fingindo a minha dor
Sem nem mais saber quem sou.

Seja lá o que Deus quiser!

Amanhã, eu posso até morrer
Mas o mundo não irá testemunhar
Que Rosa chorou, mas não sorriu
Que Rosa viveu, e não amou.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DAS COISAS QUE EU NÃO ENTENDO


(RÔ Campos)

Das coisas que eu não entendo
Às vezes vêm as respostas
A perguntas que nunca fiz.

Das coisas que eu não entendo
Às vezes faço perguntas
E as respostas nunca vêm.

Das coisas que eu não entendo
Até hoje não sei quem sou
De onde vim, pra onde vou.

Das coisas que eu não entendo
O amor perdeu as pernas
A prepotência fez a guerra.

Das coisas que eu não entendo
A riqueza e o seu diapasão
A morte a todos iguala.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ALGUMAS COISAS SOBRE A VIDA

(RÔ Campos)

1. A vida é como um novelo de lã; a gente vai usando, usando usando...uns a tecem distorcidamente, outros o fazem delicadamente; até que um dia o tecido está pronto...e o novelo chega ao fim...

2. E o que é a vida, afinal? É o que cada um faz dela - foi o que me disse a voz do vento.

3. A vida é feita de encontros, desencontros e outros reencontros tantos. É feita também de chegadas e despedidas. A vida é feita de verdades escondidas e de mentiras esquecidas no vão da porta.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

UMA CANÇÃO PRA VIVER


(RÔ Campos)

Já faz tanto tempo...
Não faz mais sentido
Correr contra o vento
Em busca do tempo perdido
Se tudo ficou pra trás.

Foram dias tão tristes
Sem lua, nem estrelas
Um céu tão distante
O amor que se foi, feliz
E um coração sangrando.

Não faz nenhum sentido
Nadar contra as águas
Em busca do amor perdido:
O rio da vida segue adiante
Nunca volta pra trás.

Hoje escrevo essa canção
Sem passado, nem futuro
É só a saudade presente
De um tempo que já não é
De tudo que ficou pra trás.

Minhas folhas já caíram
Muitos invernos vivi.
Não demora, nova estação
Primavera no coração
E cantarei pro meu amor essa canção:

És o meu mar, meu céu
Um elo indestrutível.
A água que sacia a minha sede
E o alimento que mata a fome
De um amor inesgotável.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

NOTAS, AGORA, APENAS MUSICAIS...

POSTAGEM DE UM CERTO RENAN BELMIRO, DAQUI DESTAS PLAGAS, QUE FAZ SEI O QUE LÁ PELA ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL - OMB/AM, UM ÓRGÃO QUE AGONIZA NACIONALMENTE, E QUE JÁ CAIU EM QUASE TODA A SUA ESTRUTURA INICIAL.
CAUSOU-ME ABSOLUTA ESPÉCIE ESSA POSTAGEM. ESSE RAPAZ ESTÁ PRECISANDO SE ATUALIZAR, OU MELHOR, SE RECICLAR, SE É QUE CONTÉM EM SUA FORMAÇÃO MATÉRIA-PRIMA PARA ISSO. SABIDAMENTE, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JÁ SE PRONUNCIOU SOBRE ESSA QUESTÃO, E NÃO SUBSISTE MAIS QUALQUER OBRIGAÇÃO DE O MÚSICO FILIAR-SE À OMB PARA EXERCÍCIO DE SEU OFÍCIO. TUDO ISSO EM RESPEITO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DEMOCRÁTICA, EM VIGOR DESDE O DIA 05 DE OUTUBRO DE 1988, QUE, ROMPENDO COM UM PASSADO SOMBRIO, DECLAROU, DENTRE OUTRAS CONQUISTAS, SER LIVRE O EXERCÍCIO DE QUALQUER PROFISSÃO.
PORTANTO, CARO BELMIRO, ESSA TAL DE NOTA CONTRATUAL NÃO PASSA DE UM DELÍRIO SEU, TÃO APEGADO A COISAS DO PASSADO, QUE JÁ FORAM ABOLIDAS PELOS VENTOS DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE, QUE TEIMAM EM SOPRAR NO BRASIL.
NOTAS, AGORA, BELMIRO, APENAS MUSICAIS.

SAUDAÇÕES.
DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI...DOÓÓÓÓÓÓÓ

"O único documento que prova que o músico EXERCEU sua função é a Nota Contratual, mas só pode fazer a nota quem está em dias na OMB, então quem não tá em dias como é que vai poder PROVAR que exerceu a função sem ter a nota?
Será que que o INSS vai pedir pra eles tocarem um CHORINHO ou cantar uma BOSSA? rs..."

sábado, 3 de agosto de 2013

PARAÍSO! ATÉ QUANDO?

Foi nesse lugar mágico que nos refugiamos (eu, meu filho Éric, meu netinho Diogo, meu sobrinho Rodrigo Loureiro, minha sobrinha Vanessa Campos, e minhas sobrinhas-netas Areli e Dara Campos, na segunda-feira passada, folga do DOM LUIZ.
Não tenho palavras para lhes dizer sobre o encantamento das horas que lá passamos, com direito a tudo, exceto a lua, que resolveu não sair. Mas, logo que a noite se derramou sobre a tarde, o céu estava crivado de estrelas. Ficamos feito loucas (eu e Areli), tentando localizar as Três Marias...em vão. Acho que elas estavam escondidas atrás das imensas árvores, dificultando nossa visão. Todavia, vimos o Cruzeiro do Sul, e tantas estrelas lindas, de várias cores, que brilhavam sem parar, e tentávamos visualizar, a olho nu, alguma Constelação. Às vezes eu tinha a impressão de que via dois olhos. O céu está repleto de olhos...pensei. No meio da noite, já estávamos todos deitados em nossas respectivas redes, na enorme varanda que nossos amigos estão construindo em sua casa, e percebemos o barulhinho gostoso do igarapé cortando a floresta, e seguindo o seu curso. Que delícia! No final da noite e início da madrugada, a chuva despencou, e ficamos todos regozijados com isso. A madrugada ficou mais fria, e dormimos ao som da fina chuva que caía, molhando o chão ressequido pelo forte calor que fazia naquela segunda-feira, durante o dia.
O barulhinho do igarapé cortando a floresta e o barulhinho da chuva fina caindo sobre as telhas da casa; o frio gostoso na rede; o edredon como companheiro; os pensamentos nas nuvens; o corpo e a mente relaxados; o dia seguinte: o sol surgindo, o banho delicioso no igarapé, a farra das crianças, a conversa jogada fora...Um verdadeiro paraíso, lá, do outro lado da ponte do bilhão. Até quando?

AS FLORES DO JARDIM DA NOSSA CASA













Ontem saí por aí e lembrei muito de ti. Quando ainda estava na rua, senti um desejo enorme de escrever. A caminho de casa, lá pelas tantas da madrugada, dirigindo o meu carro, ouço Roberto Carlos cantando no rádio As flores do jardim da nossa casa. Não consigo me conter: as lágrimas caem em profusão silenciosa. Olho para o céu e, de repente, depois de muitos dias ausente, vejo a minha, a tua, a nossa estrela, tão solitária como sempre. Lembro-me da primeira vez em que, juntos, você, qual uma criança, apontava para o céu e dizia efusivamente: olha, é a minha estrela!! Eu então te disse: é a minha estrela, também. Ela está sempre sozinha, mas nunca perdeu o brilho. Queria dizer-te que continuo cultivando o nosso jardim; mas, assim que partiste, ele ficou muito triste, e todas as flores morreram de saudade de você. Os dias foram passando, passando, passando, a saudade aumentando, e o nosso jardim não dava sinais de vida. Até cheguei a tentar, mas percebi que eu não tinha mais qualquer interesse em cultivar outros jardins. Resolvi voltar a cuidar do nosso, enquanto converso todos os dias com as estrelas, sem me cansar de perguntar se elas sabem por onde você anda. Elas riem de mim. Ficam brilhando, brilhando, brilhando...e eu, envergonhada, emudeço. Todo jardim precisa ser cuidado. Toda flor precisa ser regada. O amor é como uma flor. Então, continuo cultivando nosso jardim.Outros jardins já não mais me interessam. E vou ficar aqui, cultivando, cultivando, cultivando, até o dia em que decidires voltar, para continuar cuidando do nosso jardim, regando a tua flor. E tudo que fomos nós irá sobreviver com a força do amor. E todas as Constelações farão festa no céu. Mas a nossa estrela continuará ali, solitária e brilhante.

http://youtu.be/8jm6mQeInpU

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ESQUECE


(RÔ Campos)


Eu estou bem, e você, como está?
Fazia algum tempo que não te sabia,
Mas hoje a tua solidão ganhou o mundo
Invadiu o Facebook, postou fotos.
Vi teu rosto, o mesmo de antes
Mas o teu olhar vai bem distante...

Visitei a tua página, nada de novo
Parece que vives em um outro mundo
Cercado pelos gritos da solidão contundente
Sem fé na vida, perdido num vazio
Que transborda de arrependimento do passado
E te enche de desesperança no futuro.

Li que não faço parte de tuas lembranças.
São os outros que antes nem te procuravam,
Que hoje te matam de saudade.
Riscaste o meu nome do teu caderno,
Mas fui eu que virei a página do livro
Da minha vida onde há muito já não cabes.

Portanto, te peço, ao menos tenhas cuidado,
E te ponhas a deletar os meus poemas.
Tanto os que escrevi amorosamente para ti,
Quanto aqueles que dediquei a outras causas.
Esquece tudo o que te jurei. Esquece.
Porque, quando o amor se vai...esquece.

SOS DILMA!!!!


(RÔ Campos)

Acho que a Dilma perdeu a grande oportunidade da vida dela. Deveria ter mandado pras cucuias qualquer projeto de reeleição, rompendo com tudo isso que está aí e tomando as rédeas deste país, fazendo o que tem que ser feito. Este é o momento. Sairia bem maior do que entrou, e relegaria seu criador às sombras.
Vamos, Dilma, faça!! Corta as cabeças desse teu ministério. Reduz os teus gastos. Convoca essa tua base aliada para, daqui pra frente, ler a tua cartilha. E, se não quiserem, dá um chute no traseiro deles, e governa junto com o povo e para o povo. Desemparelha a máquina. Recupera nossas estradas, portos e aeroportos. Viabiliza o escoamento de nossa produção. Cuida de nossa abandonada infraestrutura. Turbina a economia. Cuida com amor e afinco de nossa educação, da saúde e da segurança pública. Cuida de nossas crianças, jovens e velhos. Dá aos índios o que é deles; isso não seria nenhum favor. Queremos chegar ao primeiro mundo. Somos a sétima potência mundial. Será tão difícil, assim? Com boa vontade e sem roubalheira, o nosso país dá certo. Somos muito ricos, Dilma. Possuímos muitos recursos naturais. E somos um povo trabalhador, Dilma. Devolve a teu povo a dignidade que lhe foi usurpada. Não serás mais uma sombra, Dilma. Uma grande estadista, é o que serás.

E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE


(RÔ Campos)

É um comprovado deficiente mental, condenado à cadeira elétrica nos Estados Unidos, pelo assassinato de uma mulher e de um outro presidiário. É um menino de apenas 12 anos, envolvido com o tráfico de droga, executado nesta Manaus enlouquecida, como uma Pauliceia Desvairada. É uma menina de apenas 8 anos, vilipendiada por seu avô, também aqui nesta Manaus. É uma anciã, estuprada pelo próprio filho, também aqui nesta Manaus. São incontáveis adolescentes e jovens, envolvidos com o tráfico de drogas, sumariamente executados, todos os dias, também aqui nesta Manaus. É um filho que mata, ao mesmo tempo, o pai, a tia e a prima, com requintes de crueldade, também aqui nesta Manaus cosmopolita. São presidiários que somem da cadeia e são encontrados, esquartejados, em malas boiando no meio do rio, também nesta Manaus desgovernada. São mais de 170 presidiários, alguns de altíssima periculosidade, que se rebelam e fogem da cadeia, assombrando toda a população desta Manaus depauperada, que sediará uma tal de Copa Verde. Verde de vergonha, suponho. É uma humilde cidadã, vinda do interior, doente, correndo risco de morte, necessitando fazer, com urgência, um procedimento fora da cidade, e que, para tanto, teve que bater às portas do Poder Judiciário, a fim de que compelisse o Estado, através da Secretaria da Saúde, a cumprir com sua obrigação constitucional, mas que, embora concedida liminar impondo tal procedimento, manteve-se inerte, só o fazendo mediante ameaça de prisão do nobre secretário. Coisas do Brasil! É a corrupção que grassa no país, matando anos a fio milhares de pobres anônimos Brasil a dentro, destruindo sonhos que nem mesmo foram sonhados, porque a miséria dilacera e humilha. E assim caminha a humanidade...

A DOR DE UM PASSARINHO PRESO NUM BANHEIRO


(RÔ Campos)

Ontem à noite, eu assisti, durante alguns minutos, a agonia de um passarinho sentindo-se absolutamente preso no meu banheiro, de seis metros quadrados. Ele não conseguia encontrar a saída, o mesmo lugar por onde entrou. Eu fiquei ali, desesperada. Queria ajudá-lo, estendi a minha mão algumas vezes, mas ele, amedrontado, voava e se debatia muitas vezes contra a parede ou contra o teto, e ia ao chão. Ele, certamente acuado e com medo, começava a emitir uns sons, semelhantes ao choro - pensei. Quanta aflição! Por duas vezes, ele alcançou a janela do banheiro,modelo basculante, mas ficava de costa para a rua. E a saída estava ali, tão pertinho, mas o desespero era tamanho, que ele não conseguia enxergar. E eu ficava ali, quieta, com o coração condoído, torcendo para que ele encontrasse essa saída, o que só aconteceu depois de uns cinco minutos enlouquecedores. Refleti muito sobre tudo isso. Sobre a dor de um passarinho preso numa minúscula gaiola, querendo sair, voar, ganhar o mundo. Lembrei da canção Pássaro, Canto e Cativeiro, do nosso cantador Antônio Pereira, que tanto fala sobre a dor de um passarinho preso na gaiola, querendo voltar a ser livre, voar, voar. Depois, em meus devaneios, pensei: muitas vezes, encontramos portas abertas, e entramos. Às vezes, foram as piores decisões e incursões de nossas vidas. Como sentencia a música Esses Moços, célebre na voz de Nelson Gonçalves, muitas vezes saímos do céu, e vamos ao inferno à procura de luz. Lá dentro, vivemos dias de profunda angústia e dor, queremos sair, a porta está ali, escancarada, mas não vemos. Entramos com toda a força de nossas energias, com nossos sonhos nos estágios mais sublimes e elevados, e não encontramos essa mesma energia que nos dê forças para sair, quando descobrimos o segredo do outro, quando os sonhos,então,tornam-se uma terrível realidade. Muitas vezes, acredito, basta alguém para nos ajudar, uma mão estendida, uma palavra amiga, como eu queria fazer com aquele passarinho, para que ele saísse de seu desespero, de sua prisão, rumo à liberdade que havia ficado lá fora, embalada pelo vento e pelo frescor da noite. Ou, quem sabe,basta-nos ouvir a voz que grita dentro de nós, essa voz de um Deus que habita o interior de quem já O descobriu.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

AGENDA OCULTA DO PT


(RÔ Campos)

Tem muita coisa por trás disso tudo, nós bem o sabemos. É a "agenda oculta" do PT. Essa presidente não deve estar muito bem de suas faculdades mentais. E o pior é que, apesar de tratar-se de uma questão absolutamente grave, pois são os destinos da saúde deste país, o povo comeu abiu e as vozes das ruas emudeceram de forma ensurdecedora. Esses vetos indecentes têm que ser derrubados, senão, pobres de nós...A incoerência é tão gritante que, só para fazer uma ligeira comparação, regulamentam a profissão de doméstica, e, em seguida, desregulamentam a de médico. Com que interesses tão escusos???? Aonde esse povo quer chegar, ou nos fazer chegar? Isso fede muito, tem um viés tão absurdamente autoritário quanto ultrapassado. Dizem, dizem, que a intenção é privatizar. Mas a mim me parece que a intenção é lavar as mãos, deixando à própria sorte o mais importante dos bens que o ser humano possui, que é a sua saúde. Não importa liberdade. Não importa dinheiro. Não importa nada, se um homem não tem saúde. Um homem sem saúde não é nada nem ninguém, pois, para gozar dos demais bens que o bem maior, que é a Vida, concedeu-nos, necessitamos dispor de saúde física e mental. Enquanto Obama, nos Estados Unidos, lutou para que os pobres tivessem acesso a um programa de saúde naquele país, aqui, o governo de plantão dilapida o precário sistema existente, em detrimento dos pobres e da classe média. Eles, os políticos, dispõem, dentre outras benesses, pagas com o dinheiro do povo, de aviões, inclusive para os piqueniques, para se locomover para onde bem entenderem, e para pagar honorários médicos, os mais renomados, e hospitais, os mais sofisticados. Os ricos, também. Agora, nós, classe média e pobres, estamos cá a ver navios. Isso é muito sério, e o povo precisa acordar. As associações e organizações de defesa da democracia precisam acordar. Estão jogando na lama a dignidade dos médicos deste país. Estão jogando na lama a dignidade do povo deste país.

PROIBIDO DESERTAR


(RÔ Campos)

Sempre há um caminho a percorrer, por mais duro que o seja. Por mais árido que o seja. Por mais escuro que o seja. Mas, ao término do percurso, ninguém nunca mais será o mesmo. A dor, a solidão, nossos dias de inverno, lapidam nosso coração. E haverá desertos novamente, mas eles não nos vencerão. E haverá escuridão, novamente, mas ela não nos cegará. E haverá dor, novamente, mas ela não nos fará querer desistir. E haverá frio, novamente, mas a conexão com o Cosmo nos fará suportar. E haverá medo, novamente, mas a coragem será sempre companheira. E haverá solidão, novamente, mas um coração onde o amor transborda nunca será só. E uma alma que descobriu seu Deus interior, e com Ele conversa, e com Ele se aconselha, fará sempre todas as travessias, cumprirá todos os percursos, e sempre sairá mais forte do que entrou. A vida nos oferece infinitas possibilidades de vitória em seus combates. Há apenas uma exigência: é proibido desertar.

SOBRE O PAPA FRANCISCO E A IGREJA DE JESUS CRISTO


(RÔ Campos)

Gosto da carinha e do jeitinho do papa Francisco. Gosto de suas atitudes, usando as sandálias da humildade. Acho que o sorridente papa Francisco veio realmente para resgatar a igreja de Jesus Cristo. Estou lendo "PAULO E ESTÊVÃO", livro psicografado por Chico Xavier, ditado pelo espírito de Ammanuel, um dos mais belos da literatura espírita. Uma leitura eletrizante, que não dá vontade de parar. São 488 páginas; faltam em torno de 100 para eu terminar. Narra sobre os primórdios da criação da Igreja de Jesus Cristo, começando pela história do velho Jochdeb e seus filhos Jeziel e Abigail. Jeziel, que, convertido, adotou o nome de Estêvão, e sua história de sofrimento, perda, e amor, muito amor ao próximo, considerado, por isso, o primeiro mártir do Cristianismo. Depois, segue-se à história de Saulo de Tarso, um dos maiores perseguidores da nascente Doutrina Cristã, o qual converteu-se ao Cristianismo, após ter tido uma visão de Jesus, a caminho de Damasco, capital da Síria, passando a adotar o nome de Paulo de Tarso, tornando-se o maior divulgador da Igreja de Jesus Cristo. A troca de nome feita pelos convertidos tornou-se costume na Igreja de Jesus Cristo sempre para homenagear grandes figuras que contribuíram para a fundação ou divulgação da Igreja. Por isso, considero sublime a escolha, pelo novo papa, do nome de Francisco, uma homenagem a Francisco de Assis, o despojado, o santo dos pobres, dos humildes, dos oprimidos, e amigo dos animais,esses seres de suma importância para nosso desenvolvimento espiritual. Esse romance nos mostra o quanto a Igreja de Jesus Cristo se perdeu no decorrer de séculos, afastando-se do ideal de sua criação e das lições ensinadas pelo humilde Carpinteiro de Nazaré. A Igreja de Jesus Cristo foi fundada para dar amparo aos pobres, aos miseráveis, aos doentes, aos pequeninos. Mesmo para aqueles que não creem, a leitura desse romance é absolutamente magnética, ainda que o tenham como ficção ou relatos da História. Agora, vou procurar fazer a leitura de livros que me expliquem por que a Igreja de Jesus Cristo passou a se vestir de ouro, a ostentar e escancarar uma opulência desmedida (se é que possa haver medida certa para a opulência), afastando-se tanto do ideal de sua fundação, em todos os sentidos.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

REVISITAÇÃO


(RÔ Campos)

Hoje, sem querer, te revisitei
Um pouco de minha vida que se foi
Muito de tua vida que ficou...pensei.

Lembrei-me do salgueiro a chorar
Ferido de silenciosa solidão
E dos sonhos que deixamos de sonhar.

Lembrei-me do rio que te levou
Dos caminhos que eu não sei
Do sol que, sem querer, te açoitou.

Lembrei-me quando te vi, a primeira vez:
Teus olhos de conta fazendo de conta
Que não miravam a minha tez.

Lembrei-me ainda do último dia
Quando te fostes, nas primeiras horas
Levando na bagagem, todo contente, feliz
As promessas que eu não cumpriria.



quinta-feira, 27 de junho de 2013

OUVIRAM DA PAULICÉIA DESVAIRADA AO ANOITECER, DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE


(RÔ Campos)

Havia um grito engasgado
Havia uma dor, quase calada
Havia um quê de desilusão
Havia claros sinais de desesperança
Havia tanta coisa presa na garganta.

Havia um olhar desconfiado
Havia um sentir tão dolorido
Havia perguntas sem respostas
Havia descrença na vida
Havia desmedido cansaço.

Havia um coro: alienados!
Havia muito descaso
Havia corrupção. E doía
Havia total escuridão
Havia um coro: conformados!

Havia crianças adulteradas
Havia vidas interrompidas
Havia total insegurança
Havia sonhos despedaçados
Havia um Congresso corrompido.

Havia meliantes disfarçados
Havia ladrões do Erário
Havia bandidos condenados. Livres!
Havia menores, pobres, aliciados
Havia um povo todo abandonado.

Havia maracutaias na calada da noite
Havia negociatas na agitação do dia
Havia promessas jamais cumpridas
Havia sede de Poder. Perpetuação no Poder.
Havia toda a sorte de conchavo.

Havia desespero na Saúde
Havia descaso na Educação
Havia roubalheira institucionalizada
Havia erros crassos, manipulação.
Havia um total desgoverno.

Havia o que se dizia ser uma democracia
Havia muita coisa empurrada debaixo do tapete
Havia loteamentos no Planalto Central
Havia loteamentos na planície
Havia cargos loteados em toda a Federação.

Havia governos e prefeitos endividados
Havia muitos pires no Palácio do Planalto
Havia muitas Emendas premiadas
Havia poucos bolsos recheados. Camaradas!
Havia muitos bolsos vazios.

Havia muito descalabro
Havia alianças com o outrora inimigo
Havia o esquecimento das promessas
Havia um flerte com o passado
Havia capitulação generalizada.

Havia toda a sorte de patifaria
Havia camuflação
Havia verdades escondidas
Havia mentiras mil vezes repetidas
Havia um discurso que jazia.

Havia desânimo ao nascer do dia
Havia uma sensação de desamparo
Havia uma fúria que se avizinhava. Agonia.
Havia uma voz nas entranhas que dizia:
Haverá de irromper uma insurreição. Havia.

Era uma vez...final do dia
Um dia de fúria...
Jovens, muitos jovens se aglutinavam
Era a insurreição que irrompia
Muitos eram os rostos revoltosos na Paulista.

Eram os meninos alienados, conformados
Maconheiros! Classe média! Vândalos! Baderneiros!
Polícia! Polícia! Gás lacrimogêneo. Balas de borracha!
Foram os meninos encurralados, agredidos, violados
E foram também jornalistas, na Paulicéia Desvairada.

E havia um certo Jabor, por muitos respeitado
Que, em rede nacional, desqualificou os jovens guerreiros
Em jogo eram muitos os interesses financeiros...
Seus fãs se sentiram ultrajados, lesados
E conta a lenda que Jabor era pau-mandado.

E a insurreição ganhou o país. Ganhou o mundo
Era a Copa das Confederações...
Blatter e Dilma, quem diria, vaiados em Brasília
O suíço chamou o cordato povo brasileiro de mal-educado
Dilma perdeu a pose, em pleno Mané Garrincha.

De Alckmin, o tucano, nada se ouvia
De Haddad, o prefeito gasparzinho camarada
Acostumado a dar tantas mancadas
Não ousou perto de ninguém chegar
Até enxergar que o leite já havia derramado...

Eis a primeira parte dessa narrativa emocionante
Sobre o dia em que ouviram da Paulicéia Desvairada ao anoitecer
De um povo heroico o brado retumbante
Para que os fatos não se percam na memória
Dos que disseram haver um dia reescrito a nossa história.

"Eles Passarão. Nós, Passarinho"

JUVENTUDE: A GRANDE FORÇA DAS NAÇÕES

(RÔ Campos)

Essa linda juventude que está aí ocupando as ruas e praças em todo o Brasil...são filhos e netos de homens e mulheres que desenharam e lutaram em busca da construção de um novo país a ser legado a seus descendentes. Um país livre. Um pais menos desigual. Um país mais justo. Um país mais ético. Um país para se afirmar verdadeiramente NAÇÃO. Uma juventude sem medo do que vem por aí. Que sabe dizer o que sente, o que a incomoda, o que quer, ainda que de forma difusa. Não interessa a forma. O que importa é a mensagem. Uma juventude que não tem medo do escuro. Que se contrapõe àquilo que vê claramente, ainda que cheia de arroubo. Mas é o arroubo da juventude o fogo que coze o ferro que construirá os pilares das edificações futuras, que desenhará o amanhã, para que venham novas manhãs após cada anoitecer. Portanto, essa juventude que está aí..."apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos país".

domingo, 16 de junho de 2013

SOBRE O MOVIMENTO QUE COMEÇOU EM SAMPA E ESPALHA-SE PELO BRASIL


(RÔ Campos)

A classe média (ou algumas centenas ou milhares de pessoas dessa classe social), até por estar sendo obrigada a sair, algumas vezes, de sua zona de conforto, em face dos inevitáveis transtornos causados pela multidão que se agrupa nas ruas, tem dito que isso não é movimento, mas, sim, coisa de baderneiro, de vândalos, e que tem partido político de esquerda envolvido nisso tudo. Não acredita, por assim dizer, que o povo, massacrado e ultrajado, cansado de tanta roubalheira e descaso, tenha capacidade de se reunir e reivindicar, sem qualquer liderança política (até porque isso está em extinção), tentando, inclusive, mudar os rumos deste país assolado pela corrupção, como acontece nos países de primeiro mundo. Ora, pois, se é o povo que, com o seu voto, escolhe quem coloca no poder... Isso tornou-se lenda, bem assim a de que o povo brasileiro é um alienado e conformado. A imprensa e a classe política dizem que isso é coisa da classe média, para desqualificar o movimento, como a sugerir que a classe média não possua direitos, mas apenas o dever de pagar tributos e outras coisitas mais, e, por isso, não pode sair às ruas e reivindicar, exigir, se é ela, logo ela, quem mais tem pago o pato neste país. Muitos a acusaram, inclusive, de marchar junto com os militares na ditadura de 1964 a 1985, em oposição aos comunistas, que acabaram sendo vencidos. Se isso foi verdade, eu não sei. A verdade, ao que se sabe, é que nenhum dos dois lados, então, lutava coisa nenhuma pela democracia no Brasil: de um lado, queriam implantar a ditadura do proletariado, e, do outro...Cada um escolhe de que lado fica. Só não dá é para alienar-se. Esse é um direito do cidadão. O tempo, depois, é que vai dizer quem estava certo. Ou não. Como diria Caetano Veloso.

sábado, 15 de junho de 2013

ABÍLIO FEZ - E MUITO BEM!!!!


(RÔ Campos)

Queria falar alguma coisa sobre o Abílio Farias, mas o momento político brasileiro não me deixa sair do cerne dele. Desde o início de minha mocidade que ouvia falar no Abílio, principalmente por "Coração Indeciso", de autoria do também saudoso Domingos Lima, muito embora não o ouvíssemos em nossa casa, por alguma razão que desconheço ou não me recordo.

Em novembro do ano passado tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, quando do show do Leonardo Sullivan, em prol da igrejinha do Conjunto Petro, com a participação dele. Depois, nos encontramos novamente no Festa Clube, duas vezes, em mais uma dobradinha desses dois artistas. Conheci Abílio e sua então namorada, Tânia, uma jovem e bonita moça, muito simpática, por sinal. No último show, acho que em abril passado, festejava-se o aniversário do Abílio, e eu, Leonardo Sullivan e sua esposa, Preta, assistimos à apresentação integral do Abílio, que cantou (e, sem clichê algum - verdadeiramente encantou-nos a todos) antes de Leonardo Sullivan. Uma coisa eu posso dizer: o menino que existe dentro de nós vivia latente dentro dele. Sorridente, pé de valsa (num dos shows ele dançou bastante com sua namorada), e um vozeirão pra ninguém botar defeito.

Ficamos de marcar um desses encontros inesquecíveis aqui em minha casa, regado a muita música, comidinhas e gelada...mas teremos que marcar esse encontro noutra dimensão.

Abílio emudeceu. Abílio faria. Abílio não faz mais. Abílio fez - e muito bem, com o instrumento maravilhoso que ganhou de presente de Deus - a sua voz.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

E A VERDADE É QUE...


(RÔ Campos)

Muitos comentários nas postagens no FACE sobre os protestos em São Paulo. Impressionante como tantos acham que é por muito pouco ou quase nada, algo em torno de alguns centavinhos de real. Eu não ando de ônibus, pois tenho carro, mas tenho muitos familiares, amigos e empregados que se utilizam do transporte coletivo. E nem preciso me reportar a isso, bastando, para tanto, não ser um alienado. O sistema de transporte coletivo, no Brasil como um todo, está falido, como falindo está o próprio país: ônibus precários, velhos, caindo aos pedaços, superlotados, quentes como a porta do inferno, distâncias quilométricas, que não acabam nunca, trens...sem comentários!!! Metrôs abarrotados!!!! Paradas de ônibus têm como cobertura apenas o céu, o sol e a chuva inclementes, o medo, enfim...E isso é absolutamente real, concreto, são os usuários que sentem, dia a dia, na própria pele, com reflexo sem tamanho em suas vidas. O povo tratado como um cão sem dono, perdido, entregue à própria sorte, enquanto os políticos se refestelam em suas alcovas - e nas alcovas alheias -, onde vivem de forma nababesca. E nós estamos aqui, acomodados em nossa vidinha, nos nossos carros com ar-condicionado, reclamando do trânsito caótico, da alta dos preços, da lei seca, e nada fazemos, a não ser reclamar. E não temos a coragem que esse povo teve e tem. E a História fala sobre tudo isso: acabaremos nos beneficiando das mudanças que urgem neste país, conquistadas por esses corajosos que partiram bravamente para a luta. A mim me parece que mais uma vez eles se sentiram traídos: procuravam uma alternativa para toda uma situação que os angustiava, usaram o poder que detêm, votaram no HADDAD para a prefeitura de São Paulo...Mais uma vez acreditaram no PT, e consideraram que aquele poste plantado por Lula levaria luz às trevas...mas...E a coisa começa a se espalhar pelo Brasil. E a verdade é que todo rio vai dar no mar! E a verdade é que as eleições vêm por aí. E a verdade é que aprendemos muito com o PT, os mensaleiros & companhia limitada. E a verdade é que os condenados do mensalão não foram ainda para a cadeia, e nem sabemos ao certo se irão. E a verdade é que os Poderes começam a se engalfinhar, um querendo meter a colher na panela do outro. E a verdade é que, aqueles que temem, começam a querer mudar as regras do jogo, com medo das investigações, e que, por isso, sejam pegos com a boca na botija, e começaram a bolar a maldita PEC 37. E a verdade é que a democracia vai se aperfeiçoando, lentamente, a passos de cágado. E a verdade é que não acreditamos mais nos contos da carochinha nem nos salvadores da pátria, paladinos da ética. E a verdade, finalmente, é que quem está na oposição sempre joga pedra no telhado alheio, e quem assume o poder tem telhado e paredes de vidro...e não pode reclamar, nem pro Francisco, porque o papa é pop.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

CONFISSÕES


RO Campos)

Tenho uma declaração, na verdade uma confissão a fazer aos meus amigos. Faz tempo, venho adiando. Quem me conhece sabe que não sou de ficar guardando as coisas, muito embora adore minha privacidade e respeite absolutamente a privacidade alheia. Boto logo a boca no trombone.

Há mais de dois anos tive um namorado, um hippie - para desespero de muitos e com quem muito aprendi - cujo apelido era Vida. Isso nasceu da seguinte situação: ele sempre carregava uma mochila em suas costas. Certa vez, uma amiga minha perguntou-lhe o que ele carregava ali, e ele então respondeu: minha vida. Depois dele, muitas coisas mudaram em mim. É bem verdade que eu sempre fui uma apaixonada pela vida, mas preferia fechar-me em copas. A inveja e o preconceito me faziam recuar. Tinha muito medo da reação das pessoas, ao me verem assumir publicamente um relacionamento pouco convencional para tanta gente, principalmente quando percebo que não são poucos os que preferem recolher-se, os que desistem, os que têm tanto medo da felicidade, de viver a vida, e que acabam flertando com a morte por toda uma existência. É, porque quem tem medo da felicidade vez ou outra entra nessa de flertar com a morte.

Eis que, nesse clima todo de Dia dos Namorados, resolvi declarar-me, sair do armário. É bem verdade que tenho vários amigos que me conhecem, que sabem desse meu lado, mas sempre foram de uma discrição sem tamanho, porque respeitam as decisões de cada um, o que cada um traça nessa sua caminhada, vez que território absolutamente privado.

Depois de muito tempo calada, quero dizer a todos vocês que, finalmente - e faz muito, muito tempo - eu estou casada com minha namorada, e eu sempre estive enamorada dela. Ela é bela, eterna, cobiçada por muitos, desafiada por outros, minha inspiração para compor, tocar etc. É ela que me faz ser feliz, assim, todo o tempo do mundo. É ela que me faz viver. Por isso, eu casei-me com ela, sem papel passado, porque nada do que ela me "exigiu" passa por cartório, burocracia ou coisas do gênero. Ela sempre me pediu atitude. Sempre que me via desanimada, triste, me convidava a sair por aí, para ver o dia nascendo, o sol se pondo, os pássaros cantando, o rio descendo, a chuva molhando o chão, a lua surgindo, o céu lindo, cheio de estrelas brilhando. Eu, definitivamente, fiquei fascinada com tudo que diz respeito a ela, com sua aura, e nunca mais a deixei. Ela é a minha paixão eterna e não há como viver sem ela.

Eu...eu...desculpem-me os invejosos e infelizes,os que têm medo, os que se acomodam, os mortos-vivos, mas depois de tantos casamentos convencionais - homem x mulher -, decepções, desenganos, tomei uma decisão importantíssima e que me faz realmente feliz,

Casei-me com a VIDA!!

DIRCEU - A BIOGRAFIA (POR OTÁVIO CABRAL)


Alguém duvida????

""Cansei de rodar minha bolsinha esfarrapada por aí. Para ganhar a eleição, vou precisar de aliança e grana. Dei todo o poder para o Zé Dirceu arrumar isso. Falei: "Zé, articula e faz. Pode até contratar o Duda Mendonça. Não quero saber como você fez, só quero que a gente ganhe a Presidência"". (história que o deputado Chico Alencar contou ao jornalista Otávio Cabral, autor de Dirceu - A Biografia (Record; 364 páginas, segundo a matéria Todas as Caras de Dirceu, da jornalista Thaís Oyama, em VEJA desta semana)

A CHAVE ERRADA


"Veículos de imprensa livre só têm medo, de verdade, de uma coisa: censura prévia. Por via de consequência, como gostava de dizer o ex-vice-presidente Aureliano Chaves, o PT tem uma única pergunta a se fazer: dá ou não dá para instalar censura prévia à imprensa, televisão e rádio no Brasil de hoje, sem falar na internet? Se chegarem à conclusão de que não dá, deveriam desistir de ficar procurando a chave no lugar errado e sair atrás de alguma outra coisa para fazer". (A chave errada, artigo de J.R. Guzzo - que eu simplesmente adoro - em VEJA desta semana).

CORAGEM

(RÔ Campos)

Amar a vida e casar-se com ela é o ato mais visceral e ao mesmo tempo sublime do ser humano. Quem não ama a vida na realidade não sabe o que é viver, porque viver exige atitude, e atitude brota do amor que se tem no coração. Daí a coragem (a palavra coragem vem do francês "couer", que quer dizer coração e etimologicamente significa: a capacidade de defender o nosso coração e nossa essência).

segunda-feira, 10 de junho de 2013

FIAT LUX


(RÔ Campos)

Perdoe!
Mesmo que perdão não te peçam.
Perdoar não é fraqueza.
Perdoar não é defeito.

O perdão é de uma tal grandeza
Que faz-se luz no coração.
Enriquece quem perdoa
Enobrece a alma impura.

Perdoe!
Essas almas, tão pequenas
Vivem sempre a fustigar
Nada sabem...só vagar.

Perdoe!
Estende tuas mãos:
São os dedos de Deus
Que obram no perdão.

domingo, 9 de junho de 2013

O MEDO




(RÔ Campos)

O medo desafia
O medo invade a casa
Ainda que trancada a porta.

O medo paralisa
O medo cega
Ainda que olhos abertos sejam.

O medo zomba
O medo fere
Ainda que punhal sem ponta.

O medo amedronta
O medo arrelia.
Mas o medo também forja
Como o ferreiro forja o ferro
E o oleiro o tijolo.

DESVAIRADOS


(RÔ Campos)

Desvairados, teus cabelos
Vez em quando, desvairados
Desvairados como teus beijos
Na alcova, ardendo o peito.

Desvairados, teus desejos
Vez em quando desvairados
Desvairados como a fome
Na boca sedenta do homem.

Desvairados, teus sonhos
Vez em quando desvairados
Voam longe, não se cansam
Os teus sonhos de menino.

Desvairados, fomos nós
Vez em quando desvairados
Loucos! Loucos! nos chamaram
Nos perdemos em desvarios.

Desvairados, agora somos
Vez em quando desvairados
Vago eu nos rios da vida
Vagas tu nos lábios meu.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

INCANDESCÊNCIA


(RÔ Campos)

Vivo a nadar em rios e mares
Às vezes sou náufrago que nem sei
Outras, morro de desgosto
Se nos braços do amor não vivo mais.

Vivo a sonhar sonhos constantes
Às vezes, adormeço que nem sei
Outras, acordo de tristeza
Se os sonhos que buscava não sonhei.

Vivo a contar no céu estrelas
Às vezes, conto tanto que me perco
Outras, eu percebo de repente
Que és a luz que ainda me incendeia.



segunda-feira, 27 de maio de 2013

A VIDA QUE CHAMA


(RÔ Campos)

Vai extinguindo o tempo
A chama da vida
Que o vento acende
Noutros dias, apaga.

Caminhantes à frente
Alguém mais atrás
E também adiante:
Uma busca incessante
Essa sede de amor.

Segue o andarilho
As curvas do tempo
Ainda leva com ele
Os olhos de menino.

Sem olhar para trás
Nem a culpa na bagagem
Ainda ouve a voz do tempo
Que o passado lhe traz.

Vai, segue teu caminho
Deixa tuas pegadas
Abre outras estradas
O mundo é vasto
A vida é rara.

domingo, 26 de maio de 2013

FARTURA E FOME



Como é rico esse meu rincão!
Quanto peixe, quanto alimento, quanto pão!
Mas dói demais lembrar que a fome mata
(Criancinhas indefesas, adulteradas, as maiores vítimas)
Pouco aqui, muito ali, e também na África.
Mata também a indiferença e a cobiça
Mata muito mais a corrupção.

Crédito das fotos: by Alex Pazzuello

O AMOR E AS FLORES

Plantar, cuidar, regar...O amor e as flores. Um dia, tudo brota. E o amor e as flores um dia também vão se extinguindo. Essa, acredito, seja a ordem natural das coisas. Humanos, somos demasiadamente humanos. O amor, qual uma fina luz, que vai se apagando, deixando as almas iluminadas, no entanto. As flores...fincando nos olhos a beleza e na memória os seus olores. Depois, novos ciclos, porque essa, repito, acredito seja a ordem natural das coisas. O tempo sempre caminhando para adiante, e o passado vez ou outra rondando nossos passos. (RÔ Campos)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

MAIS ALGUMAS COISAS SOBRE O JARDINEIRO FIEL


(RÔ Campos)

Como nas cenas finais de O Náufrago, eu nunca sei o que o dia pode me trazer, depois de uma noite fria. O dia amanhece nublado e, de repente, não mais que de repente, é como se o Sol se abrisse...vez que surge um alguém muito especial, muito querido, e levanta a minha moral. Lembranças de um passado vivido e ainda tão vívido. Lembranças de outras pessoas queridas, que já partiram, mas que continuam sempre no cantinho de nossos corações. Lembranças de horinhas tão especiais, especialíssimas, que nem vendavais arrastam de minhas memórias. Sinto o cheiro de flores. Muito além do jardim. São as mãos de quem um dia jardinou meu coração, com o auxílio de suas lanternas verdes, num tempo de escuridão. Seja bem-vindo, campeão. A mesa está posta. A cama arrumada para você descansar sua mente exausta. O meu coração, em desalinho, aguardando a hora da tua chegada. Ansiosa, penso ter ouvido alguém tocar a campainha, corro para abrir a porta. Olho para o relógio no pulso...Santo Deus, acalma esse coraçãozinho!!! Lembro de Veríssimo (o escritor, Érico Veríssimo), que escreveu em sua trilogia O TEMPO E O VENTO: "como o tempo demora a passar quando a gente espera!". Está chegando a hora, uma voz me fala baixinho ao pé do meu ouvido. Ele não vai demorar. Finalmente, eu me lembro: ele nunca me deixou; apenas adormecemos um pouco!!!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

MAYO


(RÔ Campos)

Você se foi
Você se foi
E eu nem sei pra onde
Não me disse nada, nada, nada
E me deixou assim, tão vazia, calada
Náufraga, perdida, abandonada
Longa travessia, sozinha
Noites sem lua, sem estrelas
Procelas! Procelas!

Você se foi
Você se foi
E até hoje eu não sei
Onde é que você se recolheu
Nem o que fez dos sonhos que apanhou
Quando nosso amor floresceu
Nos tempos de grande colheita
E com tal zelo guardou nas cestas
De vime, forradas de seda.

Você se foi
Você se foi
E agora, meus olhos, insones
Tão tristes
Tão tontos
Escancaram as janelas desbotadas
De minha alma cansada, sofrida
Que há muito não sabe, desconhece
O que acalma, o que é guarida.
M

sexta-feira, 26 de abril de 2013

FRAGMENTO DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"


(RÔ Campos)

Eu, como uma montanha de braços abertos, querendo abraçar o vento que toca a minha pele. Tu és o vento. Sei que estás por aqui, geograficamente bem perto de mim, mas, confesso-te, é como se estivesses muito longe. Ainda assim, frequentemente me lembro de ti, quando passo em frente à tua antiga casa - aquela onde foste feliz por um tempo, e depois já não mais sabias o que era a felicidade. Hoje minhas mãos misturaram-se a adubos que eu, delicadamente, colocava nos vasos de minhas plantas...e, mais um vez, lembrei de ti, de quando foste meu jardineiro e regavas meu coração. E senti o cheiro das uvas, de vinho e do licor de uísque que sempre degustávamos nas poucas e eternas horas em que o silêncio se calava. E lembrei daquele dia em que me convidaste a ir ao teu jardim: noite e céu cheio de estrelas, vinho, delicadeza e cumplicidade, teus olhos nos meus olhos, tuas mãos na minha vida, minha vida nas tuas mãos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

FRASES DO DIA


(RÔ Campos)

1. Não estamos sozinhos neste mundo, e o verdadeiro desafio não é salvarmos a própria pele (porque isso nós já sabemos como fazê-lo), mas, sim, ajudar àqueles que estão distantes do alcance da vitória.

2. Não fujo nunca dos desafios. São eles que me dizem que sou grande. Nego-me a deixar o campo no primeiro tempo, antes de encerrar a partida. Eu me debato sempre e sempre contra o desânimo e o medo, para que não me congelem nem me petrifiquem. As delícias e os dissabores do caminho percorrido para alcançar a vitória são os meus verdadeiros aliados. São eles que me mostram pra onde devo ir. Eu só desisto se o inimigo me vencer. Mas aí, eu já estarei morta.

3. Nada é fácil. Difícil é segurar as pontas, se manter de pé, quando vem a tempestade. Que atire a primeira pedra!!

4. Sou escorpiana, mas não ferro ninguém. Agora, difícil também é alguém me afundar. Posso parecer frágil e idiota, mas tenho a força da minha audaciosa perseverança.

5. Hoje estou atacada, dá até pra perceber, eu sei. Quando energias negativas me rondam, isso me instiga, me oprime, me levando a conversar comigo. Eu converso comigo e ouço aquela voz me dizendo: segura firme, segura e vai, porque se ficar...é como ficar pra trás.

6. Desistir? Ora, isso, jamais. Meus sonhos não foram tecidos nos chavascais.

domingo, 7 de abril de 2013

O AMOR ME CHAMOU
(RÔ Campos)

Beija-flor
Beija-flor
Beija-flor me levou
Pra amar, pra ficar, pra morar junto a ti
Bem te vi, bem te vi, bem te vi
Meu amor.

Beija-flor
Beija-flor
Seja lá onde for
Ser feliz, ser feliz, ser feliz
É o que vou.

Beija-flor
Beija-flor
Beija-flor me levou
Pra sonhar, pra viver, pra cantar
O amor, pra você, pra você, pra você
Meu amor.

Seja lá, onde for
Ser feliz, com você
É o que vou, é o que vou, é o que vou
Meu amor.

Bem te vi
Bem te vi
Meu jardim floreou
Um botão, se abriu, uma Rosa nasceu
Meu amor, nosso amor, nosso amor
Floresceu.

Bem te vi, bem te vi, bem te vi
Beija-flor
Beija-flor me levou
Pra cantar o amor, pra você
Meu amor, meu amor, meu amor
Pra você, meu amor, meu amor, meu amor
Pra você, meu amor, meu amor, meu amor.

domingo, 31 de março de 2013

REINO DE DEUS OU REINO DOS HOMENS?

REINO DE DEUS OU REINO DOS HOMENS?
(RÔ Campos)
(RÔ Campos)

O mundo agora é dos homens
Que falam em nome de Deus
O que Deus não falou aos homens.

Mundo de Felicianos, Malafaias
De crentes descrentes desacreditados
Donos do mundo, que é de ninguém.

O mundo agora é dos homens
Que têm voz no Parlamento
Em defesa da palavra de Deus
Defendendo o que Deus não defendeu.

O mundo agora é dos homens
Que julgam, que condenam
O que Deus não condenou.

Cristo! Oh, Cristo!
Por onde andas, que não te veem?
Por que te calas enquanto fala Malafaia?
Não é o teu mundo dos pequeninos?
Não é o teu mundo dos injustiçados?
Se deles será o Reino dos Céus,
Será a terra purgatório e inferno?

Cristo! Oh, Cristo!
Agora, que nos enviaste Francisco
Fazei com que eu procure mais
Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado
E perdoar, que ser perdoado:
Eles não sabem o que fazem!!!!

QUEREMOS A VERDADE

(RÔ Campos)

A História não pode ser passada a limpo com apenas um lado contando a sua versão dos fatos. Não é democrático, nem ético, nem legal, muito menos didático. Nós, o povo, temos o direito de saber. Cabe a nós analisarmos e tirarmos as nossas conclusões. Isso não nos pode ser negado, porque um direito de cada cidadão. É com um olhar sobre o passado que podemos entender o presente e construirmos o futuro. Sou libertária, e, portanto, absolutamente contrária a qualquer forma de opressão e tortura e repugno qualquer regime de governo totalitário. Mas nós temos o direito de conhecer - repito - as razões e os fatos que permearam o golpe de l964, porque a história nunca nos foi contada em suas minúcias. Nem mesmo durante os 21 anos de ditadura militar, não me recordo de haver chegado às minhas mãos, na escola, qualquer livro tratando sobre o assunto, nem mesmo contando unicamente a versão dos militares golpistas. Há uma nuvem cinzenta sobre todo esse episódio, que ambos os lados não nos permitiram e ainda não nos permitem desvendar. De uma coisa apenas eu tenho certeza: ditadura, nunca mais, seja militar ou comunista ou qualquer outra coisa que o valha. Teocracia, também, nunca, jamais, em dia algum. Muito menos essa democracia torta que hoje temos aí, onde muitos políticos combatidos pela ditadura militar voltaram a ocupar cargos públicos e deu no que deu. Como me confidenciou um amigo: depois ficam acusando a classe média de haver apoiado a ditadura militar...

CORAÇÃO INSENSATO

(RÔ Campos)

O que mais dói em mim
É nunca ter sentido
Que doía muito em ti
Essa dor que agora sinto.

Uma dor que alucina
Que me invade, me anula
Castiga, denuncia
Uma dor que se acumula.

O que mais dói em mim
É ter me cegado à luz do dia
Fechando os olhos para ti
Supondo que eras feliz, porque rias.

O que mais dói em mim
É o silêncio que hoje me apavora:
Não saber o que é feito de ti
Nem o que são tuas memórias.

O que mais dói em mim
É esse medo que me devora:
Que vivas a esperar por mim
E eu, covarde, não sei ir embora.




PASSAGEM


(RÔ Campos)

Vamos embora. É chegada a hora
Ouvi a voz de Deus ordenando:
"Vai Moisés, toma meus filhos
Pela hora derradeira
Ruma de volta pra Canaã!"

Vamos embora. É chegada a hora
Disse Moisés, seguindo, deserto afora
Resgatando os filhos de Israel
Feitos escravos no reino do Egito.

Fugiram às centenas, aos milhares
Todos filhos de Israel, escravizados
Cantando um canto de louvor
Liberdade! Liberdade!
Foi Deus quem nos chamou.

Num átimo, todo o exército do Egito
Surgiu, do meio do deserto.
Moisés! Moisés! clamavam os hebreus
Salve-nos! Intercedei junto a Deus!

"Levante seu cajado. Estenda a sua mão
Sobre o Mar Vermelho, e divida-o:
Caminharão os filhos de Israel sobre terra seca.
Leva o meu povo, filhos de Israel, o hebreu
De volta a Canaã, a Terra que prometi a Abraão."

E então o destino se cumpriu:
Voltaram os hebreus à sua terra
Livres da servidão,da carga
Como Deus lhes prometeu.

Liberdade! Liberdade!
Entoou um canto, um louvor, o povo de Israel
O povo de Deus, que saiu pelo mar
Quando uma fenda o dividiu
O mesmo mar onde o Egito sucumbiu.

A PEC DAS DOMÉSTICAS

FRAGMENTOS DO ARTIGO "A PEC DAS DOMÉSTICAS", DO MAGISTRADO E PROFESSOR AMAZONENSE LUPECINO NOGUEIRA, PUBLICADO EM SUA COLUNA DO JORNAL A CRÍTICA, DE ONTEM, SÁBADO. EM SEGUIDA, MEUS COMENTÁRIOS.
(RÔ Campos)

"A realidade com aumento de custos vai acarretar demissões, aumentar conflitos trabalhistas e estimular a informalidade, principalmente porque a maioria de empregadores é da classe média, cujos rendimentos são comprometidos por uma legislação fiscal escorchante. Para o Poder Poder Público a arrecadação é boa: segundo a FGV haverá um acréscimo de R$ 5,5 bilhões de FGTS que, embora seja do empregado, é usado pelo governo".

Moral da história: é o mesmo de sempre. Dando a entender que o governo, dito trabalhista, está a proteger interesses e direitos de uma categoria profissional (que, por sinal, também poderá lhe render bons votos num futuro muito próximo), cria essa lei (aliás, uma PEC), de olho na arrecadação dos bilhões de reais para o INSS, FGTS e outras coisas mais. Essa a receita prescrita por Getúlio Vargas, dito "maior governo trabalhista da história do Brasil".

Aí, dizer que a Casa Grande é que está "pirando" com essa lei é brincadeira. Casa Grande coisa nenhuma. Casa Grande tem dinheiro pra pagar, seja lá de onde ele sai. Inclusive os próprios políticos que ganham milhares de reais e aprovaram essa PEC, assim, sorrateiramente, O buraco é mais embaixo...E esse discurso de Casa Grande está ultrapassadérrimo.

O ISOLAMENTO DO ESTADO DO AMAZONAS DO RESTANTE DA REGIÃO NORTE

RÔ Campos

Taí no que deu. Também, queriam o quê? Desde o advento Zona Franca de Manaus, implementado por obra e "graça" do Governo Militar, nos idos de 1968, na esteira de Francelino Pereira (se o alemão não me engana, era esse o nome do político que primeiro idealizou a legislação que criava uma zona de livre comércio em Manaus) que nossa cidade vem crescendo, por sinal desordenadamente, chegando ao caos em que hoje se encontra. Mas, mais uma vez, nem vou entrar no mérito, ou (des)mérito desse famigerado "projeto". A verdade é que o nosso estado, se sentindo, isolou-se dos demais estados da Região Amazônica, quando urgia formar-se um verdadeiro pacto amazônico, criando-se um bloco em defesa dos interesses sociais, culturais e econômicos desta longínqua e adversa região, porém detentora de riquezas naturais inexistentes em nenhum outro lugar do planeta, cuja população é tida pelo governo central e outros segmentos como formada por alienígenas. Somos um povo em torno de 25 milhões de pessoas, a maior região do país...e, aqui no Amazonas, vivemos à deriva, sempre com um pires na mão, à espera apenas e tão-somente da prorrogação de incentivos fiscais concedidos pelo Governo Federal, para mantermos um polo industrial funcionando, sem nenhum projeto arrojado para a exploração dos recursos naturais disponíveis em nosso estado...que são incontáveis. E esse famigerado "projeto", a exemplo da seca no nordeste, só tem servido de escudo para políticos se manterem em suas cadeiras, seja no Parlamento, seja no Executivo. Um embuste, diga-se de passagem. Ao invés de nos unirmos, separamo-nos. Não se pensa grande. Aliás, não se pensa nada, a não ser no próprio umbigo. Agora - e não poderia ser diferente -, os demais estados do norte começam a se rebelar (estava demorando): querem os mesmos benefícios para "desenvolver" seus territórios. Acredito que esta deve ser a hora derradeira desse pacto: ou é agora, ou nunca mais.

sábado, 30 de março de 2013

ÚLTIMO SOPRO


(RÔ Campos)

Na hora "H"
Tudo que era cheio
Torna-se vazio.

Na hora "H"
Os olhos choram
O sorriso cala.

Na hora "H"
Os pés me fogem
A verdade me invade.

Na hora "H"
Sou coragem
E também vertigem.

Na hora "H"
O último ato
E eu me engasgo.

Na hora "H"
Descem as cortinas
A plateia aplaude e chora.

Na hora "H"
É o fim de tudo
E, quiçá, um recomeço.

Na hora "H"
Quedam as flores
Ficam os perfumes.

Na hora "H"
Esvai-se a matéria
A alma é eterna.

A VELHICE E OS PASSOS DO TEMPO


(RÔ Campos)

Estava ali, sentada, numa das dezenas de cadeiras do CAIMI da Colônia Oliveira Machado, o Centro de Assistência Integral à Melhor Idade Dr. Paulo Lima. Meus olhos batem nas fotos do Dr. Paulo Lima nas paredes. Quero lembrar-me de quem era o Dr. Paulo Lima. Algo me diz que eu o conheci. Sinto-o ao olhar sua face, seu sorriso, um jeito manso de ser...mas a minha memória embotada pelo tempo não me permite prosseguir viagem e chegar a um porto seguro. Reparo nas cadeiras, estão todas ocupadas. A maioria, velhos desacompanhados. Uns olham para o teto, ou para a tela estampando os números das senhas, e têm o olhar tranquilo. Outros conversam entre si, calmamente...e até sorriem. Noto uns dois ou três depauperados adentrando o imenso salão, certamente vitimados por AVC. Observo-os envoltos em seus pensamentos, viajando no tempo enquanto o tempo se vai, ora veloz, ora lentamente, e deduzo: eles não tem mais pressa alguma. Já percorreram uma longa estrada, já sonharam muito, realizaram alguns desses sonhos e outros foram desfeitos, já viveram mais de dois terços do tempo que têm para viver, não precisam mais correr. Para quê? Ao contrário de quando somos crianças e jovens, que desejamos e pedimos sempre que o tempo voe, acredito que eles prefeririam que o tempo andasse mais lentamente. É assim que a coisa se processa, certamente. Já estou nessa antessala e pressinto-o. Às vezes, ainda tenho alguma pressa, justamente porque sei que meu tempo é curto, e não quero deixar de fazer algumas coisas que sei que ainda devo fazê-las, que quero fazê-las. Todavia, estando nessa antessala, posso sentir que ter pressa não faz mais sentido. Depois de uma noite segue-se a manhã, e depois a noite de novo, e outro dia, mais outro dia. Nesse estágio da vida, concluímos que a única pressa que podemos ter é a urgência de viver cada dia, como ele se nos apresenta, contando com a sorte de termos uma velhice assistida, porque, como já disse alguém por aí, "a velhice, por si só, é uma tormenta, pior ainda se desamparada". As minhas andanças e situações vivenciadas nos últimos tempos têm me escancarado muito essa realidade. Uma mãe é para dez filhos. Dez filhos não são para uma mãe.

HÁ ALGO NELE


(RÔ Campos)

Há algo nele que não sei dizer
Quando o vejo...com aquele sorriso
Sinto um quê que não sei dizer
Só os meus olhos é que falam:
Ele é tão lindo!Tão lindo!

Eu sei, ele não sabe, que eu me apaixonei
Porque eu sei quem ele é:
Ele é tão lindo! Tão lindo!
Um sorriso perfeito. Digno de Jack Nicholson
Alguma garota já deve ter dito isso a ele
É bem possível. É bem possível.

Mas tudo isso é um segredo
Que guardo aqui, comigo, no meu peito
Movo o mouse de cima abaixo, vejo suas fotos
No mar, no rio, de perfil, acompanhado, sozinho
Eu sei quem ele é, mas ele não me sabe
E eu não sei do coração dele
Será livre, ou vive aprisionado?
Voa como um pássaro ou mora no passado?