quarta-feira, 10 de novembro de 2021

DO FUNDO DO NOSSO QUINTAL


(RÔ Campos)


Meu Deus! dai-me forças

Porque vontade eu tenho muita 

De morar no templo que é  o samba.


Quero orar ao pé do altar

Praticar a minha fé

A fé na vida

A fé no samba

E curar minhas feridas. 


Olho pro sambista com o dedo na viola 

E logo me ponho a sorrir.


O homem marcando o compasso no surdo

E meu coração saltitando, querendo falar, correr mundo. 


O tamborim no contratempo

Me fazendo lembrar que tudo é  possível,

Exceto correr contra o tempo. 


E tem  também o cavaco, tão pequeno

Soando alto, parece dizer

Que as rodas de samba são como oração.


Meu Deus! dai-me forças

Porque vontade eu tenho muita

De morar no  templo que é  o  samba.


Tem  também tantan, agogô, pandeiro e reco-reco

Repique pelas  mãos do Bira

Tem ainda o banjo  trazido  por Almir Guineto.

Agora estrelas que voltaram para  a sua constelação

Vejo tudo à noite quando ergo os olhos para o céu 

Do Fundo do nosso Quintal.