domingo, 28 de abril de 2019

BILHETE

Continuo te esperando. Foi essa a promessa que não te fiz. Tu também não me juraste. Nunca nos despedimos. Nem houve um adeus. Agora, silenciosamente vou cosendo os retalhos dos dias de amor que vivemos, para que esteja pronta a colcha em que nos deitaremos na próxima estação. Se acaso não vieres, cuidarei de guardá-la para aquecer-me no frio, pensando que são teus braços a me proteger.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

O CREPÚSCULO...E A SEDE E A FOME DE AMAR

O CREPÚSCULO...E A SEDE E A FOME DE AMAR
(RÔ Campos)

O que se passou
Que tudo mudou tão de repente?
Como se uma espada
Tivesse cortado o coração da gente.

Veio o vento forte a galope,
Levando tudo até os sonhos.
Veio a besta e a fera, a peste e a fome.
"Quem com ferro fere com ferro será ferido".

Faz muito escuro agora,
Mas tudo é muito claro.
O que não dá pra ver
A alma sente e chora.

Já não vejo a aurora que vai longe.
Pressinto o crepúsculo se achegando.
Ele vem montado em um cavalo doido
Que relincha e assusta riscando o céu de cinza.

Tudo tem o seu tempo e acertada a hora.
E o tempo vai passando como um jato
Rasgando o ar, subindo, sumindo entre as nuvens pesadas,
Como somem os sonhos da gente quando acordam.

Há quem tenha muita sede de viver.
E há também quem tenha muita sede de amar.
Mas amar demais, doar-se demais, entregar-se desmedidamente
Matam logo a fome e a sede e saciam o desejo de amar daqueles que não sabem o que é fome e não sabem o que é sede...De amar.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

REFLEXÕES À BEIRA-MAR

(RÔ Campos)

Estou à beira-mar. Mar revolto, coração agitado.
Quem dera um cais onde ele pudesse sentir-se seguro, atracar-se, não temer jamais!
De repente, chegam os pombos, gaivotas em bando, passarinhos; estes, contei-os: eram treze ao todo.
Corri, peguei a câmera e fotografei-os. Faziam coreografias no ar; bicavam a areia da praia atrás de alimento para matar a fome, partiam, e depois voltavam.
Ei-los. A liberdade, eles me lembraram. A paz, eles me lembraram, também.
A liberdade. A paz.

CITAÇÃO

(RÔ Campos)

Tenho dito sempre que nada é perfeito, e é verdade.
Tenho dito, também, que nada é para sempre. Mas, nisso, eu me enganei.
Aí, eu me lembro de uma frase que li por aí, atribuída a Charles Chaplin, que diz mais ou menos assim:
"Posso me afastar das pessoas que amo, sem que tenha que tirá-las do meu coração".
A partir de então, e dadas as outras circunstâncias vivenciadas, cheguei à conclusão de que, sim, algumas coisas são para sempre, para além do tempo, para além do céu e do inferno, para além da vida e da morte.

CITAÇÃO

(RÔ Campos)

Enquanto umas pessoas entram para a vida, querendo, outras saem dela, sem querer...

CITAÇÃO

(RÔ Campos)

Raízes···Tudo vem a partir delas e são o que nos sustentam·

CITAÇÃO

(RÔ Campos)

No barco da vida há dias tranquilos e dias turbulentos. Quando atravessamos por tempestades, precisamos ter força e coragem para driblar a correnteza do rio, em busca da calmaria, até encontrarmos um porto seguro.

ONTEM E AGORA

(RÔ Campos)

No começo foi tudo paixão,
Num estalar de dedos.
Depois, o amor foi tecendo seus fios.
Construímos alicerces, destruímos muros.

O que era medo se tornou coisa do passado,
Tristeza cedeu lugar à alegria.
O que era um pé atrás agora é sempre um pé à frente.
Somos mesmo assim malucos, doidos varridos pela vida.
Fazemos planos sem nem sabermos para onde e quando.
Sonhamos.

Se bato o pé e choro, ele me diz pra não complicar a vida.
Mas se rio, ele chora de tanto rir.

CITAÇÃO

(RÔ Campos)

Quanto mais o relógio marca as horas e o calendário marca os dias, meses e anos, mais eu tenho pressa de viver.
E quando vejo parentes e amigos queridos indo embora, assim, aos poucos, ou de repente, mais vou me conscientizando sobre a finitude, e que tudo isso aqui não passa de uma viagem, às vezes curta, outras vezes longa; Às vezes prazerosa, outras vezes angustiante.

PREMONIÇÃO

(RÔ Campos)

Saudade... Eu já te pressinto muito próxima a mim,
Já escuto os teus ruídos ao longe.
Não faz muito tempo te abancaste em minha casa, e nem convidada foste.
Pegaste-me assim, desprevenida...Havia esquecido a porta aberta.
Os meus dias pareciam uma eternidade a me devorar e consumir.
Mas, então, o tempo - que, como disse o poeta, andou mexendo com a gente - passou, ainda que lentamente,
E a saudade se foi com o tempo...

Agora, novamente, ouço teus sinais, teu riso debochado,
Avisando que em breve vais apartar a gente.
E eu sei muito bem da dor que tu me impinges...
Dessa vez vou tentar lembrar de não deixar a porta aberta, e colocar uma tranca pesada.
Mas, abusada como és, vais gritar teu grito esganiçado, lá, do lado de fora, invadindo meus ouvidos, afligindo meu coração,
Até atingires o meu âmago, tão cheio dele, tão cheio de nós.

CHEGASTE

(RÔ Campos)

Instiga-me a dúvida,
Essa total incerteza.
E eu aqui, presa,
Nas tramas que urdi.

Não tenho medo de nada,
Nem de navegar nos mistérios.
Já andei por tantos rios,
Tantos mares turbulentos, procelas.

Chegaste.
És meu presente
Sem a face do passado,
Nem promessas de futuro.

Entrementes, não somos. Estamos.
Eu preencho tuas horas mortas,
Dando-te minhas horas vivas.
Tu me tiras o cheiro de naftalina
De mofo.