sábado, 18 de junho de 2022

NÃO SEI DIVIDIR

 

(RÔ Campos)


Se hoje não chover,  o sol vai aparecer

Se a lua  não sair,  a noite vai escurecer

Se você partir, eu vou ficar sozinha aqui

Se você ficar,  eu serei feliz assim. 


Mas,  se acaso  eu descobrir

Que você me enganou por aí

O tempo vai fechar

Eu não vou te perdoar

Não sou de dividir nada com ninguém

Meu negócio é  multiplicar.

terça-feira, 7 de junho de 2022

DESERTOS


(RÔ Campos)


Dos meus desertos só eu sei 

No escuro do meu quarto. 

Dos desertos alheios, 

Esse  saber não  me foi dado. 


A memória vai longe,

E ainda  me lembro bem

Dos desertos que vivi:

De dia,  o sol inclemente a me fustigar,

E, de noite,   o vento soprando forte,  gemendo,  chorando, a me açoitar.


Sede e fome. Solidão.  Medo. 

Sem perder a esperança...Jamais!


Felizmente, um dia,  como sói  ser em todos os desertos,  

E com todos aqueles que creem na vida,

Avistei um oásis...

sábado, 4 de junho de 2022

A MORTE DO FUTURO


(RÔ Campos)


A tua  dor não é  a minha dor,

A dor é  de cada um.

Mas sinto frio ao pensar na tua dor,

Que deve ser como um um punhal quente que arde e doi  e sangra,

E lentamente vai  dilacerando o peito e a alma. 


Sim,  eu sinto como deve ser esse vazio,

Esse sentimento que vai penetrando  aos poucos e tudo o  que  encontra é  oco.


A partida é  sempre o inverso  da chegada.

(Naquela,  é  dor.  Nesta,  é  riso).


Condenas  o tempo pela tua dor.

Mas o que é  o tempo senão o passar de tudo?


Esse mesmo tempo que hoje condenas com a frieza d'alma  que temporariamente  te habita,

É  o tempo que amanhã te libertará,

Mesmo deixando as marcas indeléveis  da pena que te foi imposta. 


Vaticino: Te encontrarás,  amor,  no  tempo verbal futuro do futuro.

Mas me respondes que o futuro é  uma quimera. 

E  que,   hoje, não mais há futuro do presente, pois o próprio presente jaz, dormindo o sono eterno. 

E o futuro do passado se foi, levado bruscamente pela intempérie. 


Tempo! Tempo! Tempo!Tempo!