quarta-feira, 26 de maio de 2021

PELA MÃO DO CRIADOR

 PELA MÃO DO CRIADOR

(RÔ Campos)

A mão  do Criador

Pintou esse quadro no céu

Desenhou o sol e a lua

Pôs bilhões de estrelas a brilhar. 


Não satisfeito com sua obra

Pintou o céu de grená 

Acrescentou o azul,  laranja,  vermelho,  amarelo, dourado,  e o branco da paz. 


Como era de se esperar 

Pintou as nuvens de cinza, também 

E  não esqueceu dos pingos da chuva do céu caindo

Para cá embaixo nos abençoar. 


A mão do Criador não se cansou de pintar

E no quadro pintou  os rios e os mares,  os campos e os vales

As florestas,  essas também pintou

Assim como as montanhas e os charcos.


Ao finalizar sua obra

A mão do Criador ainda pintou cá embaixo os animais e as flores

Um mundo cheio de cores 

E pincelou o céu também de escuro

Para que a lua iluminasse os desertos  de cada homem.


A mão do Criador,  no entanto, 

Não pintou as dores dos humanos

Porque os havia criado à  sua semelhança.

Estes se encarregaram de fazê-lo

E borraram  esse incrível quadro com as guerras,  a peste, a morte e a fome.

domingo, 16 de maio de 2021

SOBRE AS VIAGENS PARA DENTRO DE SI MESMO

 "Para compreender as pessoas devo tentar escutar o que elas não estão dizendo, o que elas talvez nunca venham a dizer." Foi justamente isso que disse John Powell. E, assim, muito mais do que tentar decifrar a fala das pessoas, eu viajo nesse mundo das palavras que nunca foram ditas. Muitas vezes os olhos...os olhos dizem muito. Mas há também olhares oblíquos, como Machado desenhou os de Capitu, por exemplo.

Então...vou continuar como uma apanhadora de sonhos, colhedora de palavras não ditas, buscando ruídos no silêncio da boca, tentando compreender os  que se calam,  os que se recolhem para dentro de si mesmos,  muitas vezes na vã tentativa de se defender  do mundo exterior.


segunda-feira, 3 de maio de 2021

GATA DE RUA

(RÔ Campos)


Gata de rua

Escala muro

Pula muro

Corre mundo

Sem cansar. 


Gata de rua

Ligeira

Precisa

Não tem medo do escuro

Nem do clarão do luar.


Gata de rua

Garra afiada

Olhos de lince 

Nunca se perde

E sabe como voltar. 


Gata de rua 

Geralmente vive  sozinha

É  chegada a um carinho 

Mas se alguém lhe pisa o rabo

Sabe, como ninguém, arranhar.

SINA

 

(RÔ Campos)


O destino não tem sido bom contigo.

Eu sei.

Noto em teu sorriso amarelo, forçado,  

No olhar perdido e semblante triste.

Vejo também em teus cabelos brancos,  desgrenhados.


Tens o coração partido,

Pelos filhos que deixaste para trás a serviço de teus planos.

(Quanto egoísmo!)

Hoje a vida te cobra pelo ato insano,

E então te dás  conta de que na estrada da vida não há retorno.

Apenas recomeço, do ponto em que te encontras,

Levando contigo a mala das tuas culpas.

DEUS TE GUARDE!

 

(RÔ Campos)


Menino,  que loucura é  essa?

O que foi que te deu  na cabeça

Largando da vida tão de repente 

Se agarrando  depressa com a morte?


Diz pra mim que não sabe o que aconteceu

Quem sabe talvez depois de uns tragos perdeu a cabeça e a loucura bateu. 


Ainda me lembro não faz tanto tempo

Que eu  te vi por aí  vivendo ao leu

Estavas perdido nos labirintos do teu coração já cansado

Tentando achar uma saída pra desilusão. 


Porém te afirmo  com todas as letras

Já passou da hora,  esfria  a cabeça

Não te entregas pra morte que a vida é  beleza

Não faz sentido nenhum desistir

Deixa  ir embora  essa sofreguidão.


Você fala que não vale a pena viver

Que bobagem tamanha presta atenção no que vou  te dizer:

Na  estrada da vida já temos certeza que nada é  pra sempre e pra cada  dor um novo amor haverá de nascer.

Mas  se com tuas próprias mãos abrevias a tua passagem,   do outro lado sabe-se lá o que hás  de encontrar.

E aí,  meu amigo, Deus te guarde!

Será tarde demais não dá  mais pra voltar.