terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

ADVIRÁ?

 

(RÔ Campos)


De onde virá

A luz

A atravessar

A escuridão 

Da noite nebulosa

Que paira sob o céu?


De onde virá

A luz

A iluminar

As horas mortas

Das vias tortas

Necrosadas

De corações  brutos

Mentes doentias?


De onde virá

A força,  a coragem

Para tomar às mãos

A espada

E partir para a luta

Pela sobrevivência

Dia a dia

Todos os dias

Nas guerras  insanas?


De onde virá

Afinal

A solução

A paz

Em um mundo tão louco

Conturbado

Mundo cão

Nessa torre de Babel?

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

MARINA

(RÔ Campos)


Marina

Era moça bonita

Que chegava brejeira 

Sorriso  na boca

Causando frisson. 


Marina

Eu sei

Tu bem sabes

Marina, querida

Nasceste pra amar. 


Marina

Ainda me lembro

Eras tão menina

Os sonhos tão grandes

Querendo voar.


Marina

Foi tão de repente

Teus olhos nos meus

Minhas mãos nas tuas

Os pés fora do chão. 


Marina

O amor nos juntou

Plantamos dez filhos

Colhemos bons frutos

Só a morte nos separou. 


Do teu eterno Frutuoso.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

SOBRE O ENVELHECIMENTO

(RÔ Campos)

Não me lembro de quem é a frase que li outro dia e que  diz mais ou menos assim: "quero gozar do direito de poder envelhecer". 

É, porque neste país envelhecer é como tornar-se um criminoso, algo, assim, digamos,  abjeto. E sempre tive pavor de que, quando chegasse a hora do meu crepúsculo, eu  não sabesse reconhecer isso, e não aprendesse a envelhecer com maturidade e dignidade, tornando-me uma velha idiota, cegada pelo domínio do romântico. 

Não, eu não creio mais  na  vida romanceada, mas continuo acreditando no romance que é a vida. E, assim, vou vivendo, com os passos no comprimento exato de minhas possibilidades, sem alargá-los nem diminuí-los, mas seguindo em frente. Os anos...eu os sinto com o peso implacável sobre o meu corpo que definha pouco a pouco...Mas a mente continua fervilhando, como nos bons tempos de outrora. Só não tenho mais ilusões. E, por isso, não me desiludo. Mentir para nós mesmos nunca será um bom remédio.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

O TEU MENINO NÃO VAI VOLTAR

 

(RÔ Campos)


Há muita gente que não tem ninguém a lhe esperar.

Há muita gente que não tem nem para onde voltar. 


Mas há sempre uma mãe esperando por um filho. 

Há sempre um filho esperando por um pai. 

Há sempre alguém esperando por um outro alguém, 

Mas esse alguém não vai voltar. 


Nesta noite, ainda cedo,  

Eu ouvi os estampidos  dos tiros,

E logo soube  de um corpo matado,   morrido.

Disseram parecia um garoto. 

Desses que há  muito já não sabem

Nem mesmo o que é sonhar, 

Muito menos o que é viver. 


Não sei o que ele fez, 

Ou o que deixou de fazer,

Pra morrer tão triste assim.

Só sei que,  nesta noite, 

Deve haver uma mãe esperando

Pelo filho que não vai voltar. 


Chora, mãezinha, chora!

O amanhã não vai chegar. 

Chora, mãezinha, chora!

Pois teu menino não vai voltar. 


@rocampospoesia

#ALCAMA 

(*)13.11.2023

sábado, 23 de setembro de 2023

PENSAMENTOS

 (RÔ Campos)

Aqui estou a divagar,  bem devagarinho, porque não tenho mais tempo algum para a pressa. Eis que a pressa  nos turva a visão,  embaça a mente, cansa as pernas,  acelera o coração.

Os pensamentos  viajam.  Andam pela madrugada,  sentam-se à mesa de bares, conversam  entre si,  riem, choram,  arrependem-se, voltam ao passado distante,  e ao recente,  também.  Querem até adivinhar o futuro. 

Aí, eles batem à  minha porta, entram  como  chegam as tempestades,   trazendo notícias do tempo. É  como se um filme em câmera lenta passasse  diante  de meus olhos. 

Fico a lembrar de uma frase que cunhei há muitos anos,   quando as horas invadiam a madrugada, e eu, aqui,  sozinha,  trancada  no meu quarto,  tentava encontrar uma saída para o silêncio ensurdecedor  que teimava ao meu ouvido:

"O tempo e a distância são deletérios  do amor; o silêncio,  a porta do cemitério e o coveiro".

(*) 24.09.2021

ESSES SERES PERNÓSTICOS

(RÔ Campos)

Algumas coisas parecem normais· Mas nada é verdadeiramente normal num mundo de faz-de-conta·  Tu fazes de conta que me amas· E eu faço de conta que acredito·  Mas na hora "h", é cada qual por si· É o instinto de sobrevivência que grita na caverna do terror· O mundo pegando fogo e a maioria procurando escapar· Poucos são os que ficam para apagar o fogo· O homem ainda vive de teimoso que é· A carne não vale nada diante de um ambiente inóspito, repleto de bactérias, fungos e vírus· Mas vamos teimando e brigando contra tudo e contra todos· Porém, apesar de toda essa cruel realidade, há quem creia que o mundo esteja sob os seus pés, como se fosse um deus, esse ser sobrenatural que veio do nada e do nada teria criado o mundo· 

(*) 23.09.2014

CITAÇÕES/PEQUENOS TEXTOS

Quando a luz entra pela janela, a escuridão vai embora. Mas, ao sair, a escuridão não leva com ela as lições que nos deixou. 

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Até ontem ele estava nos sonhos que eu ainda sonhava...Depois da morte dos sonhos, minha mente tornou-se um cemitério. 

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Às vezes, nem nós mesmos conhecemos o louco que há dentro de nós e atrás do outro. Portanto, nunca confie, nem sob juramento. É que às vezes a loucura abre a porta e vai dar uma volta. 

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Os humanos temos tendências suicidas. É impressionante a  burrice  e a estupidez com as quais, dia a dia, lentamente nos matamos um pouco.

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Às vezes um segundo, um minuto, uma hora, um dia, é como se fosse uma eternidade. Outras vezes, tanto tempo se passa e não acrescenta absolutamente nada. 

Moral da história: o que pesa, o que vale é a intensidade.

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Dizem que o pobre do dinheiro é o próprio capeta, sempre o culpado de todas as mazelas da humanidade. Mas o dinheiro - lá vou eu com minhas elucubrações!!! - não tem cérebro nem pernas nem pés nem braços nem mãos nem boca nem olhos nem ouvido nem tato. O dinheiro não tem sentidos, mas faz sentido. O dinheiro não passa de um mero papel ou de um valor x. O que lasca é a cobiça, o mau uso do dinheiro, o egoísmo. O egoísmo, sim, é a maior praga da humanidade. 

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Há uma  porta no túnel do tempo, que separa o meu passado do presente, mas nunca fecha. Vez em quando bate uma rajada de vento e a porta escancara. O passado quer invadir o presente, que, às vezes, se defende, outras vezes, se entrega. 

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Não, meu amigo, não é menos um dia. Porque a vida não é como a água usada, que escorre  pelo ralo da pia·

Ainda que a saudade seja doída,e os dias pareçam punhais, ontem é a véspera do porvir. E cada dia é um dia a mais·

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Está provado: nem sempre quem perde é o mais fraco· E nem sempre quem ganha é (aparentemente) o mais forte·

Nem sempre se ganha o jogo no tempo regular, mas, sim, depois que este se esvai·E muitas vezes contamos com a ajuda da sorte, do relógio, de terceiros, de milagres·

Nada é estático, definitivo· A vida é mesmo uma caixinha de surpresa·

Quem quer vencer tem de focar no que pretende alcançar, canalizar as energias para essa tarefa· O resto o tempo é que vai dizer·

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Antes das flores surgirem, assim, exuberantes, na Primavera, a terra onde hoje elas vicejam sofreu com um Inverno medonho· Mas foi esse mesmo duro Inverno que permitiu a chegada dessa linda Primavera· 

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