domingo, 25 de novembro de 2018

ACERCA DO JULGAMENTO HUMANO
(RÔ Campos)

O julgamento humano é implacável e perigoso. Ele não considera a flor, mas apenas o que fere; nem também a Poesia, mas somente a maldade. O julgamento humano é de um egoísmo desmedido, escancarado, pois põe sobre a balança, de um lado, todo o peso do seu olhar e fúria, e, do outro, as penas do desgraçado. Somos muito diferentes quando ora estamos na posição de julgadores e ora somos os julgados. Julgamos o outro de acordo com nossas "convicções", das quais ninguém nos afasta e nem nos convence de possíveis enganos, porque é mais fácil condenar do que perdoar, não obstante o ensinamento Cristão acerca do perdão. Agora, quando somos nós os julgados, consideramo-nos merecedores de todas as graças e jamais nos sentimos culpados. O outro sempre estará errado.
O julgamento humano vai além, muito além do universo da alma. Ele só vê o acre e ignora a doçura. É como uma espada que corta e perfura, que dói e que arde, vencido o adversário. Muito sangue se derrama. Muitos jardins morrem, quando tudo o que precisavam era de uma simples rega para viver. E, junto com os jardins, vão-se as flores. Adeus Primavera! O julgamento humano é como uma fera que machuca, que dilacera. É como se descesse uma cortina opaca diante do tribunal da consciência do julgador e cerrasse o seu olhar.
Quando julgamos e condenamos alguém, vomitamos o que de pior existe dentro da gente. Porém, quando absolvemos e perdoamos, deixamos emergir o que há de melhor em nós.

sábado, 10 de novembro de 2018

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"

Havia um quê de tristeza em ti.Teus olhos não brilhavam.Teu sorriso não saía.
Havia algo em ti que eu não soube assimilar. Mas pensei haver visto muita tristeza em teu olhar. Muita dúvida no teu coração. Talvez muitas perguntas, algumas delas só o tempo irá dizer.
Durante todos esses longos dias de tua ausência, foram todos eles ocupados por ti. E os fantasmas da noite me assombrando com o medo de te perder.
Eu saía por aí como que a te procurar. Te sentia em cada esquina, em cada música que ouvia, em cada trago de bebida que entorpecia os meus sentidos. E quando a madrugada fria se avizinhava, me dava conta de que estava sem teus olhos doces a me seguir, sem teus braços pra me acalmar, sem os teus cuidados.
Mas no peito a saudade me cortando, como um punhal encravado, ardendo e doendo e me consumindo...E o sangue pululando nas vielas do meu coração que agonizava.
Confesso-te, agora que te posso dizer: Como eu queria estar ao teu lado naquelas horas...
Compartilhar da tua dor e dos teus medos. Ser teu anjo e teu doutor. Mas todo esse meu desejo eu tive que guardar em segredo...
Agora, começas a trilhar alguns novos caminhos...Sem nem saberes por onde começar. Os dias seguintes te dirão.
O que importa é seguir, mesmo sem ainda nem saberes para onde. A marcha da vida não pode parar. Só a morte nos detém. Inclusive a morte dos nossos ideais, dos nossos sonhos, das nossas ilusões. Há muita gente morta que vive. Isso se chama eternidade. Mas há também muita gente viva que já morreu.
Vivamos a nossa vida como melhor nos aprouver. E deixemos o outro viver.
"Cada um de nós compõe a sua própria história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz".