sexta-feira, 31 de maio de 2013

INCANDESCÊNCIA


(RÔ Campos)

Vivo a nadar em rios e mares
Às vezes sou náufrago que nem sei
Outras, morro de desgosto
Se nos braços do amor não vivo mais.

Vivo a sonhar sonhos constantes
Às vezes, adormeço que nem sei
Outras, acordo de tristeza
Se os sonhos que buscava não sonhei.

Vivo a contar no céu estrelas
Às vezes, conto tanto que me perco
Outras, eu percebo de repente
Que és a luz que ainda me incendeia.



segunda-feira, 27 de maio de 2013

A VIDA QUE CHAMA


(RÔ Campos)

Vai extinguindo o tempo
A chama da vida
Que o vento acende
Noutros dias, apaga.

Caminhantes à frente
Alguém mais atrás
E também adiante:
Uma busca incessante
Essa sede de amor.

Segue o andarilho
As curvas do tempo
Ainda leva com ele
Os olhos de menino.

Sem olhar para trás
Nem a culpa na bagagem
Ainda ouve a voz do tempo
Que o passado lhe traz.

Vai, segue teu caminho
Deixa tuas pegadas
Abre outras estradas
O mundo é vasto
A vida é rara.

domingo, 26 de maio de 2013

FARTURA E FOME



Como é rico esse meu rincão!
Quanto peixe, quanto alimento, quanto pão!
Mas dói demais lembrar que a fome mata
(Criancinhas indefesas, adulteradas, as maiores vítimas)
Pouco aqui, muito ali, e também na África.
Mata também a indiferença e a cobiça
Mata muito mais a corrupção.

Crédito das fotos: by Alex Pazzuello

O AMOR E AS FLORES

Plantar, cuidar, regar...O amor e as flores. Um dia, tudo brota. E o amor e as flores um dia também vão se extinguindo. Essa, acredito, seja a ordem natural das coisas. Humanos, somos demasiadamente humanos. O amor, qual uma fina luz, que vai se apagando, deixando as almas iluminadas, no entanto. As flores...fincando nos olhos a beleza e na memória os seus olores. Depois, novos ciclos, porque essa, repito, acredito seja a ordem natural das coisas. O tempo sempre caminhando para adiante, e o passado vez ou outra rondando nossos passos. (RÔ Campos)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

MAIS ALGUMAS COISAS SOBRE O JARDINEIRO FIEL


(RÔ Campos)

Como nas cenas finais de O Náufrago, eu nunca sei o que o dia pode me trazer, depois de uma noite fria. O dia amanhece nublado e, de repente, não mais que de repente, é como se o Sol se abrisse...vez que surge um alguém muito especial, muito querido, e levanta a minha moral. Lembranças de um passado vivido e ainda tão vívido. Lembranças de outras pessoas queridas, que já partiram, mas que continuam sempre no cantinho de nossos corações. Lembranças de horinhas tão especiais, especialíssimas, que nem vendavais arrastam de minhas memórias. Sinto o cheiro de flores. Muito além do jardim. São as mãos de quem um dia jardinou meu coração, com o auxílio de suas lanternas verdes, num tempo de escuridão. Seja bem-vindo, campeão. A mesa está posta. A cama arrumada para você descansar sua mente exausta. O meu coração, em desalinho, aguardando a hora da tua chegada. Ansiosa, penso ter ouvido alguém tocar a campainha, corro para abrir a porta. Olho para o relógio no pulso...Santo Deus, acalma esse coraçãozinho!!! Lembro de Veríssimo (o escritor, Érico Veríssimo), que escreveu em sua trilogia O TEMPO E O VENTO: "como o tempo demora a passar quando a gente espera!". Está chegando a hora, uma voz me fala baixinho ao pé do meu ouvido. Ele não vai demorar. Finalmente, eu me lembro: ele nunca me deixou; apenas adormecemos um pouco!!!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

MAYO


(RÔ Campos)

Você se foi
Você se foi
E eu nem sei pra onde
Não me disse nada, nada, nada
E me deixou assim, tão vazia, calada
Náufraga, perdida, abandonada
Longa travessia, sozinha
Noites sem lua, sem estrelas
Procelas! Procelas!

Você se foi
Você se foi
E até hoje eu não sei
Onde é que você se recolheu
Nem o que fez dos sonhos que apanhou
Quando nosso amor floresceu
Nos tempos de grande colheita
E com tal zelo guardou nas cestas
De vime, forradas de seda.

Você se foi
Você se foi
E agora, meus olhos, insones
Tão tristes
Tão tontos
Escancaram as janelas desbotadas
De minha alma cansada, sofrida
Que há muito não sabe, desconhece
O que acalma, o que é guarida.
M