quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

DOLORES E COLORES


(RÔ Campos)


Dormia,  e sonhei 

Sonhei que estava acordada

Peguei tinta e papel

Pintei meus sonhos. 


A janela do meu quarto estava aberta

Era noite, mas o que era escuro ficou claro

Estrelas caíam; outras estrelas

 brilhavam

Muitas outras nasciam. 


Pintei  os meus sonhos com flores

Que perfumavam   meu jardim

Pintei os meus sonhos com a lira

Musiquei  os infortúnios.


A lua cheia, também pintei

Com os olhos rasos  d'água

Depois,  sonhei que pintava  minhas

mágoas

E quedei sonhando os mais lindos sonhos,  acordada.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O JOGO DA VIDA

 "Ai, gente, é tão fácil ser feliz!!!! É como segurar as pontas no remo da canoa, remar, remar e remar, até chegar. Remar é penoso? Pode ser. Mas como poderia haver chegada sem a saída, sem a remada? E que sabor haveria em chegar, sem se haver sentido a caminhada? É muito bom chegar, vencer. Mas, depois que se chega, não há mais para onde ir. Por isso, acredito que melhor ainda é perder, cair, levantar, começar tudo de novo, hoje, amanhã, sempre, arriscar, lutar. É esse o papel de cada um nessa intrigante ópera que é a vida.  Não podemos abandonar o jogo no primeiro tempo, dar a partida por perdida. E há momentos em que, nesse jogo, temos que jogar em várias posições: zagueiro, meio-de-campo, atacante, e talvez precisemos ir pelas laterais, avançar pelo centro. Jogue. Jogue. Caia. Levante. Chute pro gol. Tente furar a rede. Mesmo que a bola vá pra fora. O importante é tentar, chutar, senão a bola não vai entrar mesmo. E, se cometer alguma falta, por favor, não seja desleal. Isso não faz parte do jogo da vida" (RÔ Campos)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

QUANDO O NADA É PREFERÍVEL A QUALQUER COISA

 (RÔ Campos)


Prefiro o “Nada” a “Qualquer Coisa”.

Prefiro também a solidão

Do que estar em má companhia.

Prefiro o silêncio da boca

Ao beijo de outra boca sem palavras.

Prefiro a fome, o não saciar,

Ao sexo exclusivamente carnal;

Aprecio  sexo verbal.


Deus me livre de um homem pobre, vulgar, preconceituoso,

Que não tenha um pouco de poeta,

Que não tenha um pouco de louco.

Que desconheça os caminhos da jugular.

Que não saiba como chegar,

Ser amigo e amante,

Macho e cantante,

Errante, perdido,

Nas profundezas de uma mulher.


Deus me livre de um homem pequeno,

Na abundância de meu mundo:

Que nunca se farta com coisa pouca

E prefere o “Nada”,

A andar em má companhia,

A “qualquer coisa”.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

SÚPLICA


(RÔ Campos)


Teu silêncio não o amargavas na solidão da noite.

Quando vomitavas, eu o absorvia.

E teu silêncio gritava dentro de mim.

Eram  pedidos desesperados de socorro...


Muitos ouvidos se faziam de moucos,

Mas os meus ouvidos poucos,

Esses, sempre ouviram os gritos aflitos  do  teu silêncio louco.


Hoje, separadas pelas sombras dos fantasmas que te rondam os dias e as noites,  continuo te ouvindo,

Mas o meu silêncio tu nunca o saberás.

Eles se vão  aos poucos,  levados pelas lágrimas que lavam o meu rosto,

Quando as horas mortas vêm  me açoitar.


Não sei o que  te fiz em meio a tanto bem,

Que tanto mal te causou.

Sempre te dei  o meu riso quando  te achegavas  com teu pranto.

E meu colo nunca te neguei em dia algum. 


Não vou te pedir perdão,  porque não se peca  por amar. 

Só peço ao teu silêncio que,  doravante,

Não me venha mais me visitar. 


Minhas janelas continuam escancaradas,

E as portas seguem  abertas.

Volte,  quando quiser.

Quando te cansares de viver ao leu. 

Quando os teus pesadelos  dormirem,

E acordarem  os teus sonhos,  por fim.

domingo, 6 de dezembro de 2020

AINDA BEM


(RÔ Campos)


Ainda bem que existe noite e dia

Ainda bem que existe o sol e a lua 

Ainda bem que existe a chuva

Ainda bem que existe a semente

Ainda  bem que existe a colheita


Ainda bem. 


Ainda bem que existe a flor

Ainda bem que existe o intervalo

Ainda bem que existe a luta

Ainda bem que existe o fracasso

Ainda bem que o fracasso não é  o fim de tudo


Ainda bem. 


Ainda bem que existe o recomeço

Ainda bem que existe o sonho

Ainda bem que existe a fé

Ainda  bem que existe a esperança

Ainda bem que existe a Ciência


Ainda bem. 


Ainda bem que existe o outro

Ainda bem que  existe a arte

Ainda bem que existe a música

Ainda bem que existe a fantasia

Ainda bem que existe a morte das nossas ilusões. 


Ainda bem.


Ainda bem que existe a tempestade, como também  a bonança

Ainda bem que existe o mal, mas o bem sempre vence

Ainda bem que nada é  para sempre,  a não ser o amor que fica

Ainda bem que tudo  passa

Ainda bem que a besta  também vai  passar...