quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

SÚPLICA


(RÔ Campos)


Teu silêncio não o amargavas na solidão da noite.

Quando vomitavas, eu o absorvia.

E teu silêncio gritava dentro de mim.

Eram  pedidos desesperados de socorro...


Muitos ouvidos se faziam de moucos,

Mas os meus ouvidos poucos,

Esses, sempre ouviram os gritos aflitos  do  teu silêncio louco.


Hoje, separadas pelas sombras dos fantasmas que te rondam os dias e as noites,  continuo te ouvindo,

Mas o meu silêncio tu nunca o saberás.

Eles se vão  aos poucos,  levados pelas lágrimas que lavam o meu rosto,

Quando as horas mortas vêm  me açoitar.


Não sei o que  te fiz em meio a tanto bem,

Que tanto mal te causou.

Sempre te dei  o meu riso quando  te achegavas  com teu pranto.

E meu colo nunca te neguei em dia algum. 


Não vou te pedir perdão,  porque não se peca  por amar. 

Só peço ao teu silêncio que,  doravante,

Não me venha mais me visitar. 


Minhas janelas continuam escancaradas,

E as portas seguem  abertas.

Volte,  quando quiser.

Quando te cansares de viver ao leu. 

Quando os teus pesadelos  dormirem,

E acordarem  os teus sonhos,  por fim.

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