domingo, 31 de março de 2013

REINO DE DEUS OU REINO DOS HOMENS?

REINO DE DEUS OU REINO DOS HOMENS?
(RÔ Campos)
(RÔ Campos)

O mundo agora é dos homens
Que falam em nome de Deus
O que Deus não falou aos homens.

Mundo de Felicianos, Malafaias
De crentes descrentes desacreditados
Donos do mundo, que é de ninguém.

O mundo agora é dos homens
Que têm voz no Parlamento
Em defesa da palavra de Deus
Defendendo o que Deus não defendeu.

O mundo agora é dos homens
Que julgam, que condenam
O que Deus não condenou.

Cristo! Oh, Cristo!
Por onde andas, que não te veem?
Por que te calas enquanto fala Malafaia?
Não é o teu mundo dos pequeninos?
Não é o teu mundo dos injustiçados?
Se deles será o Reino dos Céus,
Será a terra purgatório e inferno?

Cristo! Oh, Cristo!
Agora, que nos enviaste Francisco
Fazei com que eu procure mais
Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado
E perdoar, que ser perdoado:
Eles não sabem o que fazem!!!!

QUEREMOS A VERDADE

(RÔ Campos)

A História não pode ser passada a limpo com apenas um lado contando a sua versão dos fatos. Não é democrático, nem ético, nem legal, muito menos didático. Nós, o povo, temos o direito de saber. Cabe a nós analisarmos e tirarmos as nossas conclusões. Isso não nos pode ser negado, porque um direito de cada cidadão. É com um olhar sobre o passado que podemos entender o presente e construirmos o futuro. Sou libertária, e, portanto, absolutamente contrária a qualquer forma de opressão e tortura e repugno qualquer regime de governo totalitário. Mas nós temos o direito de conhecer - repito - as razões e os fatos que permearam o golpe de l964, porque a história nunca nos foi contada em suas minúcias. Nem mesmo durante os 21 anos de ditadura militar, não me recordo de haver chegado às minhas mãos, na escola, qualquer livro tratando sobre o assunto, nem mesmo contando unicamente a versão dos militares golpistas. Há uma nuvem cinzenta sobre todo esse episódio, que ambos os lados não nos permitiram e ainda não nos permitem desvendar. De uma coisa apenas eu tenho certeza: ditadura, nunca mais, seja militar ou comunista ou qualquer outra coisa que o valha. Teocracia, também, nunca, jamais, em dia algum. Muito menos essa democracia torta que hoje temos aí, onde muitos políticos combatidos pela ditadura militar voltaram a ocupar cargos públicos e deu no que deu. Como me confidenciou um amigo: depois ficam acusando a classe média de haver apoiado a ditadura militar...

CORAÇÃO INSENSATO

(RÔ Campos)

O que mais dói em mim
É nunca ter sentido
Que doía muito em ti
Essa dor que agora sinto.

Uma dor que alucina
Que me invade, me anula
Castiga, denuncia
Uma dor que se acumula.

O que mais dói em mim
É ter me cegado à luz do dia
Fechando os olhos para ti
Supondo que eras feliz, porque rias.

O que mais dói em mim
É o silêncio que hoje me apavora:
Não saber o que é feito de ti
Nem o que são tuas memórias.

O que mais dói em mim
É esse medo que me devora:
Que vivas a esperar por mim
E eu, covarde, não sei ir embora.




PASSAGEM


(RÔ Campos)

Vamos embora. É chegada a hora
Ouvi a voz de Deus ordenando:
"Vai Moisés, toma meus filhos
Pela hora derradeira
Ruma de volta pra Canaã!"

Vamos embora. É chegada a hora
Disse Moisés, seguindo, deserto afora
Resgatando os filhos de Israel
Feitos escravos no reino do Egito.

Fugiram às centenas, aos milhares
Todos filhos de Israel, escravizados
Cantando um canto de louvor
Liberdade! Liberdade!
Foi Deus quem nos chamou.

Num átimo, todo o exército do Egito
Surgiu, do meio do deserto.
Moisés! Moisés! clamavam os hebreus
Salve-nos! Intercedei junto a Deus!

"Levante seu cajado. Estenda a sua mão
Sobre o Mar Vermelho, e divida-o:
Caminharão os filhos de Israel sobre terra seca.
Leva o meu povo, filhos de Israel, o hebreu
De volta a Canaã, a Terra que prometi a Abraão."

E então o destino se cumpriu:
Voltaram os hebreus à sua terra
Livres da servidão,da carga
Como Deus lhes prometeu.

Liberdade! Liberdade!
Entoou um canto, um louvor, o povo de Israel
O povo de Deus, que saiu pelo mar
Quando uma fenda o dividiu
O mesmo mar onde o Egito sucumbiu.

A PEC DAS DOMÉSTICAS

FRAGMENTOS DO ARTIGO "A PEC DAS DOMÉSTICAS", DO MAGISTRADO E PROFESSOR AMAZONENSE LUPECINO NOGUEIRA, PUBLICADO EM SUA COLUNA DO JORNAL A CRÍTICA, DE ONTEM, SÁBADO. EM SEGUIDA, MEUS COMENTÁRIOS.
(RÔ Campos)

"A realidade com aumento de custos vai acarretar demissões, aumentar conflitos trabalhistas e estimular a informalidade, principalmente porque a maioria de empregadores é da classe média, cujos rendimentos são comprometidos por uma legislação fiscal escorchante. Para o Poder Poder Público a arrecadação é boa: segundo a FGV haverá um acréscimo de R$ 5,5 bilhões de FGTS que, embora seja do empregado, é usado pelo governo".

Moral da história: é o mesmo de sempre. Dando a entender que o governo, dito trabalhista, está a proteger interesses e direitos de uma categoria profissional (que, por sinal, também poderá lhe render bons votos num futuro muito próximo), cria essa lei (aliás, uma PEC), de olho na arrecadação dos bilhões de reais para o INSS, FGTS e outras coisas mais. Essa a receita prescrita por Getúlio Vargas, dito "maior governo trabalhista da história do Brasil".

Aí, dizer que a Casa Grande é que está "pirando" com essa lei é brincadeira. Casa Grande coisa nenhuma. Casa Grande tem dinheiro pra pagar, seja lá de onde ele sai. Inclusive os próprios políticos que ganham milhares de reais e aprovaram essa PEC, assim, sorrateiramente, O buraco é mais embaixo...E esse discurso de Casa Grande está ultrapassadérrimo.

O ISOLAMENTO DO ESTADO DO AMAZONAS DO RESTANTE DA REGIÃO NORTE

RÔ Campos

Taí no que deu. Também, queriam o quê? Desde o advento Zona Franca de Manaus, implementado por obra e "graça" do Governo Militar, nos idos de 1968, na esteira de Francelino Pereira (se o alemão não me engana, era esse o nome do político que primeiro idealizou a legislação que criava uma zona de livre comércio em Manaus) que nossa cidade vem crescendo, por sinal desordenadamente, chegando ao caos em que hoje se encontra. Mas, mais uma vez, nem vou entrar no mérito, ou (des)mérito desse famigerado "projeto". A verdade é que o nosso estado, se sentindo, isolou-se dos demais estados da Região Amazônica, quando urgia formar-se um verdadeiro pacto amazônico, criando-se um bloco em defesa dos interesses sociais, culturais e econômicos desta longínqua e adversa região, porém detentora de riquezas naturais inexistentes em nenhum outro lugar do planeta, cuja população é tida pelo governo central e outros segmentos como formada por alienígenas. Somos um povo em torno de 25 milhões de pessoas, a maior região do país...e, aqui no Amazonas, vivemos à deriva, sempre com um pires na mão, à espera apenas e tão-somente da prorrogação de incentivos fiscais concedidos pelo Governo Federal, para mantermos um polo industrial funcionando, sem nenhum projeto arrojado para a exploração dos recursos naturais disponíveis em nosso estado...que são incontáveis. E esse famigerado "projeto", a exemplo da seca no nordeste, só tem servido de escudo para políticos se manterem em suas cadeiras, seja no Parlamento, seja no Executivo. Um embuste, diga-se de passagem. Ao invés de nos unirmos, separamo-nos. Não se pensa grande. Aliás, não se pensa nada, a não ser no próprio umbigo. Agora - e não poderia ser diferente -, os demais estados do norte começam a se rebelar (estava demorando): querem os mesmos benefícios para "desenvolver" seus territórios. Acredito que esta deve ser a hora derradeira desse pacto: ou é agora, ou nunca mais.

sábado, 30 de março de 2013

ÚLTIMO SOPRO


(RÔ Campos)

Na hora "H"
Tudo que era cheio
Torna-se vazio.

Na hora "H"
Os olhos choram
O sorriso cala.

Na hora "H"
Os pés me fogem
A verdade me invade.

Na hora "H"
Sou coragem
E também vertigem.

Na hora "H"
O último ato
E eu me engasgo.

Na hora "H"
Descem as cortinas
A plateia aplaude e chora.

Na hora "H"
É o fim de tudo
E, quiçá, um recomeço.

Na hora "H"
Quedam as flores
Ficam os perfumes.

Na hora "H"
Esvai-se a matéria
A alma é eterna.

A VELHICE E OS PASSOS DO TEMPO


(RÔ Campos)

Estava ali, sentada, numa das dezenas de cadeiras do CAIMI da Colônia Oliveira Machado, o Centro de Assistência Integral à Melhor Idade Dr. Paulo Lima. Meus olhos batem nas fotos do Dr. Paulo Lima nas paredes. Quero lembrar-me de quem era o Dr. Paulo Lima. Algo me diz que eu o conheci. Sinto-o ao olhar sua face, seu sorriso, um jeito manso de ser...mas a minha memória embotada pelo tempo não me permite prosseguir viagem e chegar a um porto seguro. Reparo nas cadeiras, estão todas ocupadas. A maioria, velhos desacompanhados. Uns olham para o teto, ou para a tela estampando os números das senhas, e têm o olhar tranquilo. Outros conversam entre si, calmamente...e até sorriem. Noto uns dois ou três depauperados adentrando o imenso salão, certamente vitimados por AVC. Observo-os envoltos em seus pensamentos, viajando no tempo enquanto o tempo se vai, ora veloz, ora lentamente, e deduzo: eles não tem mais pressa alguma. Já percorreram uma longa estrada, já sonharam muito, realizaram alguns desses sonhos e outros foram desfeitos, já viveram mais de dois terços do tempo que têm para viver, não precisam mais correr. Para quê? Ao contrário de quando somos crianças e jovens, que desejamos e pedimos sempre que o tempo voe, acredito que eles prefeririam que o tempo andasse mais lentamente. É assim que a coisa se processa, certamente. Já estou nessa antessala e pressinto-o. Às vezes, ainda tenho alguma pressa, justamente porque sei que meu tempo é curto, e não quero deixar de fazer algumas coisas que sei que ainda devo fazê-las, que quero fazê-las. Todavia, estando nessa antessala, posso sentir que ter pressa não faz mais sentido. Depois de uma noite segue-se a manhã, e depois a noite de novo, e outro dia, mais outro dia. Nesse estágio da vida, concluímos que a única pressa que podemos ter é a urgência de viver cada dia, como ele se nos apresenta, contando com a sorte de termos uma velhice assistida, porque, como já disse alguém por aí, "a velhice, por si só, é uma tormenta, pior ainda se desamparada". As minhas andanças e situações vivenciadas nos últimos tempos têm me escancarado muito essa realidade. Uma mãe é para dez filhos. Dez filhos não são para uma mãe.

HÁ ALGO NELE


(RÔ Campos)

Há algo nele que não sei dizer
Quando o vejo...com aquele sorriso
Sinto um quê que não sei dizer
Só os meus olhos é que falam:
Ele é tão lindo!Tão lindo!

Eu sei, ele não sabe, que eu me apaixonei
Porque eu sei quem ele é:
Ele é tão lindo! Tão lindo!
Um sorriso perfeito. Digno de Jack Nicholson
Alguma garota já deve ter dito isso a ele
É bem possível. É bem possível.

Mas tudo isso é um segredo
Que guardo aqui, comigo, no meu peito
Movo o mouse de cima abaixo, vejo suas fotos
No mar, no rio, de perfil, acompanhado, sozinho
Eu sei quem ele é, mas ele não me sabe
E eu não sei do coração dele
Será livre, ou vive aprisionado?
Voa como um pássaro ou mora no passado?

segunda-feira, 25 de março de 2013

A ESCOLHA É SEMPRE NOSSA: VIVER OU MORRER; FICAR OU SEGUIR


http://youtu.be/VFyNyZjRPiw


(RÔ Campos)

Deve ser muito doloroso uma pessoa se sentir sozinha, em meio a tanta gente a seu redor, como costumo dizer: uma multidão de desertos. Mas é justamente nessa hora, quando o homem muitas vezes não consegue se conter...e chora, que ele descobre que a solidão é na realidade um estado de espírito. Podemos estar sozinhos...mas repletos. Porque não são as pessoas que nos preenchem, mas, sim, um sentimento, uma percepção sutil do espírito. Aí também me lembro da palestra que assisti recentemente sobre superação: recolha-se, reflita, e lembre-se: são os outros que estão errados. Ou, quem sabe, pode ser você, e esta é a oportunidade de ouro que se tem para o grande salto, para você se descobrir e partir, partir para algum lugar onde jamais chegou, e quando lá estiver vai olhar pra trás e descobrir que os outros são apenas os outros...Que um dia foram uma pedra em seu caminho, e que você a retirou e seguiu...seguiu pra nunca mais voltar, enquanto eles permaneceram ali, sem conseguir transpor a própria sombra. (RÔ Campos)

A LEI SECA VEIO MESMO PRA SECAR!?


(RÔ Campos)

Divagando sobre esse negócio da Lei Seca. Dizem que as leis são feitas para se cumprir, mas eu entendo que leis também devem ser contestadas. Por quê não??? Mas não vou entrar no mérito dessa lei, até porque considero que realmente medidas urgiam nesse sentido, pelos fatos que são de conhecimento de todos nós neste país. Agora, a verdade é que nós, os adultos, coroas e velhos (à exceção dos ricos, a classe alta, é claro), estamos pagando o pato, pois as estatísticas falam muito alto sobre o índice de acidentes no trânsito, com ou sem mortes, envolvendo, geralmente, jovens entre 18 e vinte e poucos anos, no "comando" do volante. Ocorre que as pessoas maduras não podem mais nem se dar ao luxo de sair para jantar, ouvir música, bater papo, dançar, ir a uma festa de aniversário, casamento, formatura etc. e tomar ao menos um drinque. As pessoas maduras, geralmente pais de família, trabalhadores, executivos, pessoas sérias e responsáveis, que não usam seus veículos como se fosse uma arma letal, estão morrendo de medo do constrangimento de irem presas, sem contar com o elevado valor da multa, que bate na trave dos R$ 2.000,00. Agora, os jovens - que me perdoem, e não nos esquecendo das exceções -, esses continuam saindo por aí, enchendo a cara, sem um pingo de preocupação: geralmente não são eles que pagam a conta. Quer ver? Vá a um desses lugares, por exemplo, que reúnem jovens em torno da música sertaneja ou de forró, nesta cidade, que você vê a quantidade de carros estacionados (muitas vezes ultrapassam os mil). E vão querer colocar na minha cachola que eles estão ali só tomando água????? Agora, vá também num desses lugares frequentados pelas pessoas mais maduras...Os locais estão sendo esvaziados e os seus proprietários estão falindo. E muita gente tá ficando sem emprego.
Outro dia, um amigo comentou-me sobre o seguinte: "RÔ, daqui a algum tempo a Av. do Turismo será um verdadeiro cemitério." Uma pena!!! Ali, e em todo o complexo Ponta Negra, há um potencial turístico e artístico a ser desenvolvido, ligado a bares, restaurantes, casas de show etc.etc.etc., com a flagrante criação de empregos diretos,o que não pode ser desconsiderado pelo poder público. Mas, eu pergunto aos meus botões: onde está a saída para esse imbróglio, numa cidade às voltas com problemas seríssimos de mobilidade urbana, absolutamente precária no que concerne ao transporte coletivo urbano, que sequer atende com dignidade a demanda diária? Como resolver essas questões na capital do mormaço, onde preços e tarifas são praticados como se fôssemos um Oásis? Há muitas outras perguntas sem respostas, mas vou ficando por aqui...

segunda-feira, 18 de março de 2013

O AMOR NUNCA MORRE, É PRA SEMPRE, ETERNO


RÔ Campos

Distraída saí a andar essa noite sozinha por aí
Havia algo calado falando dentro de mim
Saí por aí distraída não queria te buscar
De repente pensei te achei ,tudo ilusão, me perdi.

Depois tentei fazer o caminho de volta
As estrelas saí contando seguindo os olhos da lua
E assim fui me perdendo e depois me achando
O que estava calado calou fundo dentro de mim.

Não vou mais sair distraída andar a te procurar
Não vou te achar lá fora do outro lado da rua
Descobri ouvindo uma voz que falava calada
Soava como soam os sinos: estás dentro de mim.

O amor nunca morre, é pra sempre, eterno
Não se veste de terno preto, é escarlate
É a força do amor que se extingue e esvai
O fogo ontem ardente depois fogo morto.

O amor nunca morre, é pra sempre, eterno
Esse amor por ti que me habita e me diz
O amor nunca morre, é pra sempre, eterno
O que morre é o desejo de amar.

OS OLHOS DELA

RÔ Campos

Chuva rolando na janela, lágrimas caindo
Olho pra chuva chorando e me lembro
Como são lindos os olhos dela.

Lembro do mar, quase turquesa, penso nela
O sol se deitando sorrindo sobre ele
Refletindo a cor dos olhos dela.

São verdes os olhos da menina donzela
Como se fossem estrelas ao redor da face
Duas luas cheias, lado a lado.

sábado, 16 de março de 2013

SONHOS: ADORNOS DA ÁRVORE DA VIDA


(RÔ Campos)

Gosto sempre de falar sobre os sonhos, essa palavra mágica que é o ornamento primordial da árvore da vida. Para mim, um tema absolutamente apaixonante. Falar de sonhos é falar de realização, da vida propriamente dita, enfim. Porque não há vida sem sonhos, chuva sem nuvens, flores sem botão, céu sem estrelas, ainda que não a vejamos em certas noites, mas elas estão lá, como os nossos sonhos, sempre latentes, ainda que nos esqueçamos temporariamente deles.
Outro dia conversava com uma pessoa querida a respeito dos sonhos, a qual colocou-me essa assertiva de que, como tudo tem o seu tempo, os sonhos também não fogem à regra. Por isso, sonhe, sonhe bastante, mas não deixe que eles morem no passado.
A vida da gente vai se desenrolando naturalmente por etapas, ou ciclos, e devemos viver cada uma delas, sem suprimir nenhuma, para que não se transforme, por exemplo, num boneco sem cabeças.
Quando passamos a ter a compreensão do significado da vida, começamos a sonhar. Sonhamos e vamos em busca de sua concretização. Todo mundo busca, sem exceção. Os sonhos se concretizam (ou alguns deles, não), e novamente surgem novos sonhos. Eles são o telhado da vida, por isso estão na cabeça, e não nos pés.
Mas a história conta que muita gente deixa alguns de seus sonhos passarem frouxamente, e eles, então, tornam-se coisa do passado, deixando de buscar a sua realização. Cada sonho, por assim dizer, tem sua época própria, e depois não adianta querer recolher o leite derramado. Assim, normalmente uma pessoa que chega aos sessenta anos, não estará mais sonhando, por exemplo, em realizar o sonho de adquirir a casa própria, de exercer a sonhada profissão. Esses são sonhos que começam a se estabelecer na juventude. Aos sessenta, já estaremos sonhando (ou até mesmo concretizando esses sonhos) com os nossos netos, bisnetos etc., viajar pelo mundo, cuidar de nosso jardim, nos dedicarmos muito mais ainda ao outro, praticando o voluntarismo, porque teremos tempo e nossa visão de mundo será de maior compreensão e tolerância. Por isso, estaremos, também, sonhando muito mais com um mundo menos injusto e indiferente e mais humano.
Assim, quando os sonhos pulsam, temos que partir em busca de sua realização, sair de nós, debruçarmo-nos sobre eles, porque, como tudo passa, eles também passarão. E é muito triste quando, no final da estrada, olhamos para trás, e constatamos que, cheios de ideais, ainda assim deixamos nossos sonhos ali, sentados à beira do caminho, esperando que nós os carregássemos à frente, avante, e percebemos que não há volta, nem mesmo um retorno que nos permita tornar e buscá-los.
Lembremo-nos, sempre, que a vida é muito curta. É, como já disse, apenas um segundo. Que sonhos devem ser sonhados e concretizados. Que sonhar e realizar os sonhos é viver a vida - esse botão que arrebenta a cada amanhecer, a cada nascer do sol.
O amor é a base primordial da vida. É a raiz dessa árvore. Os sonhos são esses adornos também primordiais que enfeitam ess árvore que é a vida.

sexta-feira, 15 de março de 2013

E DAÍ, MARCOS FELICIANO? E DAÍ, BOLSANARO? E DAÍ? E DAÍ?



Estive conversando com um amigo gay durante saborosas horas, a respeito de todos os acontecimentos sobre a causa gay, que têm pipocado de norte a sul neste imenso Brasil e no exterior.
Não vou me alongar muito sobre o assunto, porque o que ele me colocou é tão pragmático que realmente dispensa qualquer alongamento.
Disse-me, ele, em resumo: “Estou pouco me lixando para os Marcos Felicianos, Bolsonaros & companhia da vida. A despeito da homofobia desses nada camaradas dos direitos humanos , da tolerância e do respeito ao semelhante (sim, queiram ou não queiram, viemos todos do mesmo buraco), a minha vida continua, a sexualidade é minha, o corpo é meu, a decisão é exclusivamente minha, estudei, me formei, exerço a minha respeitada profissão, a qual me mantém vivo, há mais de 25 anos, pago minhas contas com o produto do meu trabalho (se não pagá-las irão suspender o fornecimento de minha luz, minha água, minha internet e por aí vai). Deito na cama, durmo e faço amor com a pessoa que eu quiser, sobre o colchão que eu comprei (ou no vaso sanitário, isso é algo que compete exclusivamente a mim e ao meu parceiro decidir). Sou feliz e me realizo dentro das quatro paredes que eu suei para conseguir. Não sinto nenhuma necessidade de sair por aí com manifestações de afeto, beijos e amassos ao meu parceiro. Isso eu vivo na minha intimidade. Ao contrário desses e outros, que publicamente vivem de aparências, cheios de caras e bocas, e na intimidade de seu “lar” tacam a porrada em suas parceiras, são indiferentes, tratam-nas como se fossem depósitos de esperma, e ainda as traem na vida mundana. Alguns deles, fazem de suas esposas verdadeiras prostitutas, comprando-as com presentes caros para calar as suas bocas, presentes esses adquiridos com dinheiro “ganho” facilmente, ou, às vezes, até sem "ganhá-los", como estamos cansados de saber, porque os noticiários estão aí todos os dias a nos contar. E mantêm até amantes pagas com dinheiro de origem duvidosa.
Os gays geralmente são mais leais a seus parceiros, às pessoas que amam. São séculos e séculos de opressão, de preconceito mesquinho, que a traição numa relação gay equivale a jogar por terra toda essa história de luta por um lugar ao sol, pelo seu direito de viver, de ir e vir, de ser feliz, como melhor lhes aprouver. Essa luta renhida por estabelecer definitivamente no mundo o respeito que também lhes é devido como pessoas humanas e úteis que igualmente o são.”
O meu amigo gay é dentista, vive há anos com um companheiro, de igual forma profissionalmente estabelecido, tem dois filhos homens , ambos adotados, com curso superior completo...e héteros. Todos com os seus problemas que a vida diária nos reserva, mas levando suas próprias vidas, com dignidade e trabalho, seguindo em frente, conscientes de que “é preciso amor pra poder lutar”, pra poder seguir...E que “cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”.

domingo, 3 de março de 2013

DIVAGAÇÕES A RESPEITO DO HOMEM


(RÔ Campos)

Há alguns dias, em minhas divagações, pensei sobre o homem, suas dificuldades em lidar com o sexo oposto, as cobranças que a vida lhe faz. Não deve ser muito fácil, nos dias atuais, ser homem. Porque convencionou-se que homem não chora, homem não pode chorar, homem não deve chorar. Homem tem que engolir seco, rasgando tudo, mesmo que haja um nó na garganta. Homem não deve ter medo, homem não pode ter medo, homem não pode fugir do perigo pelo fato de haver sido tomado pelo medo. Homem tem que tremer por dentro, sentir o sangue correr em suas veias, rapidamente, alucinadamente, friamente...mas demonstrar exteriormente uma tranquilidade inexistente. Homem não deve ser inseguro, não pode ser vulnerável. Homem tem que ser forte, valente, decidido. Homem não pode, não deve pedir colo. Isso é coisa de seres inferiores. Homem tem que ser o próprio colo. Homem não pode, não deve pedir a mão em busca de amparo. Ele é o próprio guerreiro, soldado a defender o seu quartel. Homem não pode errar, cair, falhar. Afinal de contas, ele é um homem ou um saco de batatas?
Mulher, não. Mulher chora, grita, pede socorro, implora, suplica por colo, carinho, atenção. Mulher pode ter medo de barata, do escuro, de tomar choque, de temporais, do cão vadio, do avião cair, de morrer. Mulher pode sofrer de síndrome do pânico, de ansiedade, depressão, fazer análise, consultar o psicólogo, o psicanalista e até o psiquiatra. Homem não. Como se homem não fosse humano, mas um ser de outro planeta.

Por que motivo os homens, sistematicamente, não gostam de ir a consultas médicas? Medo. Simplesmente isso. Medo.

Aprecio o homem que se derrete, que chora, que busca ajuda, que pede socorro, que implora por colo, carinho, afago, que se deixa sentir como um ser vivente, cheio de virtudes e de defeitos, mas que aprende, desaprende e reaprende, que é forte e fraco, que estuda e que ensina, que repassa o que sabe e que também faz perguntas, que tem muitas dúvidas e poucas certezas, que respeita e se faz respeitar, que ama, desama e depois volta a amar. Um homem que nasce e morre todos os dias, para renascer no dia seguinte. Um homem que não tem vergonha de voltar os olhos para os céus e apreciar um arco-íris, um eclipse do sol ou da lua, as estrelas brilhando, o sol se pondo no horizonte.
Um homem velho que não sente vergonha de ter vivido tanto - a vida -, essa dádiva.