segunda-feira, 11 de novembro de 2019

AURORA


(RÔ Campos)

Não era pra terminar assim.
Havia muita estrada no que ainda tinha porvir.
A gente rindo feito criança tonta sonhando se equilibrando na corda bamba sem medo nenhum de cair.

Fizeste tão pouco de mim porque não me querias assim:
Arco e flecha zarabatana na mão tendo por alvo o teu coração.

Fugiste no meio da noite como se o sono que me cobriu não fosse ter fim.
Me deixaste abandonada jogada no leito com cheiro de mofo em um quarto qualquer.
E eu feito louca vesti minha roupa joguei meus anéis.
Com os olhos de fogo cuspi tua boca e dedos em riste te disse te amo e te odeio sai com esse corpo do meu caminho que eu quero sair dessa prisão em que me joguei.
Abre essa porta lá fora há sol e estrelas há vida que eu quero viver.
Toma essa chave agora que já é chegada a hora o escuro ficou claro sorriu a aurora eu me libertei.
Faça com ela o que bem quiser eu não tenho mais nada com isso o teu castigo é só teu.
Adeus!

sábado, 9 de novembro de 2019

FRAGMENTOS DO TEXTO "CONFISSÕES"


(RÔ Campos)

Confesso-te, a ti que tem sido uma das amigas mais presentes em minha vida nos últimos tempos: no jogo em que nos pusemos a jogar, eu percebia, de longe, as rasteiras que ele pretendia me dar, mas eu me permitia cair. Eu queria ver até onde ele seria capaz de ir. E o tempo foi passando...E eu sempre deixando que ele achasse que estava ganhando as partidas, ou até mesmo que sentisse a certeza da vitória.
Agora, minha doce amiga, aquela que me diz para que eu deixe meu coração me levar aonde ele quiser ir, cheguei à clara conclusão de que eu, na verdade, sempre quis perder.
Acostumei-me às grandes empreitadas na vida, às lutas árduas, ergui trincheiras, montei barricadas, tantas vezes fui à guerra, e nunca fui vencida, mesmo algumas vezes cansada. Talvez eu quisesse conhecer a sensação do que é o perder e, assim, me perdi nesse labirinto de coisas, planos, projetos, sonhos. Quem há de saber?
Por isso, te confesso, não guardo mágoa nem rancor, sequer arrependimento. Não tributo a ele nenhuma culpa pelos nossos desatinos. No amor não há culpados, apenas corpos suados, um querendo possuir, outro buscando se entregar.

No entanto, não me perdoo.

Eu quis me entregar, mas ele não quis me possuir. Eu me desnudava todo dia, escancarava a minha nudez, mas ele nunca desejou sugar o néctar de minha alma, sentir o perfume da minha paixão. Nem mesmo da minha carne ele quis usufruir. Nele, só havia uma intenção: ter-me como um objeto qualquer, pegar, usar, jogar...Ou um alimento que, de repente, matasse a sua fome, uma água cristalina que saciasse a sua sede, o calor que espantasse o frio terrível que o assombrava. E eu sabia de tudo isso. Eu sentia a sua frieza. Eu assistia a todos os seus atos, a princípio, calada, depois me pus a me rebelar. Estava tudo ali, ao meu lado, na minha frente, dormindo comigo.

Por isso, te reafirmo: eu não me perdoo.

E, como não me perdoo, não posso mais seguir com ele...Porque não há caminho algum a percorrer. Nem algum lugar aonde chegar...

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

O DIA NOSSO DE CADA VEZ

(RÔ Campos)


Amor...
É assim mesmo,tudo acontece,coisas da vida...
Coisas quebram,algumas têm conserto; outras, não, inclusive o coração da gente.
Se dá pra colar os cacos,a gente cola.
Se não dá,vamos simbora assim mesmo.
Um dia, quando a gente menos espera, tudo se resolve:
Um coração novo...Um novo amor...Novos desafios.
Porque a vida é mesmo assim:
Num dia faz calor, noutro dia faz frio.
E, então,vamos seguindo,vivendo um dia de cada vez:
Cada dor a seu tempo.
Cada amor em seu momento.

DEIXA

(RÔ Campos)


Deixa...
Deixa o amor falar baixinho ao teu ouvido.
Deixa o amor dizer tudo o que tem. Deixa o amor contar histórias. Deixa o amor dizer.
Deixa o amor fazer de conta que está mentindo.
Deixa o amor sorrir.
Deixa.
Deixa.
Deixa o amor entrar. Onde o amor está, o ódio não tem guarida.
Deixa o amor ficar. O ódio está de partida.