segunda-feira, 20 de abril de 2020

SEM CONVITE

(RÔ Campos)

Era dia quando um vento forte soprou do Oriente
E  como se não houvesse luz,  fez-se noite
Muitas noites sem lua nem estrelas

Nos pegou a todos desprevenidos
Em um tempo assim, meio sem sentido...
Corriam os homens contra  o relógio do  tempo...
O egoísmo e a vaidade eram protagonistas no teatro da vida, onde muitos eram figurantes.

Trouxe o vento forte o pássaro  agourento com  as garras encravadas em seus cabelos longos
E o pássaro  agourento sobrevoou rapidamente de lado a lado todo o Ocidente
Gritando  seu grito esganiçado
Deitando o medo e a morte no leito  de tantos quantos sentiram o frio se acercando
Os incrédulos riram-se em tertúlias tantas
Mas ao fim e ao cabo o medo venceu também todo aquele que se vestia de soberba
Até a fé se retirou para descansar, enquanto a Ciência, que nunca se cansa,  buscava com os olhos da Razão uma luz para enxotar o pássaro agourento e nos livrar a todos dos dias de escuridão.

Fim do primeiro ato.

Surge uma luz no fim do túnel escuro...

SOPRO


(RÔ Campos)

Cuidemo-nos. Cuidemo-nos uns dos outros. Essa travessia é muito dura, muito louca...Mas quem foi que disse que seria fácil? Nada nunca foi fácil,  inclusive para aqueles outros que  vieram antes de nós.
Tantas pestes, tantas guerras, tantos sofrimentos,  tantas dores...
Mas essas gentes bravas seguiram o seu destino,  estrada a fora, deixando para trás o que não pôde  ir,   levando na memória  suas recordações, e no coração as marcas da vivência, os amores que o habitaram,  para que nunca se perdessem no esquecimento...

Vamos,  maninho,  fazer essa travessia. Segura as pontas com firmeza. Alça  as velas.  Esquece o relógio do tempo.  Te faz de doido e de mudo e de mouco. Te finge até de morto,  se preciso  for, para que não te molestem essas dores persistentes.

Decerto que faz escuro hoje. Mas nem todo o tempo é  escuro, e nem  todo o tempo é  claro. 
Pensa assim,  todo dia, ao despertares: É  só  hoje.  Apenas hoje. 
Não vou  desistir. Vou esperar.  Não sei o quê o amanhã pode me trazer...Sei lá.
A chuva pode cessar.  O sol pode sair.  A dor pode passar. Só  o tempo irá  dizer...

A vida é  mesmo esse combate medonho, às  vezes até mesmo antes de sermos dados à  luz: um duelo entre ela - a vida -  e a morte. A morte das perspectivas.  A morte das ilusões. A morte do corpo. A morte de tudo. Exceto da alma,  imanente, permanente.
E a vida?...O que  é  a vida,  senão um sopro...

EU E TU


(RÔ Campos)

Hoje, estou meio assim,
Ouvindo o silêncio de nós dois,
Lembrando das coisas que ficaram
E de tudo o que o vento levou...

Uma vontade tão grande de tudo o que vivemos.
Eu e tu, lado a lado.
Eu te dizendo que te amava, e tu rindo, falando que era brincadeira.
Mas eu te amava de verdade e tu sabias.

E quando eu estava triste, tocavas meus cabelos,
E, cheio de alegria, olhavas os meus olhos.
Tudo tu me davas, mas costumavas me roubar muitos beijos.
E o que era tristeza  não tardava desaparecia...

DEPOIS DO AMOR




(RÔ Campos)

Já nem sei dizer direito,
Mas se era pra ficar só por ficar,
Que então se abrisse a porta.
Sabido é que todo  amor
Ao fim e ao cabo é  folha morta.

Fugir sem nem saber pra onde nem por que,
Fugir por fugir, fingir,
Como se a vida quisesse assim,
E fosse o amor um folhetim.
Melhor seria se não  tivesse sido assim.

O que restou do amor
Deixou tão pouco de nós,
Nos dividiu, nos separou,
E agora já não somos um,
Voltamos a ser dois...

NADA A TEMER


(RÔ Campos)

Nada a temer
SENHOR!
De todos os exércitos
Do amor vencendo os canhões.

Nada a temer
Para quem faz a sua parte
E tem Deus no coração
Seja lá esse Deus quem for
Contanto que seja uma luz
A nos guiar na escuridão.

Nada a temer
Se eu sou temente  a Deus
Esse ser que mora em mim
Uma luz no fim do túnel
Uma mão  a me erguer do chão
Um ombro para eu me recostar.

Nada a temer
Se Ele vive em mim
Como se fosse o pão que mata a minha fome
E a água que sacia  a minha sede
O timoneiro do barco da minha vida
Meu norte,  minha bússola,  minha direção.

Nada a temer
Se Ele é  o motor que me impulsiona
A  energia que me alimenta
A chave que abre todas as portas
A força que tudo impele,  tudo rege.

Nada a temer
SENHOR!
De todos os exércitos
Do amor vencendo os canhões.