quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

NADA

(RÔ Campos)


Foi-se um ano. Parece que foi ontem.

E, ao mesmo tempo, é como se fosse uma eternidade. 

Fomos tanto quando estávamos juntos, que éramos apenas um. Hoje, separados, somos dois. 

Tu - eu não sei mais quem és, nem por onde andas. 

Eu - sozinha, aqui, parada, procurando  nossa estrela no céu nublado, da janela do meu quarto...não sou  nada.

*21.12.2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

CORA, COVARDIA!

(RÔ Campos)


Coragem é lutar sem armas. Covardia é se armar até os dentes.

Coragem é ter medo do escuro. Covardia é usar máscara à luz do dia.

Coragem é se jogar no desconhecido, buscando ser feliz. Covardia é se trancar, pelo medo de amar.

Coragem é abrir a porta, sem saber a quem. Covardia é se fechar, com receio de ninguém.

Coragem é dizer não, ser leal. Covardia é dizer sim, e mentir.

Coragem é sorrir, quando o coração sangra. Covardia é chorar, quando se tem a alma fria.

Coragem é ficar, se o amor partir. Covardia é sair, se o amor entrar.

Coragem é ser covarde, e proteger a vida. Covardia é ter coragem de embalar a morte.

Coragem é fugir da guerra, do ódio, desertar . Covardia é abrir trincheiras.

Coragem é parir, sem temer o porvir. Covardia é matar, quem não se pode defender.

Coragem é a covardia de deixar ir. Covardia é a coragem de não pedir pra ficar.

*02.12.2011

DO QUE EU PRECISO


(RÔ Campos)


O que será que há

Por trás daquele velho muro? 

O que será que se esconde

Dentro daquele quarto escuro? 

O que será que procuro

No breu da noite

Se há tanta luz no meu caminho? 

Por que tantos porquês

Se tudo o que eu preciso

É de motivos pra  viver? 

Mas por que tantos motivos

Se a vida é tão simples e cara e rara? 

Se tudo o que eu preciso

É de coragem  pra  viver...

*02.12.2015

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

ABAIXO DO CÉU AZUL


(RÔ Campos)


Atrás dessa bela paisagem se esconde o cáos, a miséria humana. 


Atrás do verde (da floresta) amarelo (do ouro), vermelho (do sangue, da fraternidade) e branco (da paz), tudo é cinza.


Atrás desse colorido todo, não há cor. Tudo é dor. 


Atrás de toda essa arte, de toda uma emoção expressada com a tinta e o pincel, tudo o que se pinta é a desgraça humana.


Abaixo desse céu azul, que parece nos guardar a todos, há homens e homens que n'algum dia foram homens, e hoje não são homem algum. São arremedo de qualquer coisa. 

Pois o homem que perde a sua dignidade... é homem nenhum.


(Acabei de escrever esse texto logo após ver as fotos que um amigo  postou no Facebook, alusivas a vários locais de Manaus, praças etc. Uma delas retrata aquele pedaço do Prosamim, onde está a ponte dos ingleses e a linda arte com pintura feita na parede externa da Cadeia Pública Vidal Pessoa, cheia de muitas cores, vibrantes (20.06.2011)

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

DEUS. ONDE VOCÊ SE ESCONDEU?

 

(RÔ Campos)


Eu não sei onde foi morar a paixão.

Eu não sei onde se enfiou meu irmão. 

Eu não sei  quem desfez minha casa,  roubou meu amigo.

Eu não sei  mais viver no perigo

Que ronda a nossa nação. 


Eu não sei mais aonde vai dar esse estado de coisas.

Eu não sei se vou acordar.

Se o sol vai aparecer.

Se a polícia vai nos proteger.

Se o galo ainda vai cantar.

Se o padre a missa amanhã vai rezar.

Se o menino de pés no chão sabe o que é  sonhar. 


Eu não sei como tudo começou.

Nem como isso tudo vai terminar.

Eu não sei se aquela criança 

Que brinca de roda, ciranda,

A menina que ainda usa trança,

Sequer vai crescer. 


Eu não sei se o amanhã vai chegar.

Se o trem na estação vai parar.

Se vamos conseguir sobreviver

A tanto ódio no olhar,

A tanta fúria  no coração,

À essa incúria que mata,

Ao medo que nos impingem.


Eu não sei mais o que é  sonhar.

E a minha fé,  onde está?

Tá tudo tão cinza,  agora.

Tento rebuscar a memória .

Suplico ao sobrenatural.

Nada mais aqui é  normal.

Tudo parece um hospício.

A violência já tem outro nome.


Todos estão surdos!


Eu não sei se o socorro virá .

Estão todos perdendo  a razão.

Até mesmo os que se dizem cristãos.

Querem o povo com armas nas mãos,

Com licença pra matar,  sem perdão.


Tanta gente morrendo de fome!

Indigentes nas ruas com frio!

Aonde vai parar o Brasil?


Eu não sei mais o que é  sorrir.

A tristeza vive a me açoitar.

Meu amigo já não posso mais abraçar. 

Essa dor no meu peito que não quer me deixar.


Eu não sei o que ainda está por vir.

Sinto no coração mau agouro.

O mal vive a zombar de mim 

Os cães vadios raivosos se multiplicam a cada dia.

E estão  a nos espreitar nas esquinas escuras.

No primeiro vacilo querem nos devorar.


Eu não sei aonde a razão  foi morar...


Eu não sei cadê Cristo.

E esse "Deus acima de todos"?

Que deus  da guerra é  esse?

Cadê  as Boas Novas? 

Quando Cristo vai voltar para destronar a besta-fera?

Ou será Cristo mais uma vez crucificado para redimir o bicho homem dos seus pecados?


Onde se escondeu o Deus do amor, da paz?

"Deus está morto"!?

terça-feira, 25 de outubro de 2022

EU AINDA VEJO FLORES...

 

(RÔ Campos)


Tantas palavras em vão,

No vão da porta que se fecha,

No vácuo que se abre,

No clarão da tua estupidez·


Para essa tua cegueira,

Procuro te mostrar algumas coisas que vi, que sei.

Mas tu nunca sabes, 

Nunca vês,

Cegado sempre pela mentira da vez. 


Para essa tua ausência de uma nobreza tal,

Só me resta o meu silêncio, a luta,

Para escaparmos  desse umbral.


Dizes que é dia, Quando a noite cobre o céu·

Que não há dor nem fome

Na cabeça e na boca do homem·

Mas  eu então  te replico:

Só a comida não sacia a sede e a fome de viver·


"Vem, vamos embora que esperar não é  saber,

Quem sabe faz a hora

não espera  acontecer".


"Vem, vamos embora que esperar não é  saber, 

Quem sabe faz a hora não espera acontecer".

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

PERDIDA EM TUA BOCA


(RÔ Campos)


Vieste bem devagarinho, como quem não queria nada. 

Te vi de longe,  me olhando,  quando sorriste  um sorriso largo,  no Largo.

Depois,  ficamos lado a lado. 

Tuas mãos tomaram as minhas de assalto. 

Mais tarde,  nossas bocas conversaram.

Daí,  então,  foi um passo para o entendimento:  

Quando a madrugada veio,  no entanto,  

Perdemos a cabeça. 

Até agora procuro o juízo, 

Que - sabe Deus? onde se meteu.

Porém, entre viver uma vida  tão cheia de pudor, mas  triste e oca,

Prefiro andar assim,  louca de prazer,

Perdida em tua boca.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

DIVAGAÇÕES DE RÔ CAMPOS SOBRE POSTAGENS NAS REDES SOCIAIS

(RÔ Campos)


Não adianta nada ficar pedindo aqui para os santos protegerem o Brasil,  não. Porque é  um trabalho danado, muita gente destrambelhada pra pouco santo,   e eles não vão dar conta de tantas armas nas mãos de tanta gente com ódio no coração.

Ponham uma coisa na cabeça: só o amor salva. Não é  isso que diz o primeiro mandamento das leis de Deus?:

"Amai a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo". 

Mas como aplicar esse mandamento,  meu Padim Pade Cíço,  se esse povo não sabe nem o que é  amar a si próprio, nem ao seu irmão de sangue,  que está mais próximo, que dirá a quem está ali na esquina,  moribundo,  com fome e sede, exclusive de viver, porque vida não há mais.

FILHO DO AMOR

 

(RÔ Campos)


Vem aqui,  filho meu.

Quero te dizer, antes que te molestem:

Vieste na hora exata.

Pois eu nem mais sonhava.

Escuta a voz do coração.

Porque quando o coração  fala

Toda a maldade se cala. 

Quando se é  filho do amor,

Nenhum valor tem

O sangue que corre nas veias;

O mesmo sangue daquele

Que um dia te abandonou. 

Sou teu pai, meu anjo bom. 

És  tu meu filho,

O filho do amor.

MOÇA BONITA


(RÔ Campos)


Moça bonita

De costas pro mar

Não és mulher

De por menos chorar.


Moça bonita

Ninguém acredita

Que de tanto ser forte

Ainda vive a sonhar. 


Moça bonita

De sorriso  brejeiro

Teu jeito criança 

É canção de ninar.


Moça  bonita

Olhos de estrela

Minha boca na tua

Sob a luz do luar.







UM NORDESTINO EM NÓS

RÔ Campos


Há um  tantinho de um Nordestino vivendo em cada um de nós.

Mas nenhum de nós tem a força,  a graça,  a resiliência, a fé e os sonhos do Nordestino. 

Até na dor o Nordestino não se dobra.

Porque é  na dor que ele se fortalece.

É  na fome que ele se agiganta, pondo-se a andar pelo mundo,  sol a pino, como um retirante a vagar,  mas na mente um destino traçado: a graça de encontrar um tanto de terra e água pra modo se aconchegar. Um dia,  sem nem saber quando,  pra sua terra haverá de voltar. 

Por isso o Nordestino é  tão espicaçado.

A Fortaleza daquele ser tido  como bruto, tosco, a Fortaleza incomoda  os invejosos,  os inescrupulosos, os soberbos - coitados! tão fracos.

sábado, 18 de junho de 2022

NÃO SEI DIVIDIR

 

(RÔ Campos)


Se hoje não chover,  o sol vai aparecer

Se a lua  não sair,  a noite vai escurecer

Se você partir, eu vou ficar sozinha aqui

Se você ficar,  eu serei feliz assim. 


Mas,  se acaso  eu descobrir

Que você me enganou por aí

O tempo vai fechar

Eu não vou te perdoar

Não sou de dividir nada com ninguém

Meu negócio é  multiplicar.

terça-feira, 7 de junho de 2022

DESERTOS


(RÔ Campos)


Dos meus desertos só eu sei 

No escuro do meu quarto. 

Dos desertos alheios, 

Esse  saber não  me foi dado. 


A memória vai longe,

E ainda  me lembro bem

Dos desertos que vivi:

De dia,  o sol inclemente a me fustigar,

E, de noite,   o vento soprando forte,  gemendo,  chorando, a me açoitar.


Sede e fome. Solidão.  Medo. 

Sem perder a esperança...Jamais!


Felizmente, um dia,  como sói  ser em todos os desertos,  

E com todos aqueles que creem na vida,

Avistei um oásis...

sábado, 4 de junho de 2022

A MORTE DO FUTURO


(RÔ Campos)


A tua  dor não é  a minha dor,

A dor é  de cada um.

Mas sinto frio ao pensar na tua dor,

Que deve ser como um um punhal quente que arde e doi  e sangra,

E lentamente vai  dilacerando o peito e a alma. 


Sim,  eu sinto como deve ser esse vazio,

Esse sentimento que vai penetrando  aos poucos e tudo o  que  encontra é  oco.


A partida é  sempre o inverso  da chegada.

(Naquela,  é  dor.  Nesta,  é  riso).


Condenas  o tempo pela tua dor.

Mas o que é  o tempo senão o passar de tudo?


Esse mesmo tempo que hoje condenas com a frieza d'alma  que temporariamente  te habita,

É  o tempo que amanhã te libertará,

Mesmo deixando as marcas indeléveis  da pena que te foi imposta. 


Vaticino: Te encontrarás,  amor,  no  tempo verbal futuro do futuro.

Mas me respondes que o futuro é  uma quimera. 

E  que,   hoje, não mais há futuro do presente, pois o próprio presente jaz, dormindo o sono eterno. 

E o futuro do passado se foi, levado bruscamente pela intempérie. 


Tempo! Tempo! Tempo!Tempo!

sexta-feira, 27 de maio de 2022

SANTO DO PAU OCO


(RÔ Campos)


Eu disse a você

Que ia à  delegacia

Mas você não acreditou

Achando que eu mentia. 


Chegando lá

Eu falei ao delegado 

Prenda o meu marido

Ele é  um desnaturado.


O delegado

Olhou pra mim com espanto

E me disse senhora não posso prender

Esse homem é  um santo. 


Eu respondi

Se prepare seu delegado mouco 

Resolvo  tudo isso com um taco

E dou  cabo  desse santo do pau oco.


😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂

NOITES A FIO

 

(RÔ Campos)


Bebi tuas palavras

Engoli a seco 

No meio da noite

O choro que não chorei.


O beijo  frio da despedida 

Queimou o céu da minha boca

Enquanto a lua, envergonhada,  se cobria. 


Aquele punhal

Que me cravaste  no peito

Arranquei, doeu, sangrou, chorei 

Hoje já não choro  mais.


Deixei nos becos por onde andei

A cruz que  agora não carrego

Daquele amor tão louco

Que de mim sempre fez pouco. 


Bebi  tuas palavras

Sozinho, sequei mil garrafas

Nas mesas de bar noites a fio

Afoguei minhas mágoas

Embriaguei minha dor.

domingo, 22 de maio de 2022

VIDA QUE SEGUE


(RÔ Campos)


A fila anda

O trem segue

O rio  desce

O vento sopra

Aviões decolam

Aviões aterrissam

Navios partem

Navios  atracam no cais 

Pessoas nascem

Pessoas se vão 

Amores começam

Amores terminam

Estrelas brilham

Estrelas caem

O sol nasce

O sol se põe

O dia acorda

A noite dorme

Os sonhos nunca envelhecem

O que fica velho é  o desejo de sonhar

A noite esfria

Braços e abraços aquecem

Água  mata a sede

Água  é  fonte de vida

Sementes brotam

Brotos arrebentam

Estações vêm  e vão

Estrelas nascem do pó

Viemos do pó

Ao pó voltaremos 

Vida que segue...

sábado, 30 de abril de 2022

O QUÊ ME CAUSA MEDO

 

(RÔ Campos)


Pisar forte na direção da vida

Que não tenho pressa da morte

Viver urge a cada instante

A morte que lute.


Tenho sede e fome de vida.

Cada acorde me faz despertar

Quando durmo e acordo 

De um sono qualquer querendo me levar. 


A vida é  um barco que ontem descia  o rio e  hoje  há passado.

Às  vezes banzeiro, outras, calmaria. 

Não tenho medo das tempestades

O que me causa medo é  a maldade de gente vil.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

O SUCESSO É SER FELIZ

 

(RÔ Campos)


Quando tudo parecia perdido

Quando eu andava  errado

Nada fazia sentido.


Deus ouviu  minhas preces

Ao  amor eu me entreguei

Quem dá sempre tem o que merece. 


Quando chega a nossa hora

Um grande amor bate à porta

E a tristeza vai embora. 


Hoje tudo mudou

A vida é  uma escola 

O amor me lapidou. 


Minha vida por um triz

Nem fama,  nem dinheiro

Descobri que o sucesso é  ser feliz.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

TUA AUSÊNCIA

 

(RÔ Campos)


Ontem eu te procurei 

Era um sonho

Acordei

E lembrei que não estás mais aqui. 


Ontem eu voltei ao passado

E nós dois estávamos ali

Como sempre,  lado a lado. 


Até hoje não me acostumei

Tua ausência é  um grande vácuo 

Te vejo nas capas dos discos

Te sinto no vento que abraço. 


Hoje o dia acordou muito cedo

Abri as janelas,  dei  bom dia aos

pássaros

Arrumei a mesa,  pus o café...


Ontem, hoje,  manhã, noite

Tudo se confunde no barulho das horas

Sem o teu olhar a me vigiar

Sem tuas mãos a me afagar.

segunda-feira, 21 de março de 2022

TUA CABEÇA É O TEU JUIZ

 

(RÔ Campos)


Depois de uns  goles de cachaça

Eu pisei  no calo da mulher amada

E logo após  pedi perdão a ela

Mas ela, um poço de mágoa 

Me disse: a fonte secou. 


Entrei com  ação na primeira instância,

Mas a juíza não me deu ganho  de causa.


Inconformado com a decisão,  Apelei ao tribunal dos arrependidos,

Mas o tribunal manteve a condenação.


O jeito foi  sair de bar em bar

Me afogando em várias doses de cachaça

Para a minha pena  esquecer. 


Quando acordei,  estava  de joelho aos pés do altar na igrejinha do Pobre Diabo.

Aproveitando o ensejo,  supliquei  a Santo Antônio,  

E ele então sentenciou:

Nesse caso,  não tenho jurisdição. 

Dirija sua apelação a Deus.


Pedi a Deus que me inocentasse 

E Deus  solenemente me respondeu:


Eu te dei o livre arbítrio. 

Neste caso,  perdoar,  nem Deus. 

Tua  cabeça é  o teu juiz. 

Vai e cumpre a tua  pena. 

O azar é só teu.

domingo, 20 de março de 2022

COMO UM FLASH

 

(RÔ Campos)


Eu queria entender

Por que,  meu Deus!

Os  dias passam tão ligeiro.


Parece ainda que foi ontem

Que conheci meu amor primeiro -

Ele,  que agora é  uma estrela.


Às  vezes sonho com tanta gente  linda,

Que conheci nas andanças pela vida.

Parece que estou vivendo tudo outra vez. 


E vejo aquele amor de tantos carnavais.

Nós  dois,  juntos,  brincando  até o sol raiar:

"Tanto riso,  ó quanta alegria!".


E o outro, que me mandava flores,

E hoje já não sei mais nem 

quem ele é. 


E me visita  a memória o menino que sonhava,

O outro que trabalhava e tinha muitos planos,

O homem que era doutor das leis,

O outro, perseverante,  que se tornou juiz.


E também  aquele com quem me juntei, um dia,

Que já foi tanto e hoje é  ninguém. 

O chefe querido,  que muito me ensinou,

A quem tive e tenho como segundo pai.

Meu avô,  artista, palhaço e ator.

O homem que me gerou,  o maior de todos,  meu pai. 


Estou no presente e, de repente, 

Me vejo no passado,

Nos meus dias de criança,

Cheia de sonhos que teimavam  em minha mente.


Muitas coisas se perderam no tempo. 

A gente vai crescendo e tudo vai ficando para trás.

Só o que não passa, como disse meu amigo Jefferson Valente 

É  a saudade que fica catucando  a gente.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

DEPRÊ, NÃO!!!

 

(RÔ Campos)


Quando o monstro me acenava com as mãos cheias de garras

Eu não sabia o que fazer

Ele era medonho  de feio

E vinha pra me destruir. 


O monstro dia a dia me possuía

Quando uma força misteriosa surgiu do nada

E me arrancou   do extremo cansaço

Que estava a me sugar  a vida. 


Para vencer o monstro

Não guerreei com ele

Vi uma luz no fim do túnel

E levantei a bandeira  da paz. 


Hoje,  o monstro ainda me assedia 

Não se pode baixar a guarda

Ele que lute!

Da vida nada nem ninguém me tira mais.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

PELOS CAMINHOS DESTA VIDA

 

(RÔ Campos)


Que eu siga pelos caminhos que me levem

Sempre vestida de minhas insignificâncias,

Mas livre de  algema  alguma. 


Toda forma de opressão deprime,

Faz sucumbir qualquer força animadora.

É  prisão que cega até pela luz do sol vista por uma fresta.


Pavimentei  cada palmo do chão por onde andei,

Para chegar até aqui e  seguir adiante, 

Enquanto essa estrada não tiver fim. 


Meus ombros não suportam o peso da carga que não pedi, 

Mas a minha escolha a colocou em minhas mãos. 

Julgava que fosse leve, 

Até que,  um dia,  me vi cansada do seu peso insustentável. 


De mim me quiseram assenhorar,

Mas eu sou o meu senhor.   


Agora,  eu sei e digo: quantas vezes o que hoje  nos traz felicidade,  amanhã será a causa de nossas agruras.

O mundo é  dualidade.  Ponto. 

E, assim,  hoje a tristeza se senta e a alegria  se levanta. 

Amanhã,  quem se senta é  a alegria, e a tristeza nos assusta.


Portanto,  tenho dito,  não se engane.

Todos temos dentro de nós um anjo e  um demônio. 

Às  vezes,  o demônio dorme e o anjo está acordado.

Outras vezes,  o anjo se descuida,  e dorme. E o demônio nos assedia em plena luz do dia.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

SÓFIA

(RÔ Campos)


O que é o meu saber

Senão saber que nada sei.

E quando eu chego a pensar

Que de alguma coisa eu sei

Descubro saber menos

Do que tudo aquilo 

Que eu penso que sei.


Assim é o meu saber

Ou aquilo que consiste em pensar que sei:

Todo dia desaprendo

E de novo procuro aprender

Que nesta vida nada se sabe

A não ser que todo dia

Morre para depois renascer.


E quando o dia acaba de morrer

Vem o meu saber e me diz

Que nada dura para sempre

E que tudo muda depois que eu me desnudo

Que tudo,  absolutamente tudo,  é relativo

E nada, nada, nada é  definitivo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

AMOR VAZIO


(RÔ Campos)


Cadê o tesão que estava aqui?

Ontem à noite ao chegar em casa tarde, me disse que sua vontade era ficar por aí.

Comprei uma lingerie  vermelha linda,  mas ele nem olhou pra mim. 

Esqueci que ontem fizemos aniversário de 30 anos de casados. 

Não sabemos mais o que é  um beijo,  dormir de conchinha, abraçados.  É cada qual para o seu lado.

Há  algum tempo dormimos em quartos separados, 

Mas, juntos,   ainda vamos ao supermercado...

Já perdi a conta do tempo que não vamos mais ao cinema,  a shows, nem viajamos juntos, como quando vivíamos enamorados.

Cada qual faz seu programa separado.  

Mas, programa a dois - isto é  coisa do passado.  

E, assim,  vamos vivendo...Lado a lado.