domingo, 27 de fevereiro de 2011

VIDAS EXTRAVIADAS

Um dia desses estava comentando com meu filho que escreveria um livro com esse título, abordando certos causos, que detalhei para ele.
Ontem à noite, conversávamos em casa, eu, meus dois filhos e a namorada do mais novo sobre certos acontecimentos recentes que estão mexendo com a estrutura psicológica de familiares nossos. Disse-lhes, no decorrer da conversa, que já vi tanta coisa neste mundo de meu Deus, que nada mais me impressiona, que seja proveniente do ser humano.Mas errei.
Durante a madrugada, lia o jornal A Crítica, de hoje, domingo, e não pude conter as lágrimas que caíam quando da leitura da matéria sobre o antes jovem e sorridente Heberson Oliveira, na primeira página do Caderno Cidades.
Pela contagem de datas que fiz quando lia a matéria, em 2003, quando contava com 22/23 anos, Heberson foi preso, acusado de haver estuprado uma criança de 9 anos. Segundo a matéria, mesmo sem nenhuma prova material ou testemunhal que o incriminasse, Heberson foi indiciado, denunciado e transferido para a Unidade Prisional do Puraquequara. Só dois anos e sete meses depois de ter sido preso é que Heberson foi julgado e, finalmente, considerado inocente.
Só que, ao ser libertado, Heberson já havia se tornado prisioneiro dos danos que a injustiça e a maldade humana provocam. Na prisão, ele foi estuprado pelos " xerifes" da cadeia e contraiu o vírus da AIDS. Hoje, Heberson está com 30 anos, vive perambulando pelas ruas, é dependente de droga e não tem nenhuma vontade de viver. É impressionante a mudança que se nota quando observamos as fotos publicadas na matéria, em três momentos: antes da prisão, durante e recentemente. É um espectro, como espectro tornou-se sua alma. Heberson é uma dessas incontáveis criaturinhas brasileiras vítimas do descaso, da negligência, da indiferença, da hipocrisia, do preconceito, do egoísmo, da imprevidência do ser humano. Heberson é mais uma das vítimas do sistema prisional brasileiro. Heberson é mais uma das vítimas da miséria humana Heberson é mais uma das vítimas da banalização da vida. Heberson é mais uma das vítimas dessa humanidade tão injusta, tão desigual.

Adriana Calcanhotto -- Traduzir-se - Vídeo Oficial

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

LULA BARBOSA & CIA

Não fosse a chuva torrencial que desabou no meio da noite em Manaus, o público certamente seria um pouco melhor, ontem, no O Fino da Bossa, para prestigiar esse grande artista brasileiro Lula Barbosa. Eu mesma havia marcado com algumas pessoas que, na última hora, desistiram em razão do mau tempo que já mostrava a sua cara. Imprevistos à parte, a verdade é que tivemos uma noite gostosa, com mais de 2 horas de boa música, cujo show intimista, à base de voz e violão, contou ainda com a participação especial do Zeca Torres (o Torrinho), Antonio Pereira, Jane Bastos, Simone Ávila, Cleber Cruz, Gonzaga Blantez, Pedrinho Ribeiro e Zotti, ou seja, as feras das feras destas plagas, que foram prestigiar o grande artista Lula Barbosa.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ASES DO PAGODE - ERREI

No texto anterior que escrevi a respeito do Sambaqui, do grupo Ases do Pagode, disse que a cerveja em lata é vendida no local ao preço de R$ 10,00, quando, na verdade, custa R$ 3,00 (três reais), já havendo, inclusive, feito a correção devida no aludido texto. Foi meu amigo Zeca Torres quem me alertou para o erro, tirando aquele sarro (gíria nossa das antigas). O resto, pessoal, é ir lá pra conferir. Gente bonita, boa música, local espaçoso, com parte coberta e outra ao ar livre e um sonzinho delicioso de ouvir e dançar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

CORSÁRIOS BAR, UMA NOITE SUPIMPA

Após sairmos do Sambaqui, do grupo Ases do Pagode, fomos ao Corsários Bar, do nosso amigo, cantor e compositor amazonense Vítor França, localizado na Av. do Turismo. Vladimir, que toca no primeiro horário, já havia encerrado a sua apresentação, o que nos causou tristeza, pois também estamos saudosos de ouvi-lo. Mas essa tristeza foi imediatamente compensada pela apresentação de Vítor França, voz e violão, acompanhado por Rogério, nos teclados, e Júnior, na bateria (eita menino bommmm). Vítor, com um repertório pra cima, num alto astral contagiante, passeando pelo samba de Cartola, Chico Buarque, dentre outros, bem assim pela MPB gema da gema, levando de Dalto e Lô Borges a Maria Gadú,e ainda Renato Russo, RPM, para citar alguns, agradando a gregos e troianos, inclusive a mim, caboquinha destas paragens, ainda mais quando cantou a canção eleita por nós como o hino da cidade de Manaus, Porto de Lenha, de Zeca Torres (o torrinho), em parceria com o poeta amazonense Aldísio Filgueiras.
O Corsário tem em seu cardápio uma porção variada de iscas deliciosas, sendo de nossa preferência a de jabá e a de filé mignon acompanhado de macaxeira frita, torrada de alho e queijo coalho, num precinho gostoso de pagar (R$ 20,00, apenas), dispondo,ainda, de bebidas destiladas e cerveja em garrafa grande a R$ 4,50. A casa funciona de terça-feira a sábado, com música ao vivo (MPB) a partir de quarta, promovendo, eventualmente, shows com músicos locais. O Corsários está localizado na Av. do Turismo, a uns 150m da Tenda Rock, no sentido Ponta Negra/Estrada do Aeroporto.

ASES DO PAGODE

Finalmente pude dar uma chegada no Sambaqui, do grupo Ases do Pagode, e matar a saudade de mais de 20 anos. Sim, eu era seguidora assídua do grupo, acredito que entre 1987/1989, batendo cartão no Clube do Samba sem quase nenhuma falta.Saudades do Clube do Samba, onde também assisti a inesquecíveis shows do grupo Fundo de Quintal, por exemplo, o que quase não se vê mais em Manaus, restrita , com raríssimas exceções, a eventos de pagode chinfrim. Depois co Clube do Samba, ainda acompanhei o grupo quando passou a tocar num local ao lado do antigo Cine Ypiranga, também na Cachoeirinha, quando a podridão humana ceifou a vida do Inácio, um dos integrantes do grupo, formado por cariocas que vieram para Manaus a serviço da Aeronáutica. Houve um tempo, bem depois, em que o Ases passou uma temporada apresentando-se no antigo Marreiros, no Parque Dez, onde hoje encontra-se localizado o Habibs. Aí já era meu filho mais novo, Bruno, seguindo os passos do grupo, sempre aos domingos, acordando zonzo na segunda-feira para ir à escola (filho de peixe peixinho é).
Agora, volta o Ases do Pagode, renovado, num pagode de mesa que adorei. E, engraçado, com um público mesclado, composto de jovens e o pessoal, como eu, das antigas
Vale a pena dar uma passada por lá, sempre aos sábados, a partir das 19 horas até a meia-noite, com ingressos a R$ 15,00 (homem) e R$ 10,00 (mulher), cerveja em lata geladíssima a R$ 3,00 (três reais).

SHOW DE ELIANA PRINTES

Adoro a cantora e compositora Eliana Printes, mas, por incrível que pareça, ainda não havia tido a oportunidade de assistir a um show dela. Finalmente pude fazê-lo na última sexta-feira. Teatro Amazonas literalmente lotado e um show maravilhoso. A voz de Eliana Printes é absolutamente singular. Pena que não tenha incluído no repertório belas composições próprias ou em parceria com o marido, Adonai Pereira, nem Da laia do lama, de Antonio Vilaroy, cantando, no lugar delas, músicas outras com o prazo de validade pra lá de vencido. O mesmo se deu com Fafá de Belém. Exuberante, em seus mais de 50 anos e 35 de carreira, Fafá mantém o mesmo bom humor e o agudo característico, parecendo que o tempo não passou para ela, desde o show que assisti em 1988, num teatro no Rio de Janeiro, onde pude cumprimentá-la em seu camarim, após o encerramento do espetáculo. Mas ouvi no Teatro Amazonas praticamente as mesmas músicas cantadas em shows há anos, é dose. E, me perdoe o nosso querido Chico da Silva, sem dúvida alguma, também para mim, um dos grandes compositores do samba e de toadas dos bumbás,autor de belíssimas canções, mas essa toada Vermelho não me agrada, talvez porque eu não sinta poesia em sua letra. E esse negócio de " vermelho,vermelhaço, vermelhusco,vermelhante, vermelhão" nunca caiu bem nos meus ouvidos.
É claro que os comentários acima não passam de simples opinião minha, passando pelo gosto pessoal de cada um. E, ressalvado meu paladar musical, nota 10 para o show. Parabéns para a nossa guerreira Eliana Printes e seu marido e parceiro musical Adonai Pereira pela perseverança, pela garra, pela beleza e seriedade de seu trabalho com a música. Eliana Printes é um desses seres escolhidos para tocar nossas almas com uma voz que, literalmente, faz-nos flutuar.
E, quando junho chegar, vou fazer parte dessa torcida amazonense pelo seu sucesso na Alemanha.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PARA JOÃO GILBERTO

(Escrevi para João Gilberto (ícone da Bossa Nova e meu amigo de Facebook) em novembro do ano passado, quando, segundo ele postou, estava triste e com uma saudade persistente. Postei no Facebook e ele curtiu.

"Quem me dera a glória de poder estar ao seu lado, nessa hora
Quem me dera a glória de espantar essa saudade sua, agora
Quem me dera a glória de desfrutar do seu convívio, inda que estejas triste,
Porque toda a tristeza sua, por mais triste, ainda assim é uma canção,
Porque, essa sua alma de artista, é uma alma assim,
Alegre e triste.
Mas quando tu tocas, nenhuma tristeza mais existe
Nem em seu coração,
Nem na saudade que persite".

(RÔ CAMPOS, 08/11/2010)

FRAGMENTOS DE "O POETA-OPERÁRIO, DE MAIAKÓVSKI"

Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode algúem
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

VEJAM NAS MÃOS DE QUEM ESTAMOS

Extraí o texto transcrito abaixo da folha A4, do Jornal A Crítica, de Manaus/AM, de segunda-feira passada, dia 31 de janeiro, uma publicação, pelo que se vê, do Blog do Noblat (artigo escrito pelo próprio, é claro). Pessoas desavisadas podem até ler sem que o texto chame qualquer atenção, mas eu fiquei pensando...pensando...pensando... e pensei: vou comentar no meu Blog. O título é "BATALHA PERDIDA". Todo o artigo é interessantíssimo, mas é relativamente grande para eu transcrevê-lo na íntegra. Por isso, resolvi fazer a transcrição da parte que mais me chamou a atenção.

"Um ministro do governo Lula, obrigado a lidar diretamente com deputados e senadores, decidiu escrever um diário. Por quase 30 dias registrou tudo o que ouviu dos seus interlocutores. Imaginava manter o diário inédito até a sua morte. Por fim, achou mais seguro tocar fogo nas anotações. "Aquilo tudo era impublicável", lamentou."

CAMPOS DE SOLIDÃO

Eu quis dar a ele um grande amor
Mas ele não confiou,
Porque só sabia a dor.
Fugiu, escondeu-se no breu da solidão
Teve medo de ser feliz
Partiu, partindo também meu coração
Campo minado se fez
Em campos de flores, outrora
Hoje, campos de solidão.

Foi sumindo...sumindo...sumindo...
Deslizando entre os meus dedos,
Até que não se ouvia mais nenhum ruído
Silêncio! Silêncio!
Calou-se nas sombras do tempo.

Escavou, sem as mãos, meu chão.
Quase caí.
Levou com ele meus sonhos.
Quase ruí
Mas ficaram minhas raízes.
Sobrevivi
Hoje, torno a viver.
Quem sabe, ele chora
Eu estou a sorrir.
Quem sabe, ele é triste
Preciso rir.

(RÔ CAMPOS, 02/02/2011)

O AMOR E OS PORCOS

Não dês pérolas aos porcos
Eles as perdem na pocilga
Nunca as viram
Não as conhecem
Pensam que tudo é lama
Não as reconhecem.

Não dês amor pensando na conquista
Quem não o conhece, não o sabe
O amor é como a verdade:
Só as grandes almas navegam em suas águas
E não sucumbem nas tempestades.

(RÔ CAMPOS, 02/02/2011)