quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

TEU DESGOSTO


(RÔ Campos)

Fazia muito tempo não te sabia,
Mas hoje vi tua foto em algum lugar.
Havia um sorriso que eu não sabia o que dizia:
Se era de verdadeira alegria
Ou se vestia a tua nua realidade.

Vi muitas rugas em tua face,
Marcas de um tempo que há muito
Já levou tua mocidade.
Vi o teu passado no teu rosto,
Pintado com as tintas do desgosto.

Mas me disseram que agora cuidas
De lavar a sujeira das tuas dores,
E fechar as feridas que se abriram
Nas tantas batalhas do amor, que foram perdidas
Nas trincheiras que nunca cavaste.

NÃO VOU DESISTIR


(RÔ Campos)

Não adianta insistir:
Você não vai me tirar do sério
Não vai me fazer chorar de novo
Nem roubar o meu sorriso.

Eu não vou deixar
Cair a minha casinha de criança
Morrerem os meus sonhos de infância
Apagarem os planos que tracei pra mim.

Eu não vou parar
Não vou desistir
Vou seguir o meu caminho
Quem quiser que fique aqui.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

CHOVE EM MIM


(RÔ Campos)

Quando a nuvem chora e a chuva cai,
Chove também dentro de mim.
E se a chuva vem com os vendavais
Minha alma afoga e faz refém.

Quando a nuvem chora e a chuva cai,
Chove também dentro de mim.
Choram calados os meus ais.
E a saudade acorda e grita como os temporais.

Vem a chuva trazida pelo vento.
Vento volta e a chuva leva.
Vai com o tempo o meu tormento,
Vem a calmaria na brisa do vento.

ONTEM EU SONHEI QUE NOSSA ESTRELA ESTAVA LÁ


(RÔ Campos)

Ontem, antes de dormir,
Abri a janela do meu quarto,
Pus os braços no peitoril
E olhei pro céu,
Buscando a nossa estrela.

O céu parecia em festa,
Bordado de pisca-pisca.
Era o que meus olhos viam,
Até mesmo quando cerrei a janela
E olhei por uma fresta.

Muitas eram as estrelas
Vestidas de branco e vermelho,
Azul e um fino amarelo,
Que o céu mais parecia
Um imenso planetário.

Mas a nossa estrela, querido,
Não estava lá. Eu não a vi.
Alguém - quem sabe - por vingança,
Tratou de escondê-la de mim.
E, por isso, fui dormir tão triste assim...

Com os olhos cheios d´água,
E só depois de alta madrugada,
Cansada de fazer de conta que te esperava,
O sono me cobriu com o seu manto,
E eu sonhei que nossa estrela estava lá...

domingo, 26 de janeiro de 2014

TUA FALTA


(RÔ Campos)

É sempre assim
Nas tardes de domingo.
É sempre assim
Quando a chuva cai:
Saudade vem a galope,
E eu já nem sei o que é paz.

Só sei que sinto a tua falta.
Sinto muito a tua falta.
Falta tudo mas não falta
A saudade que me invade e me diz
Que tu me fazes muita falta.

Estás em tudo que ficou:
Nas paredes do meu quarto,
No ar que eu respiro,
Nos sonhos que dormiram
Na saudade que restou.

Como se o mundo fosse acabar,
Todo dia falta água e falta luz,
E não tarda a escuridão entrar
E uma sede louca de amar.
E tudo o que sinto é a tua falta.
Tu que és a minha vida, meu absinto
Tua falta é o que sinto.

ATÉ MAIS TARDE


(RÔ Campos)

Tudo é silêncio na casa grande.
Não ouço passos na escada
Nem vozes na cozinha.
Vez ou outra o ruído do vento,
Que confunde meus ouvidos:
Parecem batidas na porta da sala.

A noite se aproxima silenciosa,
Como toda noite de domingo
Em Manaus, no Brasil, no mundo inteiro.
E antes que a tristeza se achegue,
Ouço um samba de Chico
Para espantar essa tal tristeza,
Tão cortante, tão precisa.

Até mais tarde, casa grande.
Até mais tarde, tristeza.
Vou sair pro mundo
Onde eu sou da realeza.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

OMAR


(RÔ Campos)

Hoje eu acordei
Pensando em você.
Hoje eu me lembrei
Do nosso tempo de criança.
Ai, tudo era alegria!
O arraial, a quermesse
Na igrejinha de Santa Luzia.

Lembro com muita saudade
Das festas de Santo Antonio,
São Pedro e São João.
Das tribos, das quadrilhas,
Do Boi-Bumbá Teimosinho
E do Luz de Guerra,
Do Seu Manoel e do Seu Maranhão.
Das intermináveis adivinhações com vela
Em volta das fogueiras:
E eu sempre me casava com você.

Lembro dos nossos eternos carnavais:
A gente olhando, com os olhos de espanto,
Os blocos dos sujos descendo a avenida.
E nos bailes onde brincávamos
Eu sempre me vesti de Colombina,
E você era o meu Pierrot.

E hoje eu acordei
Pensando em você.
Lembrando do nosso tempo de criança.
Você dizendo que queria casar comigo
E eu com você querendo me casar.

Mas tudo era apenas lembrança.
Porque o tempo passou,
Você casou com outra
E eu com outro me casei.

E hoje eu acordei
Pensando em você.
Hoje eu me lembrei
Do nosso tempo de criança.
E dedico esse poema a você,
Meu grande amor inocente
Do meu tempo de infância.

sábado, 11 de janeiro de 2014

COR DE SANGUE


(RÔ Campos)

Não venhas, víbora.
Vai-te embora!
O teu veneno não me apavora.
Nem o tempo que passa,
Nem o vento que sopra
Lá fora.

Já conheço a tua face
E a cor de sangue do lenço que me ofereces.
Já sei das nuvens que te trazem.
Lembro das vezes em que tentaste
Deitar-me no teu leito frio,
Quando o vento se fez tempestade.

LADO A LADO, FRENTE A FRENTE


(RÔ Campos)

Não, não tenhas medo,
Pois quando tudo parecer perdido
Eu apareço e te dedico um verso.
Se fizer frio, eu te aqueço.
Se for preciso, eu esqueço até de mim,
Só pra te roubar um sorriso.

Não te quero nenhum dia triste,
Porque a tristeza só existe
No coração de quem não sente
O sangue correr nas veias,
E um outro coração batendo
Lado a lado,
Frente a frente.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A CHAMA QUE NÃO SE APAGA


(RÔ Campos)

Eu sempre estarei aqui
E vou esperar por ti.
Eu sei, eu sei,
Um dia ainda vais voltar
Pra mim.

Eu sempre estarei aqui.
E mesmo nas noites sem lua,
Quando eu olhar pro céu,
Eu sei, eu sei,
Verei teu sorriso lindo
Esculpido na boca da lua.

Eu sempre estarei aqui.
E quando a noite cair
E o céu se vestir de cinza,
Eu sei, eu sei,
Verei o brilho dos teus olhos
Em cada estrela cintilante.

Eu sempre estarei aqui.
Até que um dia, de repente,
As noites sejam de lua cheia
E o céu pontilhado de estrelas.
E que o brilho flamejante dos teus olhos,
Refletindo no meu peito,
E o teu sorriso lindo delatando tua boca,
Derramem-se em gotas pequenas
Sobre o meu leito em chamas.

E O TEMPO LEVOU...


(RÔ Campos)

O tempo vai passando
Voa como as gaivotas
Some e jamais volta.

O tempo vai passando
E rasga minha vida
Deixando feridas no coração.

Os anos se foram
Todos os amores partiram
E eu fui ficando.

O tempo foi passando
Como um trem-bala
E eu, aqui, divagando:

Quantos já terão morrido?
Quantos outros ainda vivem?
Quantos terão se ferido?

Quantos amaram de novo?
Quantos ainda me lembram?
Quantos perderam a memória?

domingo, 5 de janeiro de 2014

UM NOVO MUNDO

(RÔ Campos)

Estava muito calor e eu me debatia na cama. Levantei-me para ir ao banheiro e, da janela, vi o dia lindo lá fora. Sol radiante, as folhas dançando, tudo como se fosse um dia de verão ou, como costumo dizer, um dia de Nordeste. É o primeiro dia de um novo ano que se inicia. De 2013, tudo agora já é passado e ficou para trás. Apenas as lições devem permanecer sempre fresquinhas em nossas memórias.
Ligo o computador e começo a ler as postagens de meus amigos feitas no Facebook. Leio no Face de uma amiga lá das terras de Cabral, transcrição da fala do Papa da Paz, Papa do Amor, Papa dos Descalços e Descamisados sobre a necessidade de globalizarmos a fraternidade, em vez da globalização da indiferença. Eu acrescento que também devemos globalizar a Paz, em substituição à globalização da violência. A partir daí, faço uma imersão ao meu mundo interior e uma palavrinha me vem à mente:

ESPERANÇA

É tudo de que precisamos para seguir adiante.

ESPERANÇA

É a força que nos move para além.

ESPERANÇA

É o que nos liga ao futuro. É a ponte entre o agora e o amanhã.

ESPERANÇA

Para todos nós.

ESPERANÇA

De um mundo melhor
Mais justo
Menos indiferente
Menos alienado
Menos alienígena
Menos embrutecido
Mais apaixonado.

NINA


-Éric Vinícius Campos Freire-

Nina, Nina, Nina
Pequenina, Tia Nina!
Por que queres ir tão longe
Se não mais de 14 atingirias?
Qual a força que te move
Se até a medicina descria?

Nina, Nina, Nina
Valente, Tia Nina!
Que segredos tu escondes
Debaixo de tão pequena carcaça?
De onde tiras tanta força?
Onde encontras tanta graça?

Toda cheia de manias,
Uns chamam até de frescura
Mas ninguém a ti pergunta
O quanto isso te incomoda
Ou qual o tamanho da tua luta.

Nina, Nina, Nina
Boêmia, Tia Nina!
Brindemos à tua alegria!
Brindemos à tua vasta idade!
Hoje tens mais de cinquenta.
Mostraste à medicina a verdade:
Ninguém sabe mais do que Deus.
Nada pode mais que a vontade.

SE


(RÔ Campos)

Eu queria ser um ladrilheiro
Para muitos caminhos ladrilhar.
Eu queria ser um pintor
Para muitas tristezas colorir.
Eu queria ser um ferreiro
Para o preconceito fundir.
Eu queria ser músico
Para a muitos corações falar.
Eu queria ser poeta
Para em muitas almas entrar.

REDEMOINHO


(RÔ Campos)

E meus sonhos medonhos
Misturam-se às lembranças
Envolvem-se rapidamente
Revolvendo as entranhas
E permanecem...
E também partem...
Andam não sei por onde
Quem sabe, alguns desertos
E depois voltam com os ventos.

E nesse vai e vem
De partidas e regressos,
Vivo a pensar no amor
Que nunca confessei
E deveria ter confessado.
Vivo a me indagar:
Por que aquele abraço
Ficou contido nos meus braços?
Por que aquele beijo
Ficou preso em minha boca?

O CAMINHO


(RÔ Campos)

Que tudo seja luz
Dispersando as trevas
Do passado!
Que tudo seja luz
Clareando os passos
Do futuro!
Que tudo seja ouro
Refletindo a Vida,
Buscando o Tao,
A Subida.

GOZO PROFUNDO


(RÔ Campos)

E quando minha alma caminha pelos campos e vales...É como se minha alma se ajoelhasse e rezasse uma prece, num encontro glorioso com Deus, provocando um gozo profundo e indizível.
E quando minha alma caminha pelos vales e montanhas da música...É como se minha alma ficasse muda. Porque a música tem algo mais que só beleza. A música nos comunica uma certeza: "Sem música a vida seria um erro".

CONSCIÊNCIA CÓSMICA


(RÔ Campos)

Oh quanta vergonha senti
Pelos carvalhos que cobicei!
Tantos eu também plantei,
Mas desejei os do vizinho ao lado.

E fui então confundida
Pelos jardins que escolhi.

E tornei-me como os carvalhos cobiçados.
E minhas folhas foram ao chão,
Caídas, sem força, sem vida.

E nos jardins que escolhi
Também não havia água.
E veio o sol e queimou a relva,
E as labaredas consumiram meus jardins.
E eu então ardi no fogo de minha cobiça.
E nunca houve quem o apagasse.

Mas, veio um tempo, e a solidão doía.
Eu, em meio aos meus jardins já mortos,
Quando senti uma névoa flamejante me envolvia.
Era uma Luz Viva, sem manchas, sem nódoa,
O despertar verdadeiro, cheio de alegria,
De uma CONSCIÊNCIA CÓSMICA.

Obs: Construído a partir de Isaías, 1:29,30,31, e, a última estrofe a partir de "Consciência Cósmica - Um estudo sobre a evolução da mente humana" ( Richard Maurice Bucke)

DEMORASTE TANTO


(RÔ Campos)

Demoraste tanto
Que cansei de esperar.
Demoraste tanto
Que tirei a roupa,
E, quase louca,
Me joguei da cama
Sobre o chão do quarto.

Demoraste tanto
E eu te necessitava.
Procurei desesperadamente
Alguma coisa que acabasse
Com aquela louca espera.
Que pusesse um fim
Na saudade que dilacera.

Demoraste tanto
Que o jantar esfriou.
A janela da sala estava aberta
E o vento bateu,
A vela apagou,
E o amor morreu
De tanto frio.