quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SHOW DO PARAENSE FLORIANO NO CORSÁRIO MUSIC BAR, DIA 01 DE SETEMBRO

Aproveitando sua estada em Manaus em razão de sua classificação no Festival da Canção de Itacoatiara – FECANI deste ano, pela música “Entretempo”, parceria com poeta Jorge Andrade, o músico paraense Floriano apresentará, no CORSÁRIO MUSIC BAR, nessa quinta-feira, dia 01 de setembro, às 21 horas, o show “FLORIANO E A CANÇÃO BRASILEIRA”, trabalho cujo escopo intenta o resgate da música popular brasileira, seja executando canções já conhecidas, seja tirando do anonimato outras até então esquecidas pelos programadores das emissoras de rádio, fato este que o preocupa por distanciar as gerações mais novas do rico e extenso acervo que constitui a música popular brasileira.

Floriano dedica-se, refinada e sensivelmente, enquanto compositor, cantor e arranjador, integrante da produção musical paraense ao longo de mais de 23 anos – bem como nacional, em shows realizados e inúmeros festivais de que participou e foi premiado – à uma cuidadosa pesquisa realizada para elaborar seu trabalho, cujo alcance perpassa por canções desconhecidas, muitas vezes até para o público especializado, além, por certo, de obras paraenses, dentre as quais se encontram algumas de sua própria autoria, dotadas de notória beleza melódica e versatilidade, com os mais diversos parceiros, as quais, especificamente, este show apresentará em maior número.

Pelo reconhecimento e qualidade que seu trabalho apresenta, Floriano tem composições gravadas por intérpretes como, por exemplo: Zé Luiz Mazziotti e Karina Ninni (SP), Luisa Nogueira (ES), Olivar Barreto, Lívia Rodrigues, Carla Maués, Leila Chavantes, Maca Manheschy, Arthur Nogueira, Lúcio Mouzinho e Andréa Pinheiro (PA), Patrícia Bastos e Elaine Araújo (AP) em cd’s individuais ou coletâneas.

No mais, segue abaixo a letra de "Canção brasileira", música de Sueli Costa e Abel Silva, que intitula o show a ser apresentado por Floriano, a exemplo da riqueza das composições escolhidas por ele para serem trabalhadas.

Canção brasileira
(Sueli Costa e Abel Silva)

A canção brasileira chegou
Com o fim do verão
O sol está presente
Como continua
O impossível amor
Pela primeira vez meu amor
Eu me sinto feliz
Sabendo que sou
Sabendo que dou
O amor mais bonito

Quantas vezes vagueio no quarto
Ou nos bares tão só
Mas eu nunca fui triste
Os corredores da vida
Eu já sei de cor
Já não sinto o temor de sentir
Já não sei mais chorar
É que o choro não vem
Quando eu quero sorrir
Quando eu quero sorrir

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

AONDE VAIS, HOMEM?

(Texto que escrevi e postei no Faebook na madrugada de domingo)

Há alguns dias, quando comecei a ver algumas postagens aqui no Face, a respeito de uma tal (ou um tal, sei lá) UFC, fiquei me perguntando o que seria isso. Cheguei até a imaginar que pudesse tratar-se de uma banda de rock ou coisa similar. Em seguida, conversando com meu filho Éric, ele explicou-me que trata-se de esporte de luta. Sabendo que eu estava impressionada com a atenção e importância que várias pessoas estavam dando ao caso, ele simplesmente perguntou-me se eu tinha ideia do valor envolvido no negócio. Segundo ele, é muito dinheiro.

Pois bem. Saí por volta das 22:00 horas de ontem e retornei agora, na madrugada. Liguei meu laptop, dei uma passeada pelo meu mural, escrevi, emocionada, o texto sobre a covardia que resultou no roubo da vida do cientista social, professor, escritor e poeta Moysés Mota. Nesse passeio pelo meu mural, constatei a ocorrência de incontáveis postagens sobre a tal da luta. Ainda não tinha visto nada igual no FACEBOOK, nem mesmo com relação aos fanáticos torcedores de times de futebol.

Fiquei me perguntando sobre o que levaria uma pessoa a prender-se com unhas e dentes à frente de um aparelho de TV, assistindo a uma luta entre dois homens, ao mesmo tempo em que narra em seu computador como a coisa está se passando, com uma eloquência que até parece estar chegando a um orgasmo.

Talvez, quem sabe - pensei -, cada um escolhe o seu lutador, aquele por quem vai torcer, e entra dentro dele, como se fosse o próprio. Não vejo outra alternativa.

E tanta coisa melhor pra se fazer nesta vida...Mas, como eu já disse outro dia a respeito do Big Brother Brasil: Só entra em minha casa o que eu permito. Lixo, não entra. Lixo, sai.

Bom, é claro, isso é apenas o que eu penso. Cada um pensa e faz o que bem entende de sua vida. Mas que é um derperdício de energia, ah, isso é.

Melhor do que assistir a homens se debatendo em uma luta, é amar, é brincar de cavalinho com o filho, é embalar o filho no balanço do parque, correr na praça, brincar de bola, brincar de brincar de luta com o filho, mas uma luta de virar-se no chão, com abraços apertados, criar laços, desatar nós. Brincar de soldadinho com o filho, mas não para ensinar-lhe a ir a guerra, a matar, e, sim,para orientar-lhe sobre o valor da vida, a defender essa vida, cuidando do nosso planeta, de onde retiramos nosso sustento. Com a filha, também.

domingo, 28 de agosto de 2011

O MUNDO FICOU MAIS POBRE (RÔ Campos)

(Postagem que fiz em meu mural, no FACEBOOK, sobre o trágico e desolador episódio que ceifou brutalmente a vida de Moysés Mota, cientista social, professor, escritor, poeta e, principalmente, uma voz que bradava contra os desmandos e a corrupção que grassa no país)

Nada escrevi no mural de minha amiga Regina Melo sobre o lamentável episódio que ceifou a vida de seu irmão Moysés. Faltaram-me palavras. Sempre tive muita dificuldade em lidar com essas situações. As sílabas não conseguem transformar-se em palavras, a boca trava, o coração aperta. Há pouco retornei para casa e, à entrada do portão, tentando abri-lo com o controle remoto, lembrei-me do ocorrido. Entrei em casa, liguei meu laptop e, após ver algumas postagens e comentários sobre o assunto, cheguei a uma conclusão. Lamentável que tenham roubado a vida da pessoa errada. Não que se possa sair por aí matando gente no atacado ou a granel. Isso não. Mas a verdade é que o ou os assassinos calaram a voz de um homem contestador, detentor de firme posicionamento contra os desmandos, a corrupção, esse câncer que é um dos principais responsáveis pela miséria humana. Silenciaram aquele que sempre lutou por uma sociedade mais justa . Essa voz que pugnava por um mundo melhor. Um mundo melhor para todos nós, mas, principalmente para aqueles, como esses assassinos estúpidos, que não tiveram qualquer oportunidade na vida, que foram abandonados à própria sorte, que não receberam do poder público o que lhes cabia, mantidos na ignorância, para que jamais gritassem pelos direitos que lhes assegura uma constituição democrática. Calaram covardemente a voz de quem, com bravura, bradava por todos nós. A humanidade ficou mais pobre. Estamos órfãos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PALHAÇO FORMIGUINHA, MEU AVÔ GENÉSIO BENTES, A ARTE E A VIDA

(RÔ Campos)



Chorei lendo trechos aqui na net que mencionam meu avô materno (e padrinho) Genésio Bentes, ator, humorista, radialista, um dos fundadores da Rádio Rio Mar, e que passou também pelas Rádios Baré e Difusora.

Como meu avô era bem humorado e belo, um homem sedutor. O amor que tenho pela arte decerto vem dele, um grande artista, que viajou pelo Brasil juntamente com grandes nomes, como Mario Lago.

Lembro-me que ele tomava o violão e dedilhava, todo garboso, tocando belíssimas canções de ouvido. Bom de papo, conquistava as mulheres de primeira. Teve muitas mulheres, por quem se apaixonava, feito um Vinícius de Moraes. E quando nova paixão nascia, ele não pensava duas vezes e se escafedia. Qualquer semelhança não será mera coincidência.

DNA fortíssimo, fez-me enveredar pelo mundo da arte desde cedo. Aos 11 anos comecei a fazer parte da turma do Programa Cirandinha na TV, na extinta TV Ajuricaba, no Morro do Bode, Bairro de Santo Antônio, com a Titia Maria do Céu. Cheguei a levar grande parte da família para lá. Até o nosso cachorro Rin-tin-tin, certa feita, invadiu os estúdios e entrou nas casas manauaras, todo prosa, quem sabe procurando o pequeno cabo Rust.

Entre declamações, dublagens, danças e outros papéis, como a da professora de uma escolinha (humorística), fui me realizando como ser, num mundo que já me era totalmente familiar. Tentei cantar, mas fui aconselhada a desistir, depois de algumas tentativas em ensaios. O guitarrista Leonardo, que fazia parte da banda que tocava no programa, desistiu antes de mim. Desempenho sofrível. Desafinada na música, mas afinada com a palavra, com a poesia, através da qual eu consigo cantar sem abrir a boca.

Hoje, me contento em tocar um humilde ganzá (cujo som, apesar de sua insignificância no contexto geral, fascina-me), ou a pandeirola, que, muitas vezes, deixa-me com os dedos esfolados, sangrando. Não importa. O que me importa é cantar através das mãos toda a melodia que emerge das minhas entranhas, passa pelo coração e cérebro e chega até elas, transferindo-as para os instrumentos que, repletos de energia, transbordam.

Eu posso até não cantar uma música, até porque o sol não é para todos, mas eu posso - e canto - a vida, como o meu avô a cantou nos quatro cantos do Brasil. Porque a vida, esta sim, é para todos aqueles que querem viver, e eu jamais deixarei de vivê-la, por um dia sequer, mesmo que eu esteja dormindo, pois amo tudo o que compõe essa ópera, A Ópera da Vida. E, quando durmo, meu corpo descansa e minha alma se desgarra e passeia por outros planos, trazendo-me notícias que não me são reveladas, mas que minha alma sabe e meu corpo sente.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AMOR E AS MARÉS

(RÔ Campos)

Um desejo indizível de me entregar ao mar e nadar, nadar, nadar...

No mar do meu imenso coração, ora calmo, ora revolto.

Amar nas altas marés, mas amar também quando o mar se acomoda,

com as ondas se deitando lentamente na areia.

De repente, sinto que só sei amar quando o mar em que meu coração navega, se agita.

A calmaria e os ventos frios congelam os longos e intrincados canais do meu coração.

Só o ventos quentes que sopram sobre os mares me suscitam as paixões.

Essas paixões que embriagem como os vinhos jovens, perfumados e marcantes.
Essas paixões que embriagam como os vinhos jovens, perfumados e marcantes.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

UM JEITO GOSTOSO DE VIVER O DOMINGO

Domingo, 28, a partir das 18h, no TOC TOC DELÍCIAS & CHOPP (Av. do Turismo, 2126, a 2km da estrada da Ponta Negra, quase em frente ao Previdenciário Clube), SAMBA VERÃO TOC TOC, com ZÉ MARIO & GRUPO KRIASAMBA, levando os melhores Sambas & Bossas de todos os tempos. Couver artístico R$ 7,00 (por pessoa). Uma junção de boa música e louras geladas a precinhos promocionais irrecusáveis (Cerveja em lata BRAHMA e SKOL apenas R$ 2,50. Long-neck R$ 4,00). Vários petiscos, amplo estacionamento (grátis) e um ambiente absolutamente aconchegante (com área coberta ou ao ar livre), ideal para você curtir a dois ou com grupo de amigos.

TEM MAIS: Uma produção da PACTOLO - Produções e Eventos (em parceria com o TOC TOC), verdadeiro selo de garantia da qualidade de tudo que promove - FAZENDO A DIFERENÇA NA ARTE DE PRODUZIR.

TEM MAIS II: Quer festejar seu aniversário ou qualquer outra comemoração nesse dia (com um grupo seleto de amigos), ao som refinado do Kriasamba, considerado um dos melhores do samba em nossa cidade? É simples. Ligue e faça sua reserva, ou mande-nos um email: bentescampos@gmail.com. Fechamos pacotes incluindo petiscos, iscas etc.

Informações e reservas: (92) 9216-6583/8145-2507

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

VEJA MANAUS COMER & BEBER - FANTÁSTICO!!

Parabéns à Revista Veja pela maturidade alcançada no VEJA MANAUS COMER & BEBER 2011/2012. Parabéns, também, aos jurados, que causaram uma reviravolta, no bom sentido, é claro, nessa premiação que já estava cansando a todos, pelo repeteco anual nos premiados, como se nossa cidade, que hoje conta com uma vida noturna agitada e extensa, e exuberância em sua cultura gastronômica, não passasse de um porto de lenha. Houve uma renovação considerada, o que é muito bom. Poucas repetições, o que incentiva a todos a busca incessante de melhoria, e somos nós, a população, que ganhamos com tudo isso.

Torci e amei por O Chefão. Babu Loureiro é o cara. Idem, idem pelo campeão Banzeiro. Conheci aquela família em 2006, em Itacoatiara, quando estive no FECANI com alguns amigos, que me levaram a uma pizzaria que diziam ser um espetáculo. Tanto a pizzaria como toda a família, foi o que concluí à época. O menino Felipe já estava lá, na cozinha. Hoje, um jovem vencedor, brilhante, e, cá pra nós, lindo de viver.

Feliz pela premiação do Botequim do Galvez. Muito feliz. Adoro as comidinhas de lá. Os sertões, meu prato preferido. Hummm....delícia!!! O chopp, o quê dizer do chopp????

O All Night, particularmente, eu não conheço. Mas, pelo que sempre ouço a respeito, mereceu os prêmios.

Depois continuo os comentários em outro texto. Agora, tenho que me preparar para assistir ao show do Zeca Baleiro. Queria mesmo era ir assistir ao Diogo Nogueira, mas forças ocultas me impedem. Depois, festejar o prêmio com a galera do ET BAR e, finalmente, aportar no TOC TOC DELÍCIAS & CHOPP, para curtir e dançar ao som MARAVILHOSO da BANDA IMPAKTO, que começa à meia-noite.

ET BAR, O MELHOR BOTECO DE MANAUS, PRÊMIO VEJA MANAUS COMER & BEBER

Minha amiga Íria, a Loura, do ET Bar, não acreditava que pudesse ser premiada com o título de MELHOR BOTECO DE MANAUS, por VEJA MANAUS COMER & BEBER, mas alguma coisa lá no fundo do meu coração me dizia que esse título seria nosso. Eu falo nosso porque Manaus inteirinha sabe que o ET é a minha segunda casa. Quando, por necessidade, estou afastada de lá, digo: TELEFONA...MINHA CASA!!!!!!

O ET BAR merecia, há muito, esse prêmio, principalmente pelas calorosas noites de sexta-feira, que, às vezes, chega a reunir mais de 500 pessoas, sendo a maioria jovens, mulheres lindas e homens não menos lindos, num clima de completa azaração, divertimento e alto astral.

Além da gatarada da cidade, o ET BAR sempre recebe a visita de pessoas de todo o Brasil, e do exterior, como França, Portugal, Espanha, Itália, Argentina, Peru, por exemplo. O ambiente, pequeno, e totalmente aberto, comporta apenas os músicos num pequeno palco, umas 6 mesinhas de bar e um espaço exíguo para a dança, cuja música começa às 23:00 horas e segue até as 4:30 da madrugada. Além dos músicos da casa, muitos artistas da cidade comparecem e dão sua canja, tornando o ambiente uma descontração total.

Como o espaço é pequeno, o público se espalha pela avenida e até mesmo pelo canteiro central, uma espécie de praça. Às vezes, mesmo havendo encerrado a música ao vivo, cujo repertório inclui samba, pagode, choro, forró, bolero, MPB e até os bons reggae, rock e pop, muitos só saem de lá quando o dia amanhece.

A torcida do ET BAR, ontem, no Tropical, era enorme, e muitos, como eu, não conseguiram conter a emoção. Eu simplesmente amo aquele lugar, o qual frequento há mais de 5 anos, sendo o primeiro lugar, em Manaus, onde comecei a me atrever a tocar o tan-tan, ganzá e, por fim, a pandeirola, mesmo sem nem saber para onde ia. Dei a entender que conhecia do riscado, e até hoje tem muita gente que acredita.

UMA DICA: para quem não consegue mais chegar no ET BAR, nas sextas-feiras, por sempre estar superlotado, o sábado e o domingo são perfeitos. O mesmo grupo de músicos da casa, liderado pelo violão e vocal do Cabral, que toca na sexta-feira, também apresenta-se nos demais dias, aos quais comparecem pessoas mais adultas e alguns jovens, sempre contando com canja de voluntários que por lá aparecem para mandar o seu recado.

Se você ainda não conhece o ET BAR, eis as dicas acima. A oportunidade é agora. ET BAR, VIROU MANCHETE DE VEJA!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ó MUNDO TÃO DESIGUAL, TUDO É TÃO DESIGUAL...


Pela primeira vez, desde que me engajei nessa campanha em prol dos haitianos refugiados em Manaus, pude ter um contato direto com eles (os homens), ao participar da solenidade de formatura de cerca de 30 haitianos (dentre os quais uma única mulher), no curso de informática básica, realizada na Paróquia de São Raimundo. Acredito que esse tenha sido o primeiro evento social de que tenham participado, após o fatídico 12 de janeiro, quando houve o terremoto na capital, Porto Príncipe, ceifando a vida de milhares de pessoas e deixando um rastro de destruição na cidade, que até hoje não se reergueu.

Há muito ouvia falar sobre a história de exploração, sofrimento e dor a que sempre foi submetido o povo do Haiti pelo europeu (espanhois e franceses), e ainda em razão dos constantes acidentes naturais que ocorrem em seu território. Por conta disso, esse povo sofrido, arrancado de suas terras no continente africano e feito escravo, aprendeu desde sempre a conviver com a dor e seguir em busca de superação. Por isso, logo após o abalo sísmico que abateu Porto Príncipe em 12 de janeiro do ano passado, escrevi o poema Ai de Ti, Haiti, que já postei aqui no FB, no orkut e em meu blog www.rocampossobretodasascoisas.blogspot.com, com o coração partido, mas na certeza de que eles renasceriam das cinzas.

Devastada a capital, Porto Príncipe, acometida de epidemia de cólera e outros males que se seguiram ao tenebroso abalo sísmico, a vida tornou-se praticamente impossível, o que levou milhares de pessoas a decidirem partir em busca de novos horizontes.

Reunindo o que quase não restou; tomando dinheiro emprestado de agiotas e o restante da família ficando responsável pelo pagamento; caindo nas mãos de bandidos, sanguessugas da vida alheia, milhares de haitianos começaram a se espalhar por diversos países, como Estados Unidos, Panamá, Equador, Peru, Brasil etc. No nosso país, a grande maioria, entrando principalmente por Tabatinga, vem se instalando em Manaus, que já conta com mais de 1.000 refugiados, todos abrigados pela Igreja Católica, o que, sem dúvida alguma, está sendo uma oportunidade única para aprendermos. nós, o povo, a lidar com uma situação que se espalha pelo mundo, que é conviver com refugiados de guerras, abalos sísmicos e outros fatores que impelem a fuga de pessoas de seus países,e com tudo o que há de positivo e negativo nessa relação.

A verdade é que não podemos ser omissos, por tratar-se de uma questão humanitária. Não podemos virar as costas, fazermos de conta que não nos diz respeito, porque todos nós estamos no mesmo barco. Ontem, foram haitianos, chilenos, japoneses, neozelandeses etc. Amanhã, poderemos ser nós, como, aliás, deu-se com nossos conterrâneos na serra fluminense.

Pois bem, voltemos ao assunto.

Em aqui chegando, os haitianos são recebidos pela Igreja Católica e distribuídos em abrigos de diversas paróquias, como São Geraldo, São Jorge, Monte das Oliveiras, São Raimundo etc. As mulheres estão instaladas na Casa Fraterna São Francisco de Assis, na rua Monsenhor Coutinho, no Centro. Abrigados, os haitianos têm, ao menos, um cantinho pra dormir e água e comida para aplacar a sede e vencer a fome, além do carinho dos religiosos, que têm sido herois na administração dessa questão, que, pelo que vejo, até agora não recebeu qualquer apoio dos governos em suas três esferas, apesar de continuarem a permitir a entrada no país de mais refugiados.

Muitas são as barreiras para os haitianos se inserirem no mercado de trabalho, começando pelo idioma, mas cursos de português estão sendo ministrados e, aos poucos, eles se vão familiarizando com a nossa complicada língua.

Ao serem admitidos num emprego, os haitianos buscam quartos, quitinetes,humildes casas para alugar, e, para isso, necessitam de utensílios domésticos indispensáveis para se alojarem, como fogão, panelas, geladeira, cama, ventiladores, pelo menos. E, embora empregados, continuam necessitando, no início, de alimentos básicos para a sua manutenção, que também vêm sendo fornecidos pela Igreja Católica, que já está no limite.

No sábado, em razão da formatura num simples curso de informática básica (mas, sabidamente, essencial para qualquer cidadão habilitar-se a uma vaga no mercado de trabalho), para nós algo até certo modo corriqueiro, parecia que eles estavam participando de formatura em um curso superior.

Fiquei sentada junto a eles e observei o quanto estavam bem vestidos, apesar da simplicidade. A maioria posta em camisas e calças sociais, sapatos engraxados e um sorriso escancarado, de lado a lado. Vi que ficavam tomados pela emoção, no momento em que cada um recebia seu certificado de participação no curso, assinava-o, e era fotografado por alguns amigos. O ponto alto da sessão emoção foi na hora da leitura do discurso, pelo orador da turma, em português. No final, os olhos lacrimejantes, a voz embargada a repetir Muito Obrigado, Muito Obrigado, Muito Obrigado.

Ao usar a palavra, padre Valdecy falou sobre coisas lindas, e me fez chorar ao dizer que, ainda na manhã daquele dia, inúmeros haitianos estiveram na paróquia de São Geraldo em busca de alimentos, e que falou-lhes que, "hoje, só temos arroz". A caminhada, portanto, ainda é longa - refleti.

E o mais interessante de tudo isso é que havia salgadinhos e refrigerantes para comemorarmos a formatura (contribuição de pessoas solidárias, como eu, por exemplo, que levei os refrigerantes), mas, ao encerramento das solenidades, tudo o que eles queriam, e fizeram, foi tirar fotos e fotos, abraçados aos amigos, enrolados nas bandeiras do Haiti e do Brasil, na maior pose, para enviarem essas fotos a seu povo no Haiti, dizendo que, " sim, estamos melhorando dia a dia", como forma de encorajar os familiares que lá ficaram e aplacar um pouco a saudade (palavras que eles declararam já saber bem o seu significado).

Outro momento deveras emocionante foi quando cantaram, com eloquência, o Hino do Haiti, e uma música que não sei do que se trata (hino religioso?), mas que já ouvi em filmes, cujo refrão diz: Glória, Glória Aleluia, Glória, Glória Aleluia, Glória, Glória Aleluia, Vivemos por Jesus!!! (é assim mesmo??).

Pra finalizar, vale registrar o discurso de Irmã Santina, uma linda irmã,com mais de 60 anos, gaúcha, que morou durante 22 anos no Haiti, e que foi convocada para essa missão aqui em Manaus, principalmente por falar muito bem o creóle (crioulo) haitiano, a língua oficial do Haiti, juntamente com o francês. Irmã Santina é uma guerreira, dedicada, carinhosa, adorada.

E, ainda, parabéns ao jornal e TV A Crítica, que cobriu toda a solenidade, com Alex Pazzuelo, fotógrafo, subindo pelas paredes para fazer, sempre, as melhores tomadas.

Enfim, tenho repensado tantas coisas, ao concluir que, diante dessa imensidão de mundo, não somos nada. E que é absolutamente tênue a linha entre a vida e a morte, o ser e o não ser, o ter e o nada ter. O quanto é verdadeira a letra da música de Gilberto Gil, que diz " Ó, mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total", até recordando o que está acontecendo atualmente na África, onde, outro dia, morreram 29 mil pessoas de fome. Isso mesmo, fome. E muitas continuam morrendo. E muitas ainda irão morrer. Até quando?

Mas aqui, nós, tão próximos dos haitianos, podemos amenizar essa situação. Podemos mudar o rumo da história. Podemos contribuir com nossos irmãos, que tanta adoração têm pelo nosso país, principalmente por causa das missões de paz que sempre foram enviadas para lá, e pelo nosso futebol. Eles podem não saber nada a respeito do Brasil, mas perguntem sobre Ronaldinho, Romário, Pelé, e vejam o que eles dizem. Conversando com Joseph, um dos que participaram do curso, disse-me ele que seus pais morreram, 7 irmãos foram para os Estados Unidos, e que ele e um irmão vieram para cá. Questionado por mim sobre a razão da escolha, prontamente ventilou que não quis ir para os Estados Unidos, que queria morar no Brasil, pois é fã do futebol, e saiu mencionando os nomes de nossos jogadores famosos.

Experimente passar um dia sem comer...e depois me diga. Aconteceu comigo outro dia, na correria da vida, e então concluí: não existe nada pior do que a fome. Fome dói - e muito!! Fome mata - e muito!!

Vamos, pessoal, apoiar a Igreja Católica nesse grande desafio. Aproveitar a oportunidade de experenciarmos essa questão que foi colocada em nosso caminho, com certeza uma maneira de crescermos espiritualmente. Como disse (a escritora) Cora Coralina, caridade também se aprende. Vamos aprender bem essa lição que alguém resolveu nos ministrar, um alguém supremo,O qual podemos alcançar ao colocarmos em obra tão profundo e grande ensinamento. Não podemos fechar os olhos, sob pena de mais nada vermos, se o nosso coração não mais nos fala.

Levem para o depósito da Paróquia de São Geraldo alimentos não perecíveis, como feijão (carioquinha, jalo, preto), arroz, macarrão, leite em caixa, em pacote, em lata, massa de tomate, caldo de carne e de galinha em tabletes, milharina, ólLevem para o depósito da Paróquia de São Geraldo alimentos não perecíveis, como feijão (carioquinha, jalo, preto), arroz, macarrão, leite em caixa, em pacote, em lata, massa de tomate, caldo de carne e de galinha em tabletes, milharina, óleo de cozinha. Levem também ovos, salsichas, frango, osso com tutano (eles têm um prato típico feito com banana verde, milharina e osso buco) e tudo o mais que vocês imaginarem. Levem um pouco do que vocês provavelmente vão deixar sobrar.

O CIRCO

O circo chegou à cidade

Por onde andou, eu não sei

O circo é do mundo

De todos

O circo não é de ninguém.

Veio com ele os bichos

Artistas

Palhaços

Veio com ele o sorriso

Que se livrou do cansaço.

Veio com ele o encanto

Sob a lona surrada

Cheia de pó, poeira

Marcas da longa estrada.

O circo chegou à cidade

O circo...

O circo inteiro chorou de saudade

Do que restou da cidade

A ilusão, sugada pelo tempo

O circo, os sonhos

Tudo ficou no passado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

SOMOS UM PAÍS LIVRE. VAI TRABALHAR, VAGABUNDO...

Gente, minha gente, pelo amor dos meus filhinhos, não permitam mais que a peteca caia. A palavra final já foi dada por quem é competente para isso, ou seja, o Supremo Tribunal Federal. A Corte Suprema já afirmou o que a Constituição Federal promulgada em 1988 declarou, Constituição essa que é um marco no rompimento com um regime ditatorial repugnante, que permaneceu durante longos 21 anos, provocando um retrocesso sem precedentes no desenvolvimento tecnológico, educacional e social do país: SOMOS UM PAÍS LIVRE, UM REGIME DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Tudo o que existia antes contrário a todos os princípios ínsitos na Constituição Cidadã de 1988, já não existe mais. O TRABALHO É UM DIREITO DE TODOS. A DECISÃO DE ASSOCIAR-SE OU SINDICALIZAR-SE É DE CADA UM. É LIVRE A EXPRESSÃO ARTÍSTICA E DE PENSAMENTO, NÃO ESTANDO NINGUÉM OBRIGADO A INSCREVER-SE EM QUALQUER ÓRGÃO, MUITO MENOS A PAGAR TAXAS PARA PODER EXERCER O SEU OFÍCIO. Não são os músicos que têm que bater às portas do Poder Judiciário para receberem autorização para trabalhar e se expressar, POIS A CONSTITUIÇÃO DEMOCRÁTICA ASSEGURA PLENAMENTE ESSE EXERCÍCIO. Não tenham receio desse povo que está aí. Eles é que estão contra a lei, a Lei Maior. Eles é que são os parasitas. Eles é que deverão procurar o que fazer, trabalhar, para se sustentarem, ao invés de perseguirem quem quer e precisa trabalhar dignamente para sobreviver e exercer a sua arte, para, com isso, terem de onde pagar seus salários. Se é que pode chamar-se isso de salário, essa contraprestação devida a quem verdadeiramente trabalha. Uma vergonha. Uma indecência. Uma excrescência. Vamos fazer jus àqueles que tanto lutaram para que esse país saísse do subterrâneo em que esteve por tantos anos. A luta deles não pode ter sido em vão. Alguns pagaram com a própria vida. Outros, tornaram-se dementes com tanta tortura. Tantas estrelas apagaram-se neste país, e não é possível que, passados mais de 21 anos, ainda não tenhamos, como um todo, sequer atravessado a barreira da adolescência no exercício da Democracia, numa época de tanto progresso tecnológico, onde pessoas conseguem mobilização em massa via internet, contra ditadores de países, o que podemos dizer, no Brasil, de órgãos fantasmas, que ainda resistem ao tempo, mediante pressão, ameaça, coação, toda a sorte de arbitrariedade, simplesmente porque poucos têm consciência do que vem a ser cidadania e se postam contra esses abusos, de quem provavelmente não tem onde cair morto. Caso contrário, já teriam tido a dignidade de sair de um local onde jamais deveriam ter entrado.