domingo, 26 de dezembro de 2021

ESTÁ FALTANDO MUITA GENTE AQUI


(RÔ Campos)


Está faltando muita gente aqui

Todo o mundo tenta se distrair

Mas essa dor tá doendo demais

Já não dá mais pra insistir nesse disfarce.


Há  dois anos tudo  era diferente 

Ninguém imaginava que tudo ia mudar

Já não temos tempo de cuidar

Nem  podemos mais dizer adeus. 


O que houve,  meu Deus,  o que aconteceu?

Por que tudo mudou assim tão repente?

Todo dia meus filhos me diziam

Hoje foi fulano quem partiu.


Agora não consigo nem chorar 

Pois meu coração parece que secou

Foram dias  tão cruéis

Que já não sabia mais o que era paz. 


Mas está faltando muita gente aqui

Muitas mesas  estão caladas , vazias

As festas já não são como eram antes

Acabou-se a fantasia. 


Parecia o fim do mundo

Era  gente sucumbindo na entrada dos hospitais,  pedindo socorro

Gente batendo nas portas, desesperada,

Mas as portas não se abriam.


Para "melhor ilustrar" essa tragédia

Pessoas morreram asfixiadas, sem oxigênio

Na capital do pulmão do mundo -  quanta ironia!!!!

Vítimas do crime e do descaso do estado brasileiro. 


Está faltando muita gente aqui

Partiram o pai,  a mãe, o filho e a filha,  o irmão e a irmã, o neto e a neta, o avô  e a avó. 

Partiram  também  o genro,  a nora,  o sogro,  a sogra, o padrasto e a madastra, o enteado e a enteada, o cunhado e a cunhada

E assim também o tio e a tia,  o primo e a prima,  o amigo e a amiga,  os parentes mais próximos e os distantes,  os parentes dos amigos e  das amigas

E ainda  o vizinho e a vizinha,  o conhecido e a conhecida,  ex-amores, o médico e a médica,  o enfermeiro e a enfermeira,  muita gente na chamada linha de frente. 

Muitos anônimos também  se foram,   enterrados  em imensas  valas.

Foram-se professores,  policiais,  trabalhadores em geral,  escritores,  poetas, músicos,  cantores e cantoras,  compositores e compositoras, atores e atrizes,  negacionistas,  crentes, cristãos,  ateus, padres.

Foram-se além de tudo pobres desgraçados.


Está faltando muita gente aqui

É porque muitos se vão  primeiro

Mas assim como o sol e a lua vão e voltam todos os dias

A vida, essa coisa rara, também segue em frente... 


E provado está, como disse Volia,

Que "a vida não é  apenas um passeio  no parque"

Cabe a cada um de nós seguir

Mesmo que no meio do caminho haja uma ou muitas pedras...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

SEDE DE VIVER


(RÔ Campos)

Seremos felizes?
Só o tempo  irá  dizer
Daquelas horas livres
Que, juntos,  a gente viver. 

Não quero  que sejas a minha  prisão
Liberdade antes que seja tarde
A vida não ancora em um porto solidão
Do meu  coração guardo comigo a chave. 

Queres me pôr em um altar sacrossanto
Mas não demora vais saber
Nunca fui nenhuma santa
Tenho muita sede de viver.

NÃO SE VISTA DE TRISTEZA


(RÔ Campos)


Dê  sempre tempo ao tempo

Deixe  o tempo passar

Só não deixe de viver plenamente. 


Viva a cada sol,  a cada lua

Com a alma despida,  nua

Não se vista de tristeza. 


Se o amor bater na tua porta

Deixe o amor entrar

Mas não se feche  se o amor sair

Tenho dito: quem ama também deixa ir embora.

O QUE VOU FAZER SEM TEU AMOR?

(RÔ Campos)


Você chegou devagar

E eu nem percebi

Quando dei por mim 

Você já estava aqui.


Você chegou devagar

Com seu jeito manso

Um olhar tão doce

Que me fez sonhar.


Você chegou devagar

E eu nem percebi

Sem saber por que nem quando

Eu me apaixonei.


Você chegou devagar

E eu nem percebi

Que meu amor era teu

E que no amor eu me perdi.


Você chegou devagar

E eu  nem percebi

Nos planos que eu fiz

Nos traçados eu fui feliz.


Você chegou devagar

E eu acreditei

Que meu amor era teu

E teu amor era só meu.


Você chegou devagar

E eu nem percebi

Agora vem você e me diz

Que vai partir...


E eu pergunto a você

Meu amor

O que vou fazer, com esse amor

Que ainda é teu.


E eu pergunto a você

Meu amor

Como vou viver sem meu coração

Se ele eu te dei.


*Escrito em meados  de 2011