segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

OS ENREDOS E DESENREDOS DO MEU CORAÇÃO


(RÔ Campos)

Só eu sei
Só eu sei
Dos enredos e desenredos
Em que se enredou
O meu coração.

De tudo o que é cheio
E de tudo o que é vão.
De tudo o que se nutre
O meu velho coração.

Só eu sei
Só eu sei

Quando o amor nasce
Quando o amor entra
E quando o amor que parte
Também fica
E quando o amor se vai
Pra nunca mais.

Quando é chegada a vazante
Nos rios do meu coração.
E quando é o fim do voo
Nas asas da minha imaginação.

Só eu sei
Só eu sei
E ninguém mais.
Porque o meu coração é minha alcova
Porque o meu coração é o meu altar.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

DANÇA DA VIDA


(RÔ Campos)

Eu vivo procurando
Os "achados" e "perdidos" desta vida.
Na verdade, eu gosto de me perder.
E gosto também de me perder e me achar.
E, quando eu me acho, já não sou mais eu.
E até hoje me procuro.

Há uns loucos que me seguem.
Não sei o quê eles perseguem.
Nem eles também o sabem.
Ninguém neste mundo sabe de nada.
Ninguém é de ninguém.
Mas há muitos que fingem o contrário.

E a dança da vida continua.
O presente dança um tango com o passado.
O futuro... não se sabe o que será.

DESPROFUNDIDADE


(RÔ Campos)

Quando me dei a ti
Mergulhei tão fundo,
E tudo o que era profundo
Tornou-se superfície.

Era o sol refletindo na água,
Como um espelho cristalino.
Tua aura refletiu na minh'alma,
E vi a beleza da pérola
Que no fundo do teu mar se escondia.

Mas vi também cores sem vida.
De repente, nem vermelho, nem violeta.
Tardes com muito sol,
Inclemente, queimando teu rosto.
Vi a cor da solidão que amargou a tua vida.

E tudo o que habitava as profundezas,
Ao mergulhar minh'alma, tão fundo,
Quase se afogando,
Tornou-se superfície.
E um tesouro emergiu da escuridão
Do fundo do mar da tua solidão
Onde quase naufragou meu coração navegante.

NOS ESCOMBROS DO MEU CORAÇÃO


(RÔ Campos)

Tranquei meu coração. Guardei a chave. Outro dia, de repente, alguém bateu à porta. Procurei vagarosamente a chave nos escaninhos, em todas as bolsas e gavetas, mas não a encontrei. Ele insistiu, com batidas fortes na porta e na janela. Tive curiosidade, e decidi procurar a chave nos escombros do meu coração. Mas vi que ela estava cheia de ferrugem e não consegui colocá-la na fechadura. Ele, talvez cansado, foi embora. E eu resolvi colocar a chave de volta nos escombros do meu coração.

ENTRE A PROFUNDIDADE E A SUPERFÍCIE

(RÔ Campos)

Milton José Calvoso Calvoso disse: "Na entrega se desfaz a profundidade". Daí, começamos um (quase) debate. Transcrevo abaixo, transformando em um texto, os meus comentários:

Há uma distância entre a profundidade e a superfície, a borda. Ao se mergulhar nessas águas, entregando-se, essa profundidade se desfaz.

O "ser" está na profundidade. O "ter", na superfície. É preciso então mergulhar para se chegar a esse entendimento. Só quando nos entregamos, quando alcançamos esse grau de entendimento, chega-se a um nível de consciência do mundo e da vida.

Xeque-mate!

Sua citação, por exemplo, é de uma profundidade muitas vezes inalcançável. Só quem já mergulhou encontrou os mistérios que se escondem no mar da vida...cheio de tesouros...

E há coisas no fundo desse mar que, para muitos, quando as encontram, não têm nenhum valor, mas, para outros, possuem significados maravilhosos.

Somos todos navegantes. Uns, mais ousados, jogam-se nessas águas, sem medo do desconhecido; desejam, mesmo, é desbravar. Outros, não passam da superfície, com temor do que possam vir a encontrar...

OS DONOS DAS TERRAS DE NINGUÉM


(RÔ Campos)

Ó, vida tão ingrata
Cheia de valas rasas
Casas sem salas
Gente sem asas!

Mundo de muro baixo
De salto alto
Julgadores
Justiceiros.

Ó, vida tão ingrata
Do pecado capital
E do homem que peca
Pelo capital que seduz!

Da rede que embala
O corpo exausto
E da rede que mata
O homem.

Da rede que pesca
E mata o peixe
E depois mata a fome
Do homem.

Ó, vida tão ingrata
Da criança às vezes bem-vinda
Outras vezes maldita
Na boca infame do julgador!

Dos oprimidos aliando-se aos opressores
De teólogos, sábios, tolos e doutores
Senhores e vassalos
Terra de todos e de ninguém.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

VIDA MESTRA


(RÔ Campos)

De tudo o que houve
De todas as coisas
Das horas consumidas
Dos amores vividos
E dos jogos perdidos
Das vitórias e dos fracassos
Dos risos e dos lamentos
De tudo o que houve
E do que ainda poderá vir
Tudo é o que sempre foi
O que nos resta
É réstia
Fogo, luz
Vida mestra.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

AGONIA E ECSTASY


(RÔ Campos)

É tão estranho
Ver pessoas queridas,
Perdidas na noite,
Sem rumo, sem prumo,
Sem chão, sem sonhos.

Às vezes, tão tristes,
Mentindo um sorriso
Na noite infame.
Às vezes agonia,
Outras vezes ecstasy.

É tão estranho...
O rosto medonho,
Os olhos vermelhos,
O que entra pela boca
E o que da boca sai.

A fuga da vida real,
O sobrenatural.
De repente,
Não sei quem é ela,
Ela não sabe de nós.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

TRANCA A PORTA, CORAÇÃO


(RÔ Campos)

Coração aberto, descuidado,
Pronto pra ser invadido, ocupado.
Portas escancaradas, ao léu,
Numa noite de céu estrelado.

Não te descuides, coração,
Dessas coisas da ilusão,
Que sempre foi terreno fértil
Pra se plantar desilusão.

Fecha, coração, a tua porta.
Diz o juízo: reforça a tranca,
Porque há um exército ávido, lá fora,
Esperando a hora de te invadir.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

NINHO DA PAIXÃO


(RÔ Campos)

Sou um louco apaixonado,
Que caminha pela vida embriagado.
Dizem por aí, que sou nobre.
Na vasta natureza muito farto.
Mas não há ninguém que saiba
O que é o meu viver, o meu fado,

Se do céu cai uma estrela
E o amor se extingue,
Um pedaço de mim se vai.
Pois quando uma estrela morre
E o amor se desfaz,
Eu também morro um pouquinho mais.


PRIMAVERA DO AMOR


(RÔ Campos)

O amor quando arrebenta
Abre o botão. Nasce a flor.
Não se sabe dos espinhos.
Não se sabe o que é dor.

Tem argila, tem adubo,
Nos jardins tão bem cuidados.
O sol se embrenhando nas folhas,
Muitos cravos amando as rosas.

Já chegou a primavera,
Pra florir os corações.
Bateu pernas o inverno
Foi morar noutra estação.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

SOFIA

(RÔ Campos)

O que é o meu saber
Senão saber que nada sei.
E quando eu chego a pensar
Que de alguma coisa eu sei,
Descubro saber menos
Do que tudo aquilo
Que eu penso que sei.

Assim é o meu saber,
Ou aquilo que consiste em pensar que sei:
Todo dia desaprendo
E de novo procuro aprender,
Que nesta vida nada se sabe,
A não ser que todo dia
Morre para depois nascer.

E quando o dia acaba de morrer,
Vem o meu saber e me diz
Que nada é para sempre.
E que tudo muda depois que eu me desnudo.
Que nada é absoluto. Mas tudo é relativo.
Que nada, nada, nada, absolutamente
É definitivo.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

PORQUE TE ESPERO.


(RÔ Campos)

Eu vou te esperar.
Mesmo que eu siga em frente,
Sem parar no meio da estrada.
Ainda que minhas mãos fossem aladas.

A cada sol que nascer
E a cada lua que surgir,
Eu vou esperar por ti.
Porque assim quer meu coração
Que não se cansa de esperar.

E ainda que meus pés machuquem
E que o desânimo tente me abater,
Eu sempre vou ter coragem pra viver,
Meu único amor sincero e verdadeiro.
E se hoje vivo no tabuleiro das recordações
É porque desde sempre te espero.