sábado, 31 de dezembro de 2011

QUINZE PESSOAS VIVAS PARA AS QUAIS EU TIRO O CHAPÉU PELA FORÇA, CORAGEM, OUSADIA, PERSEVERANÇA, PERSISTÊNCIA, CRENÇA NA VIDA, ESPERANÇA QUE NUNCA MORR

OBS: ESTA LISTA NÃO SE ENCERRA POR AQUI. VEM O SEGUNDO TEMPO.

1) VANESSA CAMPOS, minha sobrinha, cuja fortaleza me causa inveja, aquela das boas. Ela é como Fênix!
2) ROSALBA CAMPOS, minha irmã, nossa segunda mãe, a madre superiora, por haver alcançado um estágio elevado de espiritualização, pela sua doçura, por sua humildade às vezes desconcertante;
3) MARINA CAMPOS, minha mãezinha querida do meu coração. Queria muito ser forte como ela, ter a coragem que ela sempre teve. Minha mãe nunca teve medo de nada. Ainda agora, com 79 anos, ela teima em digladiar-se com o maldito alemão, esse de nome tão feio, Alzheimer! Ela não se entrega! Saravá!
4) LUZINETE, nossa preta querida, a BABÁ de meu ex-amado Eugênio Teixeira, Ricardo Teixeira, Suzany Teixeira e Geraldo Teixeira, tudo pernambucano cabra da peste, de Garanhus, assim como BABÁ. Por sua sabedoria, sem nenhum estudo ter. Por doar-se tanto e esquecer de si mesma. Por sua inesgotável fonte de amor;
5) JOÃO FREIRE, dentista, meu querido amigo há 21 anos, praticante do Espiritismo há décadas, um solidário de carteirinha;
6) GESSY, nossa ex-secretária para assuntos domésticos aqui em nosso lar-doce-lar. Por sua fé inabalável. Cinco filhos. Dois foram, na mesma época, parar na cadeia. Um deles mal havia completado 18 anos. Um, já está livre; o outro, apodrecendo na penitenciária. E ela não desiste de seus filhos. NUNCA!;
7) CÉLIA, nossa ex-vizinha no Japiim. Pela sua perseverança na luta contra o câncer há mais de 5 anos, luta esta encetada principalmente pelo desejo de criar seu filhinho, vê-lo crescer dando-lhe o amor que toda criança precisa para viver. Há brilho nos seus olhos, mesmo em meio a tantas adversidades;
8) EDMILSON, um cliente meu há cerca de 20 anos. Lutamos durante anos tentando conseguir sua aposentadoria por invalidez, em virtude de haver sofrido um acidente de trabalho em 1990, quando dirigia o veículo da empresa na qual trabalhava como motorista. Durante esse tempo, ele recebia, a título de auxílio-doença, algo como um terço do salário mínimo. Ingressamos também com ação na Justiça do Trabalho, pleiteando indenização por danos morais e materiais. Que périplo!
Não conseguimos ganhar a aposentadoria, mas, vitoriosos na Justiça do Trabalho, ano passado, finalmente, celebramos um acordo que lançou luz sobre a vida do sr. Edmilson;
9)GERSON SANTOS, nosso querido amigo vitimado por um AVC em fevereiro de 2009, que lhe deixou sequelas, mas, felizmente, não lhe roubou a lucidez. Um apaixonado pela vida e pela música, que continua seguindo a sua trajetória;
10)ÍRIA, a Loura do ET BAR, porque não é pra qualquer um administrar um boteco, pior ainda quando se é mulher, neste país tão preconceituoso, tão machista. Ainda mais que ela faz isso por puro prazer...e não por necessidade alguma. O ET BAR é a vida da Íria. E ai daquele que ousar sacaneá-la. Ela se veste de leoa;
11) NINA, minha irmãzinha querida. Quem a conhece sabe por que estou dizendo isso. Uma enciclopédia musical. Adora música e dançar. Um pequeno grande ser. A Tia Pequenina de nossos sobrinhos;
12) RODRIGO, meu sobrinho. Por estar buscando montar as peças desse quebra-cabeça que é a vida. Por haver crido em meio a tanta escuridão. Por não haver desistido.
13) ÉRIC, meu filho. Por haver seguido os meus passos. Por ter chutado o pau da barraca. Por ter aberto a porta de seu coração e deixado o amor entrar, sem medo de se arriscar. Por ter nos dado Diogo, essa criança linda que veio iluminar nossas vidas;
14) AS MULHERES E HOMENS HAITIANOS REFUGIADOS EM MANAUS, tão longe dos seus, tão longe, e tão perto de Deus, mesmo tão abalados, tão sofridos, tão humilhados por esse mundo injusto...E ainda assim seguem, com um sorriso no rosto, em busca de uma nova pátria;
15) A TODAS AS MÃES ANÔNIMAS QUE TIVERAM SEUS FILHOS BRUTALMENTE ARRANCADOS DE SEU COLO, por não desistirem da vida, apesar de tanta dor. Só o amor de mãe salva!

A AVENTURA QUE É VIVER

(RÔ Campos)

Quero escrever. Quero escrever e não estou sabendo como iniciar. Muita coisa vem à minha mente e o enredo se confunde. Luz! Luz é o que importa. Onde há Luz, há vida. Quero poder continuar essa caminhada não me mantendo fixa na direção do meu foco, de onde quero chegar. Quero poder olhar para os lados, para baixo, para cima e até mesmo para trás, e não apenas para adiante. Porque o melhor de tudo isso não é a chegada, pois que certamente atingir a meta é o fim de tudo. O melhor mesmo é a trajetória, é olhar e sentir a beleza à margem da estrada da vida, é curvar-se para retirar as pedras do caminho, as pedras do poeta, que não cansou de dizer, com suas retinas fatigadas, que "tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra". Sim, porque as pedras existem no nosso caminho exatamente para isso, para que possamos nos curvar, para que possamos colocar as mãos sobre elas e retirá-las, não apenas de nosso próprio caminho, mas do caminho dos outros, também. E seguirmos em busca do nosso destino, do destino que forjamos com nossas próprias mãos. Somos homens, e não Deuses. Por isso precisamos nos curvar para percebermos que somos tão pequenos diante desse vasto e misterioso mundo. Se nossos caminhos estivessem todos planos e pavimentados, não haveria qualquer sentido percorrer a estrada da vida. O que faz sentido é desbravar, é tecermos nossa própria engenharia de vida, é sentir o gozo da aventura que é viver. Viver é uma façanha arriscada e é uma grande sorte. Para isso, há que se ser forte, encarar essa aventura com pulsos de pugilista e a pureza das flores. E com a bravura do soldado. Esse mesmo soldado levado à guerra à sua revelia e com o coração partido, mas que não perde a ternura...jamais.

domingo, 25 de dezembro de 2011

CORAÇÃO VAGABUNDO

(RÔ Campos)

Tenho um coração vagabundo
Que vive procurando emprego
Quando aparece um contrato
É só desespero
Não vale a pena
É sempre um empregador ordinário
(Que paga pequeno salário
Por meu coração, que é tão grande)
E não me dá descanso, um instante.

Além do excesso de labor, da sobrejornada
Horas extras 100%, sobreaviso, trabalho noturno
Da ausência de intervalo para repouso
Do descanso hebdomadário
Mata meu coração de fome, de sede
É um empregador salafrário.

Por causa de tanta exploração
Meu coração vagabundo
Que já girou o mundo
Muitas vezes fugindo do vício,
Do ócio
Buscando uma ocupação
Um ofício,
Hoje em dia é um preguiçoso
Não quer mais saber de trabalho
Horário, regras, desvalorização
Meu coração vagabundo
Tornou-se único
É da vida. É do mundo
Não é de ninguém.

(Acabei de compor. É a minha irreverência e o meu lado advogada (trabalhista) falando alto. Pra quem não sabe, hebdomadário significa semanal, semanário, logo, descanso hebdomadário é justo esse que todo trabalhador tem direito ao final de uma jornada semanal; trabalho noturno é aquele trabalhado entre as 22:00h e 05:00h da manhã seguinte, que, por lei, deve ser acrescido de um percentual de, no mínimo, 20% sobre a hora normal, o chamado adicional do trabalho noturno; horas extras a 100% aquelas trabalhadas nos domingos e feriados ou conforme convenção ou acordo coletivo de trabalho; labor é sinônimo de trabalho; sobrejornada são as horas trabalhadas além da jornada (horário) normal de trabalho; empregador salafrário é um patife que vive de explorar o trabalhador. Tá cheio disso. Desculpem se esqueci alguma coisa. São as férias, em razão do recesso forense que, para nós, encerra-se no dia 08 de janeiro.

LIBERTARIANISMO

(TEXTO EXTRAÍDO DO PORTAL LIBERTARIANISMO. DEFINITIVAMENTE, EU SOU UMA LIBERTÁRIA! ACREDITO PIAMENTE NA LIBERDADE, E PENSO QUE ESSE É O ÚNICO CAMINHO CAPAZ DE NOS GUIAR NA DIREÇÃO DE UM MUNDO MELHOR, MAIS JUSTO E PACÍFICO, PORQUE BASEADO NA LIBERDADE DE ESCOLHA, COMBINADO COM RESPONSABILIDADE E TOLERÂNCIA. SOMOS REALMENTE RESPONSÁVEIS PELOS NOSSOS DESTINOS, E, CONSEQUENTEMENTE, RESPONSÁVEIS PELO DESTINO DE TODA A HUMANIDADE. DEPENDE DE NÓS SERMOS BONS OU MAUS. DEPENDE DE NÓS AMARMOS OU SERMOS INDIFERENTES. DEPENDE DE NÓS ESTENDERMOS AS MÃOS OU A MANTERMOS ESTICADA EM DIREÇÃO AO CHÃO, PORQUE, AFINAL, SÃO AS NOSSAS MÃOS, E NÓS, APENAS NÓS, PODEMOS MOVIMENTÁ-LAS. NOSSAS MÃOS ESTÃO CONECTADAS AO NOSSO CÉREBRO. NÃO SOMOS ROBÔS. SOMOS HOMENS).PARA REFLETIR NESTE NATAL (RÔ CAMPOS)

"Libertarianismo é, como o nome implica, a crença na liberdade. Libertários acreditam no melhor dos mundos - livre, pacífico e abundante, onde cada indivíduo tem a máxima oportunidade de perseguir seus sonhos e realizar todo o seu potencial.

A ideia central é simples, mas profunda em suas implicações. Libertários acreditam que cada pessoa é dona de sua própria vida e propriedade, e que tem o direito de fazer sua próprias escolhas de como viver sua vida - conquanto que ela respeite o mesmo direito de outros a fazer o mesmo.

Outra forma de dizer isso é que libertários acreditam que você deve ser livre para fazer suas escolhas com sua própria vida e propriedade, desde que você não prejudique outras pessoas e suas propriedades.

Libertarianismo é então a combinação de liberdade (a liberdade de viver sua vida em qualquer forma pacífica que você escolha), responsabilidade (a proibição de usar a força contra outros, exceto em defesa), e tolerância (honrando e respeitando a escolha pacífica de outros)."

SANGRANDO II

(RÔ Campos)

Era um rapaz
Não tinha olhos claros
Nem azuis
Ao contrário
Era negro
Estava só
Sentado à porta da pensão
Com o rosto entre as mãos
Dormia, talvez cochilasse
Certamente não sonhava
Era solidão
E, quem sabe,
Carregava um mundo inteirinho
Em seu coração.

É Natal!
Então, é Natal!
E ele, ali, tão sozinho
Tão perto do nada
Tão distante dos seus
Sentado à porta da pensão
Sem família, sem amigos
Sem cama, nem colchão.

Pensei em lhe estender as mãos
Convidá-lo a passear
Queria lhe falar qualquer coisa
Desejar feliz Natal
Dizer também dos meus sonhos
Que ficaram para trás
Nos escombros do passado.

As palavras restaram presas na garganta
Ele não levantou a cabeça
Minha visão embaçou
Enquanto o outro homem sumia na escuridão
Ele, que também era solidão
Na noite de Natal.

Acendi um cigarro
Dei partida no carro
Voltei pra casa.

E o jovem rapaz continuou ali
À porta da pensão, fechada
Numa solidão cortante
E um mundo inteiro em seu coração:
Família, amigos, amores perdidos, irmãos
Quem sabe!
Quem sabe!
O tamanho dessa humana solidão
Ou dessa solidão desumana!?

Meus olhos marejaram
Meu coração chorou, chorou
A dor dele era também a minha dor
Uma dor cortante
Que, ainda assim, sorria
Sem nem saber pra onde
Pra quem
Sorriu, ao levantar a cabeça
Retirar as mãos do rosto
E voltou pro seu sono, sem sonhos
Pra sua solidão
Com um munto inteiro em seu coração
Família, amigos, amores perdidos, irmãos
Sonhos despadaçados
Sob os escombros do passado.

Era um rapaz
Não tinha olhos claros,
Nem azuis
Ao contrário
Era negro
Esta só
Sentado à porta fechada da pensão
Com o rosto entre as mãos
Em sua cruciante solidão
E um mundo inteiro em seu coração.

(Acabei de deparar-me com essa situação, ao deixar um amigo nas proximidades dessa pensão, no centro de Manaus, que fecha as portas a 1 da manhã e só abre quando o dia amanhece. Ele estava ali, um jovem aparentando 27 anos, negro, talvez um estrangeiro, sentado, com o rosto entre as mãos, alheio ao que se passava, cochilando ou dormindo, esperando o dia raiar para entrar na pensão. Choquei! Eu, que estava voltando para casa, para os meus).

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ANJO E DEMÔNIO

(RÔ Campos)

Mora dentro de mim um desejo indizível de expandir-me
Mora dentro de mim um desejo latente de transbordar-me
Mora dentro de mim um quê que me abre, que nunca me fecha
Mora dentro de mim uma saudade infinita; uma vontade de viver e morrer jamais
Mora dentro de mim um poeta, um cantador, a palavra e o eco
Mora dentro de mim uma alma penitente, renitente, persistente;
Uma alma que ri e que chora
Um chorar por mim e por ti, que sempre chora, que nunca ri
Mora dentro de mim, à minha revelia e sob o meu olhar que condescende, um carcereiro.
E moram dentro de mim asas que me levam a voar, voar, voar...
Mora dentro de mim um coração franzino
Que tem alma de menino
Que faz-me crer que desfruto do tempo - de todo o tempo do mundo
Para viver e amar e gozar demasiadamente
Mora dentro de mim uma luz que acende quando a escuridão se avizinha
Mora dentro de mim um grande Bem, um farol, cujo mal espanta
Mora dentro de mim um querer tanto
Mora dentro de mim um prazer por amar hoje mais que ontem
Mora dentro de mim um êxtase, um transcender
Mora dentro de mim um eterno desejo de descobrir, o conservador e o novo
Mora dentro de mim a vontade de saber e de não saber se o saber me diz que não saber às vezes é melhor, ajuda a viver
Mora dentro de mim a essência do ser, a semente do viver, a alegria de amar incondicionalmente
Moram dentro de mim um anjo e um demônio
O anjo está sempre acordado; o demônio dorme.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

http://youtu.be/hchTdQVAig8

Se Deus Pai me permitir, muito breve estarei lá, nos Andes, em Máchu Píchhu, Cuzco, Nazca, em todo o Peru. Se Deus pai me permitir, verei o Condor passar. Serei eu, em liberdade plena, a voar nos céus dos Andes. Ali, onde nasce o Grande Rio,o maior do mundo, o Amazonas. No Peru...Na Cordilheira dos Andes...No Planalto de La Raya. Tantos são os nomes que recebe, desde a nascente e em todo o místico e aguerrido Peru. Solimões, quando se esparrama em leito de nossas terras. Amazonas, quando se une, sem jamais se misturar, ao Rio Negro, esse enigmático rio de águas negras, que também nasce nos Andes, na Colômbia. Se Deus Pai me permitir, muito breve estarei lá, no Peru, em território dos Inkas. Um povo que nunca se rendeu...e desapareceu...sem deixar rastros. Estarei lá. Na Festa do Sol.

SIMPLESMENTE TAUBKIN

http://youtu.be/yuHNb9ya21o

SOBRE OS ASSECLAS DO PT EM TORNO DO LIVRO "PRIVATARIA TUCANA", LANÇADO RECENTEMENTE. COMENTÁRIO QUE POSTEI SOBRE ARTIGO PUBLICADO NO SITE PORTOGENTE

Engraçado como nada disso emergiu quando tentaram envolver a filha de José Serra em certos esquemas. Eu não li o livro (e nem tenho lá esse interesse), mas não é novidade para o país alguns fatos da privatização que, agora, jogam no ventilador com uma sanha petista, como se fosse novidade. Lembro-me bem das enxurradas de liminares concedidas pelo Poder Judiciário suspendendo os leilões, das vigílias e movimentos à frente do prédio (cujo nome não recordo) onde se realizaram os (alguns, sei lá) leilões no Rio de Janeiro, de pessoas contrárias às privatizações e das quebradeiras e gritarias (principalmente do PT & cia). O que já me ficou claro, com o lançamento desse livro, nesse momento político que vivemos, é o oportunismo do PT, nesse jogo político imoral e indecente que impera no país. Já disse e repito: não sou filiada a nenhum partido, detesto partidos políticos, até porque eles só são instrumentos dessa malsinada política brasileira. No final, é quase tudo (pois há as exceções) farinha do mesmo saco. Não entraremos mais nesse jogo. Desde que caiu a máscara do PT, que charfurdou no mar da corrupção, ele, logo ele, que tinha como bandeira a ética, nenhum partido tem mais moral para fazê-lo. Não acreditamos mais em salvadores da pátria. Agora, só acreditamos no nosso poder, no poder do voto, na fiscalização, na cobrança, na transparência. Democracia participativa!!!! Independente de sigla partidária. Siglas podres. Siglas mortas. Que ainda (até quando, não sabemos) subsistem como vermes que se proliferam, eternas capitanias hereditárias, de norte a sul, leste a oeste de nosso país. Herança maldita! Até quando? Até quando? Depende de nós.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

TIA LÚCIA - PURA SABEDORIA

13 de dezembro é uma data dedicada à santa Luzia (ou santa Lúcia). Pois exatamente ontem achou de partir uma querida amiga chamada Lúcia. Setenta e dois anos muito bem vividos. Poderia ter vivido um pouquinho mais, não fossem os males provocados pelo vício do cigarro. Mas hoje, no velório, disse a um de seus filhos que ela viveu como quis. Sem fazer apologia ao fumo, mas era nas suas tragadas que ela procurava e encontrava momentos para relaxar da árdua batalha que enfrentou por quase toda a sua existência. Tia Lúcia, como carinhosamente todos nós a chamávamos (pois ela era realmente a tia de todos nós, a tia que qualquer um de nós gostaria de ter), era uma pessoa humilde, vinda do interior, e não sabia ler nem escrever. Trabalhamos juntas durante alguns anos no Centro da Indústria do Estado do Amazonas-CIEAM, no início dos anos 1980. Eu era secretária executiva da entidade, e ela, copeira. Formávamos um time maravilhoso: eu, tia Lúcia, seu Sabazinho (que faz anos partiu para o infinito), Eliene (filha do Sabazinho) e Gênesse (minha ex-cunhada), que levei para trabalhar no CIEAM e que até hoje está lá. Foram os melhores dias que passei na minha vida - disso não tenho qualquer dúvida. Em 1986, viajei com meus filhos, então crianças pequenas, para Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Tia Lúcia foi nossa companheira, nessa que foi sua única viagem (de avião) em vida, para fora do nosso estado. Única e inesquecível, tanto para ela como para mim. Tia Lúcia teve 9 (nove) filhos, que criou-os com galhardia, viúva e sozinha, sem saber ler, nem escrever, como já mencionei acima. Mas tia Lúcia tinha dentro dela algo muito maior que tudo isso: tia Lúcia tinha sabedoria, essa coisinha que não se adquire em bancos de escola. Sabedoria se adquire na universidade da vida, com o coração aberto para a vida. Tia Lúcia tinha raça e alegria. Não havia um dia sequer, mesmo cheia de tantas responsabilidades, que tia Lúcia não desse um sorriso, não gargalhasse, uma gargalhada rouca, já, àquele tempo, provocada pelo fumo. Tia Lúcia é uma lição de vida. Um testemunho de que tudo é possível, desde que se queira, desde que não se entregue, desde que se confie, desde que não se desista das batalhas diárias, para que possamos vencer a guerra. E se não a vencermos, que cheguemos, aonde quer que seja, e cheguemos com a certeza de haver combatido o bom combate. Só uma coisa me entristeceu: haver-me privado, durante tantos anos, da convivência mais próxima com essa santa mãe e amiga, que, certamente, muito mais me ensinaria, e afagaria meus cabelos com suas mãos de anjo, nas noites de tempestade, como nas noites de lua cheia.

domingo, 11 de dezembro de 2011

E VIVA A VIDA E A MÚSICA!

Encantada com a nobreza de um magistrado, sua família e amigos. Ontem estive acompanhando uns amigos que tocaram na casa de um magistrado (da Justiça Comum) de nossa cidade, em um condomínio agradabilíssimo. Uma reunião de pouquíssimos amigos, todos pondo a mão na massa e, depois, no dominó. A casa, bonita e funcional, mas sem maiores luxos. O anfitrião e sua esposa, de uma educação e gentileza absolutamente ímpares. Simplicidade regada a boas maneiras raramente vistas. O tratamento dispensado aos músicos, e a mim (que eles sequer conhecem, embora seja eu uma advogada militante), foi algo que, sinceramente, nunca havia visto antes. Se eu não soubesse que ele era um magistrado, jamais o diria. Os amigos e suas mulheres (todos moradores do mesmo condomínio), estavam, também, na mesma sintonia. Jamais vi - repito -, em toda a minha vida, tratamento igual dispensado a músicos nesta nossa cidade de tantos contrastes. No final, o elegante casal acompanhou-nos até a saída, com direito a tchauzinho quando engatei a primeira marcha no meu humilde paliozinho 2004. É uma prova de que o mundo ainda tem jeito, sim. E eu conheço a reputação ilibada desse magistrado. Só não sabia que mundos assim ainda são possíveis e existem de verdade. Parabéns, Doutor, a você (cujo nome não declino por questão de ética, embora minha vontade seja gritar ao mundo que existem pessoas tão belas como vossa excelência, que já atingiu um estágio tão avançado de evolução espiritual, com a consciência de que, como disse João, o poeta, "o corpo a morte leva"), sua linda e educadíssima esposa e a seus amigos e respectivas consortes, todos no mesmo diapasão. E VIVA A VIDA E A MÚSICA, UNINDO O MUNDO E CORAÇÕES.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SANGRANDO

(RÔ Campos)

Você se foi
E o sol se pôs
Depois
E o sol nunca mais
Nasceu
Depois daquele dia
Que você, feliz
Se foi
E meu coração se fechou
Chorou, sangrando
Nunca mais sorriu
Depois que você
Se foi
Singrando o rio
Partiu
E nunca mais voltou.
Era manhã
E depois então
Escureceu
Depois que você
Se foi
O sol se pôs
E nunca mais
Se abriu.

sábado, 3 de dezembro de 2011

OLHOS DA ALMA

(RÔ Campos)

Quem foi que disse isso?
É injúria, calúnia, difamação?
Eu não sei dizer o nome
Eu só sei que é mentira
Pra machucar meu coração.

Quem mora dentro de mim
Eu sei
Eu só não sei a solidão
De viver sem mim, por aí
Eu sou feliz comigo, assim
Que no vazio de uma multidão.

Quem diz que me sabe
Comete falso testemunho
Meus crimes são perfeitos
Só eu sei os enredos
Em que se enreda meu coração.

Quem fala, fala sem razão
Diz o que vê
Com os olhos da visão
Mas há muito que eu sei
O que é o verdadeiro saber:
Olhar com os olhos da alma
Só assim se vê o coração.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

RETROVISOR

(RÔ Campos)

Mundo cão
Às vezes mar
Outras, anão.
Um mundo
Que, sem pernas
Anda
E não sai do lugar
Nunca!

Mundo cão
Onde nada muda
Tudo parece constante:
Mentiras são verdades
Descaradas
Verdades são fatos
Modificados
Histórias distorcidas
Tudo ao sabor do cínico
Do síndico
Sinecura
Lucius Apius.

O pão e o circo
De Roma aos dias de hoje
Sempre atual...
Mundo cão.
É ele quem te afama
O mesmo mundo
Que te celebra
Que te unge
E te condena.
Tudo ao sabor da mentira
Repetida
Tornada verdade
Nos espelhos do nazista
Do monstro Joseph Goelbbs
Nas teias da concupiscência
Da ambição desmedida.