sábado, 4 de junho de 2022

A MORTE DO FUTURO


(RÔ Campos)


A tua  dor não é  a minha dor,

A dor é  de cada um.

Mas sinto frio ao pensar na tua dor,

Que deve ser como um um punhal quente que arde e doi  e sangra,

E lentamente vai  dilacerando o peito e a alma. 


Sim,  eu sinto como deve ser esse vazio,

Esse sentimento que vai penetrando  aos poucos e tudo o  que  encontra é  oco.


A partida é  sempre o inverso  da chegada.

(Naquela,  é  dor.  Nesta,  é  riso).


Condenas  o tempo pela tua dor.

Mas o que é  o tempo senão o passar de tudo?


Esse mesmo tempo que hoje condenas com a frieza d'alma  que temporariamente  te habita,

É  o tempo que amanhã te libertará,

Mesmo deixando as marcas indeléveis  da pena que te foi imposta. 


Vaticino: Te encontrarás,  amor,  no  tempo verbal futuro do futuro.

Mas me respondes que o futuro é  uma quimera. 

E  que,   hoje, não mais há futuro do presente, pois o próprio presente jaz, dormindo o sono eterno. 

E o futuro do passado se foi, levado bruscamente pela intempérie. 


Tempo! Tempo! Tempo!Tempo!

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