sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ORGASMOS DA ALMA

(Nesse texto, falo sobre a minha poesia, e da relação entre poesia e música. Deem uma olhadela. Feliz 2011. Falta menos de meia-hora. Muita música e poesia nos nossos corações).

"Não lancem sujidades sobre a minha poesia. Na pocilga vivem os porcos!
É onde me encontro com o meu outro “eu”, que de mim se desgarrou. Vive errante.
Tento fazer poesia. É o dia seguinte do frenesi ou da agonia. Ou as horas que os antecedem.

Não faço música. Embora ambas sejam gêmeas univitelinas, eternas meninas. Brotaram de um mesmo óvulo, de um único gozo.
(Poesia e música são os orgasmos da alma!).

Traz a minha poesia a melodia que a natureza canta. Exprimo-a nos meus risos e lágrimas, e também nos meus “ais’. Solfejo-a nas noites de lua, e até mesmo quando a lua não sai.
Ouço-a nos pingos da chuva, na dança das águas, na serenidade e na fúria do mar, na tempestade e na calmaria, no vento que assobia. Ouço-a até no gemido da manhã que se levanta e no silêncio da noite que se deita.

(Quantas vezes o silêncio soa mais alto que as trombetas!).

Às vezes tocam os anjos que me guardam; noutras, os fantasmas que teimam em me assediar. Descuido dos anjos!

A poesia dos outros também carrega melodia. Poetar é musicar a vida!
Vou musicando a minha, em vários compassos, sempre procurando uma saída. Vou vivendo a minha, como se poesia fosse. Livro-a do azedume da rotina. Perfumo-a com o aroma das flores.

E música não há sem poesia.São os acordes frases que deliram, embriagadas. A busca e o encontrar de cada tom, um eco que promana das entranhas, um êxtase.
Declama a música. Canta a poesia. Dança a alma, que, assim, atinge o píncaro.

21/07/2010

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