domingo, 12 de dezembro de 2010

QUE A FORÇA DO MEDO

O texto abaixo, segundo o Google, é de autoria do cantor e compositor Oswaldo Montenegro. Meu filho Bruno enviou-me na sexta-feira passada. Amei.Confesso que é um texto que eu gostaria muito de ter escrito. Para mim, poderia até ser o derradeiro, vez que encerra todo o meu pensar e sentir.Metade de mim é amor. E a outra metade...
também.

"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste.
Que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui; a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba,
E que ninguém a tente complicar,
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia, e a outra metade, canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
E a outra metade... também."

Oswaldo Montenegro

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