quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

RENASCIMENTO

Cansada da vida
Após tantos anos vividos
Tantas avenidas percorridas
Erros e acertos
Alegrias e tristezas
Procuras, achados e perdidos.

Cansada da vida
Do dia, da noite
Das coisas vazias
Das buscas incessantes
Das respostas que não vinham
De tudo quanto me reprimia.

Cansada da vida
Da censura velada
Do preconceito contagioso
Do amigo da onça
Da usura do outro
Da iniqüidade que grassa.

Cansada da vida
Da dor do oprimido
Da fome que mata
Da ausência de virtude
Da mentira deslavada
Do teatro, do circo.

Cansada da vida
Dos infortúnios
Dos sonhos desfeitos
Das alegrias entristecidas
Da desesperança
Do desmoronamento da casinha de criança.

Cansada da vida
Das promessas não cumpridas
Do horizonte cada vez mais longe
Das incertezas
De tudo quanto me enganei
De minhas fraquezas.

Cansada da vida
Do medo que assombra
Da indiferença que aniquila
Do desamor
Do egoísmo escancarado
De não viver a liberdade.

Cansada da vida
De não ser o que sou
De não viver o que grita em mim
De me fechar
Cansada de tudo
Cansada do nada.

Há pouco tempo conheci Vida.
Hoje, juntos, assistimos ao dia se abrindo
E, sob sua luz, trocamos muitas palavras
Alimentamos nossos sonhos e despejamos os dejetos nos esgotos.
Vida é a impetuosidade do Mar e a paz do Céu
A turbulência do Céu e a calmaria do Mar
Mar e Céu e seus mistérios, como Vida e a vida.

Descobri pureza e um coração franzino.
Sua casa não tem paredes, mas ele é tão rico...
Esqueci do cansaço da vida.
Revigorei-me à luz da manhã, antes de me deitar
Enquanto muitos acordam sem sequer sonhar.

(RÔ Campos - escrito na manhã de sábado, 20/11/2010, dia do meu aniversário)

Nenhum comentário: