sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DESUMANA HUMANIDADE

Humano. Demasiadamente humano,
Nietzsche disse;
Nelson Rodrigues concordou:
Nada é infinito no universo infindo
Além da infinita estupidez humana.

Desde sempre se há dito
Pela Lei da Criação:
À imagem e semelhança de Deus
Foi o homem concebido.

Tenho duvidado, vez em quando.
De tão humana, demasiadamente humana,
Essa desumana humanidade,
É o homem essencialmente mal, não é bom.
O Deus da Criação é do Bem.

Não é bom de coração:
O homem que mata o homem
O homem que mata a mãe
O homem que mata o filho
O homem que mata o pai.

Não é bom de coração:
O homem que renega o filho
O homem que humilha o irmão
O homem que rouba o empregado
O homem que o amigo trai.

Não é bom de coração:
O homem que abandona os pais
O homem que vive nas teias da corrupção
O homem que tudo quer pra si
O homem que pelo outro nada faz.

Não é bom de coração:
O homem que nega alimento à quem tem fome
Q homem que não agasalha quem tem frio
O homem que é indiferente à dor do outro homem
O homem que a usura infame seduz e satisfaz.

Não é bom de coração:
O homem que não celebra a vida
O homem que fomenta a discórdia e o ódio
O homem que pensa que tudo o dinheiro compra
O homem que o outro homem subjuga e reduz

Não é bom de coração:
O homem que da criança abusa e destrói seus castelos. Monstro!
O homem que a mulher explora. A mulher que o homem engana.
O homem que o desvalido pisa
O homem que tem no peito uma pedra e nunca chora.

Não é bom de coração:
O homem que não sabe a humildade.
O homem que não tem vergonha da sua falta de vergonha
O homem que se julga ser. E, na verdade, não é nada.

Não sabe de onde veio, nem para onde vai.
Senta-se também em vaso sanitário, arria as calças, faz xixi, arrota, solta traques.
Nasce , cresce, deseja, tem diarreias, fome, tosse, insônia, adoece, morre.
Do pó veio. Ao pó volverá.
Aqui chegou nu, e aos prantos. Nada levará consigo.
Nem lágrimas. Nem sorrisos.
Nem a posse de seu corpo, que nunca teve.
Nem a posse da sua (in)consciência.
Nem o amor das mulheres e dos homens,
Que - sabe - o dinheiro pagou e não comprou.
O amor não se vende!


Humana, demasiadamente humana, desumana humanidade!.


(RÔ Campos, em 26/10/2010)

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