quarta-feira, 14 de julho de 2010

AVENIDA DA LUZ

Eu ouvia falar naquela avenida, quando ainda era concebida
Não tinha idéia do futuro. Era tudo presente.
Não demorou, chegou o amanhã
A avenida se estendeu sobre o chão, abriu caminhos, encurtou distâncias
Algumas vidas se perderam em plena gestação
Depois da estação das chuvas, ei-la, em pleno verão
Cortando a verde-mata, atravessando o rio
Chamei-a de avenida da luz, essa avenida
Onde o nosso amor reluz.

É noite alta. Regresso com a pessoa amada.
Vou deixá-la ali, onde não é o meu lugar.
E o lugar dela é cá, dentro de mim.
A avenida parece não ter fim. Como infinita é a minha saudade.
Não tenho pressa, mas as horas se vão, desesperadas.
Não quero chegar. E tão logo é o ponto de chegada.

O tempo se vai num instante, como a zombar de dois amantes
Cujas estrelas, no céu cintilantes, espreitam o beijo roubado
Mãos que se afagam com saudades do afago que amanhã pode partir
Não sou mais ninguém sem ele. Que será dele sem mim?

Tomo o caminho de volta, sozinha.
Ele ficou para trás. Mas seus olhos, morando na lua, me seguiam
Nessa avenida tão longa, a avenida dele e minha.
Quando chego em casa, até parece dia
São os olhos dele que me alumiam .



RÔ Campos - 14.07.2010

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