domingo, 19 de setembro de 2010

A TI, BELCHIOR

Nos últimos dias, eu tenho andado mais angustiada que um goleiro na hora do gol. Há pouco, no quintal, olhei para o céu e fiquei mirando aquela estrela que a digo minha, a minha estrela, a estrela solitária. Lembrei de Belchior, vim para o computador e compus esse poema. Adoro Belchior. Grande poeta. As letras de suas canções revelam inquietações. É a Divina Comédia Humana!!!


A TI, BELCHIOR


Por onde quer que andes
Espero que te encontres
Ou que te percas e te aches
Nas encruzilhadas da vida
Sob o céu que te protege.

Que teus olhos sejam furados
Pela luz da tua estrela, que te alumia
Que a ouças na escuridão de teu infortúnio
Antes que a morte venha e te leve
Sem que tenhas visto a vida, num instante
Na hora do almoço, na sala de jantar

Que o chão da terra em que pisares te acolha
E que não tenhas mais tanto medo, medo, medo
Do vazio que muitas vezes nos toma a todos
Das perguntas sem respostas
Da nua realidade posta sobre a mesa

Que te anime teu coração e te encha de coragem:
A vida é um eterno combate
Que a muitos abate.
Mas é preciso ter força pra seguir em frente, cair, levantar
Fugir é uma bobagem:
As lembranças são um cárcere
A saudade, um punhal cravado no peito.

Que a tua estrela, Belchior,
Enfim, te leve a boa nova
A ti, que és rei
E brilhe, abundantemente, sobre o teu castelo
Em noites de lua minguante, de lua crescente
De lua nova, de lua cheia

Que a mirra e o incenso inundem a tua morada
O teu corpo, a tua casa
Com o vento a dançar ao luar, livre, nu
Enquanto ouves a tua estrela e cantas teu canto
A ecoar no infinito
O teu infinito, Belchior, és tu.

RÔ Campos, 19/09/2010

Nenhum comentário: