domingo, 3 de março de 2013

DIVAGAÇÕES A RESPEITO DO HOMEM


(RÔ Campos)

Há alguns dias, em minhas divagações, pensei sobre o homem, suas dificuldades em lidar com o sexo oposto, as cobranças que a vida lhe faz. Não deve ser muito fácil, nos dias atuais, ser homem. Porque convencionou-se que homem não chora, homem não pode chorar, homem não deve chorar. Homem tem que engolir seco, rasgando tudo, mesmo que haja um nó na garganta. Homem não deve ter medo, homem não pode ter medo, homem não pode fugir do perigo pelo fato de haver sido tomado pelo medo. Homem tem que tremer por dentro, sentir o sangue correr em suas veias, rapidamente, alucinadamente, friamente...mas demonstrar exteriormente uma tranquilidade inexistente. Homem não deve ser inseguro, não pode ser vulnerável. Homem tem que ser forte, valente, decidido. Homem não pode, não deve pedir colo. Isso é coisa de seres inferiores. Homem tem que ser o próprio colo. Homem não pode, não deve pedir a mão em busca de amparo. Ele é o próprio guerreiro, soldado a defender o seu quartel. Homem não pode errar, cair, falhar. Afinal de contas, ele é um homem ou um saco de batatas?
Mulher, não. Mulher chora, grita, pede socorro, implora, suplica por colo, carinho, atenção. Mulher pode ter medo de barata, do escuro, de tomar choque, de temporais, do cão vadio, do avião cair, de morrer. Mulher pode sofrer de síndrome do pânico, de ansiedade, depressão, fazer análise, consultar o psicólogo, o psicanalista e até o psiquiatra. Homem não. Como se homem não fosse humano, mas um ser de outro planeta.

Por que motivo os homens, sistematicamente, não gostam de ir a consultas médicas? Medo. Simplesmente isso. Medo.

Aprecio o homem que se derrete, que chora, que busca ajuda, que pede socorro, que implora por colo, carinho, afago, que se deixa sentir como um ser vivente, cheio de virtudes e de defeitos, mas que aprende, desaprende e reaprende, que é forte e fraco, que estuda e que ensina, que repassa o que sabe e que também faz perguntas, que tem muitas dúvidas e poucas certezas, que respeita e se faz respeitar, que ama, desama e depois volta a amar. Um homem que nasce e morre todos os dias, para renascer no dia seguinte. Um homem que não tem vergonha de voltar os olhos para os céus e apreciar um arco-íris, um eclipse do sol ou da lua, as estrelas brilhando, o sol se pondo no horizonte.
Um homem velho que não sente vergonha de ter vivido tanto - a vida -, essa dádiva.

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