terça-feira, 27 de março de 2012

LUCAS...E ERA SÓ UMA CRIANÇA!

(RÔ Campos)

Para onde foi a pureza de Lucas? Para onde? Vidas extraviadas, impiedosamente, covardemente, impunemente, como se fossem vermes nojentos...e são só crianças. Crianças vítimas de pais desestruturados, bêbados, drogados, que, por sua vez, são vítimas de seus pais, e aí o mundo vai girando, girando, girando, sem que a miséria tenha fim, sem que essa condição de miserabilidade extrema receba uma luz. Mundo estúpido. Gente estúpida, indiferente, fria, vazia. Escravos do dinheiro, da hipocrisia, da luxúria, da ganância desmedida, crueis avaros.

Meus filhos, aos doze anos, eram meus anjos, minhas crianças, que contavam com meu colo, com meus cuidados, com minha vigília, com os meus olhos. Lucas, aos doze anos, não teve olhos sobre ele, não teve amor, não soube o que era cuidado. Enveredou por caminhos oblíquos...não sabia o que era reto. Uma criança desamparada, machucada, adulterada...caindo nas teias do tráfico. E era só uma criança.

E onde estava o Estado, que afirma os direitos das crianças nas letras, nas palavras, na dita Carta Magna...e nega esses direitos, na realidade? E era só uma criança, que quedou nos braços armados do crime...e acabou, aos doze anos...degolada. Foi isso que disseram os jornais. E lá se vai o corpinho de Lucas, carregado pelos policiais. Agora, já não há mais tempo. Lucas, que não teve tempo pra sonhar, já não acordará. E era só uma criança. Doze anos, como doze - dizem os livros - eram os discípulos de Jesus, o Cristo. Doze homens. O que mudou no mundo de lá pra cá? Mudou? E agora, Lucas, quem te ninará?

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