sábado, 4 de fevereiro de 2012

MARCHA DO IMIGRANTE

(RÔ Campos)

(Minha homenagem aos imigrantes haitianos no Brasil. Esses novos brasileiros)



Deve haver algum Lugar

Alguma forma

Pra Recomeçar.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir

Continuar a procurar.


Nem tudo acabou:

Estou vivo!

Há o Sol e a Lua

Há o Rio, a Água

Pra Saciar a minha sede

Um pedaço de Pão

E lá se vai a minha fome

Pelas mãos de algum Cristão.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir

Caminhar atrás do Sol

Até aonde Ele me levar

Andar sob a Luz da Lua

Pra Lua me Guiar.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir.

Se tenho duas Pernas pra Caminhar

Dois Olhos pra Mirar o Horizonte

E ir atrás Dele

Quanto mais longe de mim Ele ficar.

Quem sabe, nesse Caminho

Eu Encontre o que estou a procurar.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir.

Vou até aonde a Estrela me levar.

Vou Pisar a Terra

Vou voltar os Olhos para o Céu

Vou à procura da Vida

Vida! Vida! Minha Vida!

Vida que se perdeu

Entre tantas que se foram

Pra nunca mais voltar.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir.

Deve haver algum Lugar

Alguma forma

Pra Recomeçar.

Uma Nova Pátria pra erguer meu Lar

Arregaçar as calças, por a mão na massa

Trabalhar

Voltar a Sonhar e ser Feliz.


Eu não vou desistir!

Vou Seguir.

Como Seguiram meus Ancestrais

Minha Mãe, meu Pai

Sob o sol inclemente

Sob a chuva, as procelas em alto mar

Sob o chicote e o açoite

Sob a fome, a ferida e a dor.


A noite é apenas hoje

Amanhã, o Sol vai Trazer o Dia.

Um dia, quem sabe, eu volte

Pra minha Terra Querida

Meu Chão, meu Céu

Ou, talvez, eu fique por lá

Na Terra que me Acolher

Com o Povo que me Abraçar.

E não serei mais uma Pátria

Duas Pátrias é o que Serei.

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