sábado, 4 de fevereiro de 2012

CALA A BOCA, MAZÉ!

(RÔ Campos)

Como estou numa correria sem fim desde a quarta-feira, e entro muito rápido na net, não tinha conhecimento sobre o artigo da Mazé Mourão, publicado no blog do Diário do Amazonas na última quinta-feira. Agora, com a postagem de Juarez Silva em seu blog, fiz a leitura do dito-cujo e fiquei simplesmente boquiaberta. Também me poupei e preferi não tecer qualquer comentário, pois concluí que não vale a pena e o silêncio, na minha opinião, é o melhor a se fazer, até porque acredito que ela está querendo nos fazer de bobos.

Quando Mazé Mourão estava no jornal A Crítica, sempre lia as crônicas que ela escrevia, e não me recordo de, alguma vez, ela haver dedicado ao menos uma linha em defesa dos "desempregados" manauaras, das crianças portadoras de câncer, dos portadores de HIV, de asilos para desabrigados etc.etc.etc. Ela pode até ter escrito, mas nada que pudesse denotar que ela seja uma pessoa antenada com essas causas humanitárias. Ao reverso, ela sempre foi muito crítica com relação ao atendimento nas casas noturnas, bares e restaurantes manauaras, batendo de com borra (expressão que ela sempre usou muito, até no texto sobre os haitianos) nesse segmento. Mas questões humanitárias, sinceramente, não me recordo.

Quando ela diz, em parte de seu malsinado texto, que "Todo cidadão é livre, sim, para se expressar e contestar aquilo de que discorda. Ninguém, porém, tem o direito de perseguir, caluniar, impor cerceamento ou impedir o outro de trabalhar, ultrajando-lhe a dignidade",foi pra acabar, porque foi exatamente o que ela fez com os haitianos. Perseguiu, caluniou, levantou a bandeira de negar a eles o direito ao trabalho, ultrajou a dignidade dos imigrantes, chamando-os inclusive de "abusados", pugnou pelo banimento dos haitianos de nossa "aristocrática" city. Sorry! Sorry! Sorry!

Moral da historia: Foi pior a emenda do que o soneto, como sempre acontece, aliás, nessas situações. Quanto mais o cara quer consertar, corrigir a resvalada, mais ele escorrega na casca da banana que lançou ao chão.

É como bem disse Juarez Silva. Ela caiu na vala comum da desculpa esfarrapada da liberdade de expressão, num verdadeiro acinte à nossa inteligência. Mas a liberdade de expressão - esqueceu intencionalmente Mazé Mourão - não importa em o sujeito sair por aí falando tudo o que quer e o que bem entende, porque há limites para isso, e os abusos deverão ser analisados e julgados pelo Poder Judiciário, caso seja provocado.

Certo é que, ao produzir matérias, o jornalista pode perfeitamente opinar sobre os temas abordados, mas, venhamos e convenhamos, RACISMO não se trata de opinião. RACISMO é crime. E a liberdade de expressão não está a amparar o crime. Ponto.

Para finalizar, imaginei que ela pensava estar fechando seu artigo com chave de ouro, ao invocar uma célebre citaçãoo do livre- pensador francês Voltaire, que, por sinal, aprecio muito e estou constantemente a invocá-la: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte o direito que tendes de dizê-lo”. Ocorre, entretanto, que libertário como era Voltaire, é claro que, em sua citação, ele defendia ardentemente a liberdade de expressão, essa liberdade de opiniao, de se dizer o que se pensa sobre determinada questão, de expor suas convicções, num mundo onde os governados não podiam sequer abrir a boca para protestar, contestar, divergir, emitir opinião, como sói ser nas ditaduras, nos estados autoritários, o que, nem de longe, é o caso sob discussão. Mazé Mourão, a meu ver, não usou de seu direito de liberdade de expressão. Ela abusou desse direito. Igualzinho ao que o comediante Rafinha Bastos fez com a grávida Wanessa Camargo, e continua fazendo (a última dele, pior, muito pior do que fez com Wanessa, atinge a dignidade das pessoas assistidas pela APAE. Pasmei!). E um, quanto o outro, deve responder por isso. Cala a boca, Mazé!

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