quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ANJO E DEMÔNIO

(RÔ Campos)

Mora dentro de mim um desejo indizível de expandir-me
Mora dentro de mim um desejo latente de transbordar-me
Mora dentro de mim um quê que me abre, que nunca me fecha
Mora dentro de mim uma saudade infinita; uma vontade de viver e morrer jamais
Mora dentro de mim um poeta, um cantador, a palavra e o eco
Mora dentro de mim uma alma penitente, renitente, persistente;
Uma alma que ri e que chora
Um chorar por mim e por ti, que sempre chora, que nunca ri
Mora dentro de mim, à minha revelia e sob o meu olhar que condescende, um carcereiro.
E moram dentro de mim asas que me levam a voar, voar, voar...
Mora dentro de mim um coração franzino
Que tem alma de menino
Que faz-me crer que desfruto do tempo - de todo o tempo do mundo
Para viver e amar e gozar demasiadamente
Mora dentro de mim uma luz que acende quando a escuridão se avizinha
Mora dentro de mim um grande Bem, um farol, cujo mal espanta
Mora dentro de mim um querer tanto
Mora dentro de mim um prazer por amar hoje mais que ontem
Mora dentro de mim um êxtase, um transcender
Mora dentro de mim um eterno desejo de descobrir, o conservador e o novo
Mora dentro de mim a vontade de saber e de não saber se o saber me diz que não saber às vezes é melhor, ajuda a viver
Mora dentro de mim a essência do ser, a semente do viver, a alegria de amar incondicionalmente
Moram dentro de mim um anjo e um demônio
O anjo está sempre acordado; o demônio dorme.

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