segunda-feira, 17 de maio de 2010

UMA ALMA PORTUGUESA

Que felicidade! Fui ao supermercado no final da tarde de ontem e, ao retornar para casa, liguei a TV. Programa Conexão Roberto D'ávila, na TV Cultura, com a brilhante entrevista da professora Emérita e Acadêmica Cleonice Berardinelli, a qual girou em torno, basicamente, da literatura e poesia portuguesas. O que não faltou, lógico, foi Fernando Pessoa e Camões, dentre outros. Que entrevista eletrizante! Sintonizei-me, nasceu a inspiração e escrevi o poema a seguir:

"ANJO E DEMÔNIO"

"Mora dentro de mim um desejo indizível de expandir-me.
Mora dentro de mim um desejo latente de transbordar-me.
Mora dentro de mim um quê que me abre, que me fecha.
Mora dentro de mim uma saudade nunca derradeira; uma vontade de viver - e morrer jamais.
Mora dentro de mim um poeta, um cantador, a palavra e o eco.
Mora dentro de mim uma alma penitente, renitente, persistente;
Uma alma que ri e que chora;
Um chorar por mim e por ti, que sempre chora, que nunca ri.
Mora dentro de mim, à minha revelia e sob o meu olhar que condescende, um carcereiro.
E moram dentro de mim asas que me levam a voar, voar, voar...
Mora dentro de mim um coração franzino,
Que tem alma de menino,
Que faz-me crer que desfruto do tempo - de todo o tempo do mundo,
Para viver e amar e gozar demasiadamente.
Mora dentro de mim uma luz que acende quando a escuridão se avizinha.
Mora dentro de mim um grande Bem, um farol, cujo mal espanta.
Mora dentro de mim um querer tanto.
Mora dentro de mim um prazer por amar hoje mais que ontem.
Mora dentro de mim um êxtase, um transcender.
Mora dentro de mim um eterno desejo de descobrir, o conservador e o novo.
Mora dentro de mim a vontade de saber e de não saber se o saber me diz que não saber às vezes é melhor, ajuda a viver.
Mora dentro de mim a essência do ser, a semente do viver, a alegria de amar incondicionalmente.
Mora dentro de mim um anjo e um demônio.
O anjo está sempre acordado; o demônio dorme."

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