sábado, 29 de maio de 2010

REINE SOBRE MIM

Há dias, antes de ficar sem net por quase uma semana, assisti na TV Amazonas ao filme Reine Sobre Mim. Quando sintonizei no canal o filme já havia começado, mas deu para assimilar toda a história. É óbvio que não se trata de grandes produções cinematográficas, porém, a película é, sem dúvida, comovente. Não sei se foi baseado em fatos reais, no que diz respeito ao protagonista, mas o enredo gira em torno de dois antigos amigos que se reencontram: Charlie e Alan. Charlie perdeu a esposa e 3 filhas em um acidente de avião (um daqueles que se chocaram propositalmente com as torres do World Trade Center, no atentado terrorista de 11 de setembro). Alan atravessava um momento delicado de sua vida, sobrecarregado com os deveres com a fa mília e o trabalho, ou seja, havia chegado naquele ponto da vida em que não nos conformamos com nada, achamos que o mundo todo está errado e nós é que somos os certos e queremos mudar o mundo, ao invés de tentarmos mudar a nós mesmos (Humanos, somos demasiadamente humanos!). Confesso que houve momentos no filme em que ora sentia emoção, ora angústia, pois voltei ao 11 de setembro e parecia que o estava vivendo naquele instante: as imagens dos aviões se chocando com as torres eram semelhantes a cenas de filme de ficção. Os choques e tudo o que se seguiu acredito que esteja na memória do mundo. Então fiquei imaginando quantas pessoas realmente não teriam passado por situações semelhantes àquelas do filme. E o dia seguinte? E depois? E depois? Mais de mil pessoas mortas num dos mais cortantes episódios da vida não só do povo norte-americano, mas de todos nós. No filme, Charlie passou a viver fugindo de si mesmo, negando-se a encarar o ocorrido, desviando-se do enfrentamento. Havia também um sentimento de culpa por não haver dado importância a um pedido da mulher, que tanto amava, relacionado a uma reforma na cozinha da casa. Alan atirou-se de cabeça para ajudar o amigo, e seus problemas de relacionamento com a mulher e no trabalho só aumentavam. Moral da história: Charlie sobreviveu emocionalmente graças à ajuda de pessoas que, na vida real, fazem a diferença neste mundo louco. Charlie também fez a diferença na história de Alan, que tratou de reconciliar-se com a vida e com a esposa. E assim é a vida: quando começarmos a observar os detalhes, a darmos importância às coisas simples, às pessoas que amamos; quando buscarmos entendimento para o fato de que tudo nasce e tudo morre (outras elucubrações agora não nos interessa); quando colocarmos em nossa cabeça que o melhor é estarmos em paz, todos os dias, com nossa consciência, com os entes queridos e com os estranhos, sintonizados com a anergia do bem, deixando-o acordado e mantendo adormecido o demônio que mora dentro de cada um, com a prática de atitudes de respeito e amor ao próximo; quando começarmos a aceitar que a vida terrena é simplesmente uma passagem seja lá para onde, por quê e para quê, e que devemos vivê-la e não desperdiçá-la; quando só fizermos aos outros tudo aquilo que também faríamos a nós; quando entendermos que todos nós vamos morrer um dia, que tudo fica e nada levamos; quando entendermos que somos humanos, demasiadamente humanos, que acertamos e erramos e que nossa vida é feita de escolhas; quando enfrentarmos o resultado de nossas decisões e nos conscientizarmos que somos responsáveis por todos os nossos atos, impondo-nos, portanto, assumi-los; Quando, cientes de nossa condição humana, aceitarmos que erramos, levantarmos e sacodirmos a poeira e darmos a volta por cima (como diz a letra da música), continuando o nosso percurso nessa longa estrada que sequer sabemos onde vai dar; quando nos arrependermos de verdade ao magoarmos e prejudicarmos as pessoas, perdoando-nos primeiramente a nós mesmos (em reconhecimento ao erro), num sinal de que não mais procederemos de forma tão infame; quando invocarmos, sinceramente, a Oração da Serenidade, quem sabe poderemos sentir a vida não como um fardo, mas como um aprendizado, sem faltarmos um dia de aula (as faltas influem nas avaliações e refletem no currículo). Ao final, sairemos pós-graduados e o conhecimento conduz o homem à compreensão dos atos e fatos da vida.

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