sábado, 13 de outubro de 2012

SUBLIMAÇÃO

Essa chuvinha fina, o quarto esfriando, as horas passando, a tarde chegando, os pensamentos voando longe, no tempo e no espaço. Bate uma vontade no meu peito. Ouço trovões, e, de repente, acordo dos meus sonhos, das doces lembranças. Não tem jeito. A saudade lentamente se aconchega. Daí que emerge a sublimação. Daí que nascem os versos que componho com a pena da saudade e das recordações. Daí que ecoam todos os rítmos, todas as canções, do mais profundo esconderijo de minha alma, onde nem eu mesma ouso penetrar, pois a alma humana é imperscrutável. Daí que a percussão é a minha voz e o meu grito, esvaziando com as minhas mãos essa dor persistente, renitente, que teima em machucar meu coração. Daí que essa dor se vai e depois quer voltar. Daí que eu descubro uma espécie de cura ao, inconscientemente, sublimar-me.

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