(RÔ Campos)
Disse-me ontem um padre
E eu fiquei a divagar:
"Deus perdoa sempre
O homem, às vezes
A natureza, nunca".
Portanto, não mude nada de lugar
Deixe o Velho Chico seguir seu curso
O Amazonas, no mar desembocar
Na Terra, o homem há de ficar
Marcianos, em Marte a encarnar
E o que é da Lua
Sempre será lunar.
Balbina, cemitério de árvores
De bichos
Horripilante!
As lágrimas correram meu rosto
Ao ver aquele cenário
No meu imaginário:
Aves, sem árvores para pousar
Outros bichos, terrestres
Em fuga afogados pela fúria das águas
Nenhuma chance de vida
A ordem era matar
Exército de bichos
Pela voz desgovernada
De um (des)governo militar
Rasgaram a verde-mata
Pintada de vermelho
Do sangue de Calleri
Cuja missão era pacificar
Índios, expulsos de suas terras.
Outros corpos também quedaram
Vencidos, amarelados
Cruel anofelino!
Choraram os citadinos
Não menos também choraram os índios
E Manaus, depois, muito depois
Vive na escuridão
Dessa luz que ainda não veio.
Belo Monte! Belo Monte!
Lá se vai mais um horizonte!
( 01/09/2011)
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