quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DA BR 174 A BALBINA. AGORA, BELO MONTE. LÁ SE VAI MAIS UM HORIZONTE

(RÔ Campos)

Disse-me ontem um padre

E eu fiquei a divagar:

"Deus perdoa sempre

O homem, às vezes

A natureza, nunca".

Portanto, não mude nada de lugar

Deixe o Velho Chico seguir seu curso

O Amazonas, no mar desembocar

Na Terra, o homem há de ficar

Marcianos, em Marte a encarnar

E o que é da Lua

Sempre será lunar.

Balbina, cemitério de árvores

De bichos

Horripilante!

As lágrimas correram meu rosto

Ao ver aquele cenário

No meu imaginário:

Aves, sem árvores para pousar

Outros bichos, terrestres

Em fuga afogados pela fúria das águas

Nenhuma chance de vida

A ordem era matar

Exército de bichos

Pela voz desgovernada

De um (des)governo militar

Rasgaram a verde-mata

Pintada de vermelho

Do sangue de Calleri

Cuja missão era pacificar

Índios, expulsos de suas terras.

Outros corpos também quedaram

Vencidos, amarelados

Cruel anofelino!

Choraram os citadinos

Não menos também choraram os índios

E Manaus, depois, muito depois

Vive na escuridão

Dessa luz que ainda não veio.

Belo Monte! Belo Monte!

Lá se vai mais um horizonte!

( 01/09/2011)

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