segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O CIGARRO, A MACONHA, O ÁLCOOL, O CAPITALISMO E O VALOR DA VIDA

Coisa esquisita esse negócio que vem tomando conta da cidade. Adesivos - ou serão cartazes? Que nome dar a esse troço que um certo órgão público (Anvisa, Covisa, sem lá bem o quê que é) tem afixado nos bares, restaurantes, casas noturnas manauaras e similares, proibindo, agora, 100%, o fumacê (cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos etc) nesses locais, mesmo em áreas livres, sob ameaça de multa?

Bem, o que me chamou a atenção nisso tudo é que, se essa desgraça desse tal de fumo faz tanto mal (e eu, particularmente, sei que faz - pelo menos a mim, por experiência mais do que própria), por que não cortar o mal pela raiz e proibir a fabricação desse infeliz? O que existe de tão poderoso no reino da indústria do fumacê que,embora expulso do paraíso e jogado no fogo do inferno, ainda resiste a tanta pressão? Como pode um troço que - dizem aqueles que entendem do assunto - contém inúmeras substâncias cancerígenas, dentre outras que provocam, inclusive, a morte por males causados ao coração, pulmão, rins etc., continuar a ser produzido, vendido e consumido por pessoas totalmente marginalizadas, mediante autorização do Estado, e esse mesmo Estado proibir o seu consumo? E esse mesmo Estado, também, negar-se a legalizar o uso da maconha em determinadas situações, comprovadamente benéficas para a saúde daqueles que a necessitam? E alguém aí já pensou, por exemplo, que o sujeito, acuado, vai isolar-se em sua casa, para fumar, causando um grande mal às crianças, que não poderão ser obrigadas a retirar-se de casa para permitir que seus pais gozem as delícias de seus vícios malditos? Ou, ainda, nos danos maiores que serão causados ao meio ambiente, pois, ao invés das famigeradas baganas serem devidamente recolhidas em sacos, serão jogadas na rua, para onde os fumantes marginais são obrigados a ir, a fim de satisfazerem seus vícios, contribuindo muito mais para a poluição e entupimento de esgotos?

Engraçado, ainda, é que o cigarro é a bola da vez (e eu não estou fazendo nenhuma apologia a esse produto tenebroso, creiam-me), e, em alguns lugares onde o consumo também tem sido agora sistematicamente proibido (bares, por exemplo), o álcool, muito mais devastador do que o fumo (pois, em tese, quem fuma faz mal a si mesmo, enquanto, quem bebe, está sujeito a cometer desatinos e crimes, como quem dirige alcoolizado, por exemplo, que pode tirar a vida de terceiros), corre solto em tais lugares, com muita gente bebendo até embriagar-se, sem nenhuma proibição tanto para a venda quanto para o consumo, à exceção de menores de idade.

O que estou pondo aqui, é que tenho batido minha cabeça para entender essa equação, e não consigo, por mais que me esforce.

Tanta falação quanto às malditas gorduras trans, sal e açúcar em excesso, óleos, alimentos transgênicos etc., com o Estado posando de preocupado com a saúde do povo e diz-que avançando contra as indústrias desse segmento, enquanto o álcool continua matando de maneira inclemente seus próprios consumidores e pessoas inocentes, e o cigarro segue um túnel que se afunila progressivamente, mas segue, enquanto continuar, é claro, sendo fabricado para matar, com a autorização do Estado, que aufere grandes somas com os impostos incidentes sobre eles, valores esses que, no entanto, sequer amenizam os males causados à saúde, com prejuízos inestimáveis ao erário e, consequentemente, ao povo.

Causa-me também espécie, determinadas pessoas que se vestem de paladinos da saúde e do bem-estar, verdadeiros inimigos do cigarro, chegando às vias de fato em certos locais, por exigirem que os viciados não fumem, alegando incômodos causados pela fumaça, que abusam não apenas do consumo do álcool, como de produtos ou objetos outros que também causam tantos danos à natureza e à saúde pública.

Há que se comportar com menos hipocrisia sobre esses assuntos, e que se repensar profundamente tais questões, coisa complexal no contexto atual, onde o capitalismo e seu filho lucro são o senhor de tudo, e a vida em si vale quase nada.

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