quinta-feira, 28 de julho de 2011

QUEM TE SALVARÁ, MANAUS?

Todos nós crescemos um dia, ou todos os dias, mas não precisávamos mudar tanto. Manaus, quando menina, era toda prosa, poesia e riso. Faceira a não mais poder. Vestia-se, ainda, de muito verde, e seu céu era muito, mas muito colorido, cheio de pipas disputando entre si o espaço aéreo, cada qual desejando reinar, absoluto. E quando aproximava-se o inverno, o cheiro de manga dominava na Constantino Nery, no Cemitério de SãoJoão Batista, e ficávamos ainda mais moleques. Ai, a orla de Manaus, pequenina, acanhada, mas vibrante!. E quando o verão chegava, deleitávamos sob o sol na praia da Ponta Negra, ou sob as frondosas árvores que guardavam as areias daquele paraíso. Quantos castelos construímos na Ponta Negra! E quantos buracos cavamos a nos metermos até o pescoço! Doces eram os domingos a visitarmos o Ródo (Rodway, em inglês), quando arregalávamos os olhos a admirar os imensos navios que lá aportavam, trazendo estrangeiros de todos os lugares do mundo. Depois, íamos ao Parque Infantil, na parrte inferior da Igreja Nossa Senhora da Conceição, a Matriz, ver os animais e brincar nos balanços. Havia muitas outras coisas a se desfrutar nessa outrora cidade maravilhosa, cidade sorriso, como sonhos de criança. Mas Manaus cresceu, e, junto com o crescimento, rica, empobreceu. Teve que alimentar a muitos que para cá acorreram, desvalidos, desassistidos, mas que ainda embalavam sonhos em seus braços. E para cá também vieram aventureiros, homens de caráter mau, usurpadores, grileiros. Manaus inchou, explodiu. Enlouqueceu! Quem te salvará, Manaus, não sei.

Nenhum comentário: