quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PORTO DE LENHA

Este artigo escrevi sexta-feira passada, quando ainda estava em Belém do Pará. Somente agora, quando acabei de postar o poema "Procura-te, e te acharás", é que percebi que não havia sido postado, estando apenas em rascunho. Faço-o agora.

"Como falei há pouco,estou em Belém do Pará. Agora à noite, estive na Estação das Docas, entrei na livraria e comprei alguns livros maravilhosos.Adoro viajar. É justamente quando mais compro livros. Adquiri nada mais nada menos que Folhas de Relva, daquele considerado o maior poeta americano de todos os tempos,Walt Whitman; As Flores do Mal, do francês Baudelaire; De Profundis e Balada do Cárcere de Reading, de Oscar Wilde (estou doida pra devorá-lo) e O Domínio de Si Mesmo Pela Auto-Sugestão Consciente, do também francês Émile Coué (já comecei a lê-lo e até passei da página 50).

Bem, na Estação das Docas tomei sorvete de açaí e de sapotilha.Este último, ainda não conhecia,mas, é de tomar beijando.Maravilhoso.

Aí, me lembrei de uma situação em Manaus. Há dois finais de semana saí com minha mãe e duas irmãs, para darmos um passeio, tomarmos sorvete e comermos uma pizza, prato prediletíssimo de nossa madre. Mamãezinha,próxima dos 80 aninhos, é diabética.Fomos a Ghioto, no Parque Dez. A pizza, uma delícia.Mas suco? Ah,só havia de laranja,porque,segundo o garçon,a máquina de fazer sucos estava pifada. E refrigerante? Diet, apenas e tão-somente coca-cola. Pode?

Saímos da pizzaria e fomos à sorveteria Glacial,em plena praia da Ponta Negra, sabidamente um ponto turístico de Manaus.Sorvete diet? Nem por encomenda,tá bom!!!
Rumamos para a KIBON, na Djalma Batista.Mas lá,também,diabético não pode sonhar com sorvete.Havia um resto de sorvete light no fundo da cumbuca,que mais parecia, realmente, resto.Mas diet mesmo, nem pensar.

Que absurdo!, pensei. As estatísticas gritam sobre as pessoas, no mundo, acometidas pelo diabetes. Aqui em Manaus mesmo, além de minha mãe, tenho muitos amigos e conhecidos diabéticos. Manaus sediará uma Copa do Mundo e uma sorveteria instalada em plena praia da Ponta Negra, um cartão postal importantíssimo de nossa cidade, não coloca, à disposição, sorvete diet. Uma pizzaria instalada há, se não estou enganada, 7 anos, no Bairro do Parque Dez, servindo apenas suco de laranja, porque a máquina de fazer sucos pifou, é, convenhamos, como se fala na gíria, de lascar o cano. Coisas dos trópicos!"

Na Sorveteria Cairu, na Estação das Docas,aqui em Belém,além de haver uma variedade enorme de sorvetes, que a gente nem imagina que exista,verifiquei uns 6 sabores de sorvete diet.

Na Estação das Docas, você encontra reunidos,em um só lugar, por sinal muito bem localizado,o bom da gastronomia paraense (aí incluídos o açaí servido com os mais diversos acompanhamentos, como peixe frito, charque, camarão ou pirarucu, as maravilhosas tapioquinhas, tacacá, frutos do mar etc) loja de discos contendo nas prateleiras obras dos artistas locais e da Amazônia, e o fino do fino da música brasileira, principalmente do circuito alternativo, MPB, Bossa, Jazz e instrumental;livraria recheada de títulos maravilhosos da literatura universal e brasileira, artesanato, cervejaria, uma espécie de exposição, ou pequeno museu do porto de Belém, passeios fluviais diversos, diários, pela orla de Belém e para alguns pontos turísticos do entorno da cidade.

Todavia, em meio a esses contrastes entre as duas maiores capitais do Norte, notei, e não é de hoje, que em Belém há um verdadeiro abandono no que respeita ao entorno do Teatro da Paz, coisa que, em Manaus, é motivo de orgulho para todos nós.
A Praça da República, onde está localizado o também belíssimo Teatro da Paz, em Belem, vive entregue à sujeira e ocupada pela marginalidade. O Largo de São Sebastião, onde ergueu-se o templo maior da arte do Amazonas, é, hoje, digo sempre, como se fosse um pedacinho da Europa no meio da selva. Um luxo só, além de seguro. O Tacacá na Bossa, às quartas-feiras, tornou-se um point da cultura musical manauara. É bem verdade que o espaço, em si, ainda tem muito para ser aproveitado, já que, nos demais dias da semana, permanece ocioso. Mas o pior de tudo isso, mesmo, é o quesito "banheiro". É inconcebível que um espaço daquele, que diariamente recebe a visita de turistas do mundo todo, só conte (e olhe lá!) com dois banheiros imundos de duas lanchonetes/bares instalados no local. E, ainda que não fosse pelos turistas, nós, amazonenses, também merecemos respeito.

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