segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

VIDA

(RÔ Campos)

Ele vivia em uma casa que não tinha portas nem janelas· Todas as suas posses era uma grande e pesada mochila que carregava nas costas franzinas · E como companheira uma estrela solitária, que se punha a mirar, dizendo, feito criança: "olha, essa é a minha estrela!" · E carregava, também, uma inquebrantável fé em Deus no coração·
Na mochila, levava o armário do quarto, uma bolsa contendo as ferramentas e a matéria prima de seu trabalho com a arte· Além de uma pequena caixa, onde guardava todos os seus sonhos· Quando as pessoas lhe perguntavam o que ele carregava naquela mochila, ele sempre respondia: "a minha vida".
Faz mais de quatro anos que não vejo nem ouço falar nesse pequeno grande homem, que parecia ter a face esculpida e as mãos lapidadas por outro grande artista· Mas sempre me lembro dele nas noites em que Léia - era assim que ele chamava a Lua - surge absoluta e exuberante· E quando, perambulando pelas noites vadias, vejo na imensidão do céu a estrela solitária, que sempre foi dele···e minha·

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