segunda-feira, 2 de julho de 2012

IGARAPÉS, CANOAS, BILHAS, PÚCAROS...RECORDAÇÕES

Sexta-feira passada deixei um casal amigo no bairro da Glória, e fiz o percurso de volta passando pela velha ponte de São Raimundo, e muitas recordações me invadiram a mente. Primeiro, porque meu saudoso pai trabalhou, como operário, em sua construção. Segundo, porque o igarapé de São Raimundo, que corre sob dita ponte, compõe com beleza indizível toda a minha infância, até meus quinze anos, quando nos mudamos da rua Boa Sorte, a qual finaliza exatamente no igarapé. Não me lembro de, na minha infância, tê-lo visto tão cheio como agora, quase pegando a ponte. Nossa casa ficava entre 200 a 300 metros de distância do igarapé, onde íamos nos banhar e passear de canoa, quando a água faltava em nossas torneiras (o que era corriqueiro), além de encher as latas dágua e carregá-las sobre nossas cabecinhas. Era a água para cozinhar e beber, que ia para a bilha, substituída mais adiante pelo púcaro ou pote, depois pelo filtro à vela. Hoje, lamentavelmente, se aquela água servir para aguar as plantas, é muito. Nosso igarapé, outrora de águas cristalinas, está totalmente poluído. O tão cantado e decantado PROSAMIM, serviu pra tudo, menos para saneamento dos nossos igarapés, que, ao contrário, foram aprisionados em canos. O fim da picada acontecerá se eles fizerem sob a velha ponte o mesmo crime que cometeram no igarapé de Manaus e sob a outra ponte da Sete de Setembro: lançar aterro, matando o igarapé de São Raimundo para construírem aqueles blocos de apartamentos, que já foram, inclusive, veementemente condenados por quem entende do assunto, vez que não guardam qualquer relação com as peculiaridades de nossa região. Se fizerem isso com o igarapé de São Raimundo, será mais uma relíquia de minha infância que se irá pelo esgoto, como o zoológico da Matriz, os balneários do Parque Dez, da Ponte da Bolívia e do Tarumã pequeno, a praça que ficava na confluência da Constantino Nery com o Boulevard Amazonas, onde costumávamos ir à tardinha, o balneário do Grupo Daou, lá pelas bandas do Japiim (acredito que seja por ali onde está construído o Studio 5, que, a propósito, pertence ao grupo Daou), onde fazíamos piqueniques memoráveis (meu tio Djalma Campos, irmão de meu pai, trabalhou durante muitos anos no grupo, gerenciando, inclusive, a Lisbonense. Alguém aí lembra dela???), o Cine Guarany, a Divina Providência (na Ramos Ferreira com Tapajós, hoje uma das unidades da Uninorte, que loteou e descaracterizou criminosamente o centro de Manaus), o cine Popular (o famoso Cine Puga), na rua Silva Ramos, atualmente mais uma unidade da Casa do Eletricista etc.etc.etc.

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