domingo, 9 de outubro de 2011

CARMÉLIA (RÔ Campos)

Nunca sabemos quando
E está chegando a hora
O dia
Em que ela vai partir
Cumprir o veredito!
Meu amor maior
Minha princesa
Rainha
Quem na vida me concebeu
E me chamou Maria.

Vai para o vôo mais alto
O coração alado
Sem cintos, afivelados
Sinto na velha casa o seu cheiro
Vejo o sorriso nos quadros da memória
Nas paredes da sala, do quarto
Essa mulher fortaleza
Guerreira indomada
Cheia de fúria, em punho
Se ousam violar os seus filhos
Essa mulher, tão vasta
Tão pura, incansável
Um passarinho em seu ninho de amor
Fonte de vida
Água de beber.

Quantos anos se passaram
E a vida parece um segundo,apenas
Mas quando ela se for
Minha saudade será eterna
Companheira da minha dor
Eu, que sou parte dela
Que não vou deixar ninguém na terra
E deixo à terra muitos filhos
Os filhos do meu saber
Do saber que veio dela
Os filhos que pari
Nos corredores das escolas
Nas instituições, no trabalho
Nas ruas cheias e tão vazias.

Está chegando a hora
Em que ficarei sozinha
Na companhia repleta
De tudo deixado por ela
Não terei mais os olhos dela
A me dizerem que sim
Que tudo vale a pena
Na dança da vida
Mesmo quando a maldade grita!
Que sempre serei sua menina
Maria, cheia de graça, teimosa,
Mas livre de aleivosias
Minha mãe, flor querida
Carmélia! Carmélia!
Dentre todas as flores
A mais pura
A mais bela.

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