quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"



(RÔ Campos)

Todos esses anos de encontros, desencontros e reencontros, o que será isso, afinal? Loucos, loucos teremos sido, tão cheios dos outros e tão carentes de nós? O que nos leva para dois extremos opostos, e que força é essa que também nos atrai? Confesso-te que tenho buscado as respostas, mas, de repente, sinto que esqueci as perguntas.

Muito me perdi nos desertos em que me deixaste. Algumas vezes pensei ter visto um oásis. Na verdade era ilusão de ótica. Tudo culpa do cansaço das longas viagens, sozinha, do calor sufocante durante o dia e do frio que caía à noite, num céu onde não se viam estrelas, quando eu então buscava o teu abraço, mas não havia tuas mãos, teus braços, e eu, tão desabrigada, baixava a guarda para o medo, que me congelava. Tudo culpa, ainda, da sede e da fome do amor que inopinadamente me negaste.

Não me pergunte como consegui fazer essa travessia. Hoje, olho para trás, não vejo rastros, nem escuridão, nem desertos, nem oásis. Confesso que não sei. Apenas sobrevivi ao cansaço, ao medo, à sede e à fome do teu amor outrora tão confessado, e que depois me foi friamente negado.

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