domingo, 25 de novembro de 2012

A FINITUDE DA VIDA


(RÔ Campos)

Há alguns dias, dirigindo o meu carro, passei em frente às (três) casas da família Piola, na Av. Ayrão, e vi exibidas, na fachada de duas delas,placas de "Vende-se". Imediatamente remeti-me à minha infância. Meu tio Adinamar Habib Bentes, irmão de minha mãe por parte de pai (Genésio Bentes), o ator de teatro, radialista e palhaço Formiguinha, assim como os irmãos Piola (Antonio, Zequinha e Edson), era também jogador de futebol do Fast Clube, cuja sede ficava no Boulevard Amazonas (o prédio ainda existe até hoje. Em razão disso, meu tio vivia na casa dos Piola, e eu, junto com ele.Adorava estar no meio daquela família, comandada por seu Petrúcio e D. Estrela. Lembro-me bem dele sentado em uma velha cadeira, na calçada da casa, acho que, mesmo àquela época (que a temperatura ainda nem sonhava chegar aos quarenta graus), provavelmente para fugir do calor. Tudo era motivo de festa naquelas casas, coisas, assim, próprias de descendentes de italianos.

Há alguns anos, Zequinha,o caçula, ainda jovem, partiu, depois de muito enfrentar essa megera, a morte, que entra, apesar de não ser convidada, sem nem mesmo bater à porta. Depois, acho que foi D. Estrela que partiu, e, em seguida, seu Petrúcio. Mas, se eu estiver enganada sobre quem se foi primeiro, a verdade é que não importa a ordem de partida.

De repente, um bafo tocou meu rosto (estava com o ar-condicionado desligado e os vidros dianteiros baixados)me trazendo doces recordações dos bons tempos de minha infância junto àquela família linda e os carnavais infantis na sede do Fast Clube.

Ao ver aquelas placas de "Vende-se", naquelas casas, vieram-me à mente pensamentos não sombrios, mas descoloridos, sobre a finitude da vida. Na verdade, na verdade, tudo tem o seu tempo e prazo de validade,e, ainda que indeterminado, um dia expira.

Comparei a vida a uma roda, que, de tanto girar, desgasta-se; um dia, emperra, depois para totalmente.

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