domingo, 29 de setembro de 2019

ADEUS


(RÔ Campos)

Desculpa se não te pude perdoar.
Foram tantas as vezes que atendi aos teus clamores,
Mas mesmo assim tu nunca te deste conta,
Que a cada dia que me ferias ,
Morrias um pouco mais dentro de mim.

E agora, no esvair das horas, não deu mais, chegou o fim.
Botei tudo na balança,
Pesei os pós e os contras,
A verdade emergiu, escancarou,
O cansaço me venceu.

Sei, agora eu sei, tu também sabes,
Sou uma estrela gigante, e, por isso,
Me quiseste sempre à sombra,
Apenas um reflexo no chão.
Não cabemos nós na mesma constelação.

Teu orgulho e vaidade, de tão grandes,
Te trancaram em teu pequeno mundo,
Onde somente tu possas reinar absoluto.

E agora é chegada a hora derradeira:
Arrumei as minhas malas,
Já comprei o meu bilhete de partida.
Vou tomar o primeiro trem da manhã,
Quando a aurora romper a escuridão medonha.

Sim, meu amor, eu vou embora.
Decerto que muita coisa tua levarei comigo na bagagem.
Algumas lançarei pela janela;
Outras, ficarão guardadas na memória.
Um dia, que não vai longe, serás apenas meras lembranças.
Ou - quem sabe? - nada.

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